Política

Zelensky cita Muro de Berlim em apelo aos alemães; Kremlin diz que negociações com ucranianos continuam





Enquanto os ataques da Rússia prosseguem na Ucrânia, nove novas rotas para a retirada de civis devem ser abertas nesta quinta-feira (17), incluindo a cidade de Mariupol, no sudeste, uma das mais devastadas pela guerra. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em discurso hoje ao parlamento da Alemanha, invocou a queda do Muro de Berlim para pedir ao chanceler alemão, Olaf Scholz, que derrube um muro entre a paz e o conflito na Europa.

“É o que eu digo a você, querido chanceler Scholz: destrua este muro”

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia

Zelensky descreveu um novo muro “no meio da Europa entre a liberdade e a falta de liberdade”, que ele disse que a Alemanha ajudou a construir, isolando a Ucrânia com seus laços comerciais com a Rússia e seu apoio anterior ao gasoduto Nord Stream 2.

Segundo informou o Kremlin nesta quinta-feira, as negociações entre russos e ucranianos continuam em busca de um possível acordo de paz, embora sem nenhum avanço. O Kremlin disse também que “muitas pessoas na Rússia estão se mostrando traidores”, e que estavam se demitindo de seus empregos para deixar o país.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, fez os comentários um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dizer que o presidente Vladimir Putin era um criminoso de guerra. O Kremlin afirmou que os americanos não tinham o direito “de dar lições à Rússia após seu envolvimento em tantos conflitos”.

 

- Kremlin diz que negociações com Ucrânia continuam

O Kremlin informou, nesta quinta-feira (17), que a Rússia está colocando energia colossal em negociações sobre possível acordo de paz com a Ucrânia, que poderia rapidamente encerrar a operação militar russa no país.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a alegação do presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, é "criminoso de guerra" é inaceitável, e que os EUA não têm o direito de dar lições à Rússia após seu envolvimento em tantos conflitos.

Zelensky

Lembrando a queda do Muro de Berlim, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, fez um apelo hoje ao chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, para derrubar o que chamou de muro entre a Europa "livre e não livre" e parar a guerra na Ucrânia.

Em mensagem ao Parlamento alemão por videoconferência, Zelensky pediu a Scholz para restaurar a liberdade na Ucrânia, explorando a memória coletiva da Alemanha com referência ao histórico Bloqueio de Berlim entre 1948 e 1949, e à queda do Muro de Berlim em 1989.

O presidente descreveu novo muro "no meio da Europa entre a liberdade e a falta de liberdade". Disse ainda a Alemanha ajudou a construir esse muro, isolando a Ucrânia com seus laços comerciais com a Rússia e seu apoio anterior ao gasoduto Nord Stream 2.

"E este muro está ficando maior com cada bomba que cai sobre a Ucrânia, com cada decisão que não é tomada", acrescentou.

A Alemanha suspendeu, no mês passado, o projeto do gasoduto Nord Stream 2 no Mar Báltico, projetado para duplicar o fluxo de gás russo diretamente para a Alemanha.

Lembrando o apelo do ex-presidente dos EUA Ronald Reagan ao então líder soviético, Mikhail Gorbachev, para derrubar o Muro de Berlim, Zelenskiy disse aos parlamentares alemães: "É o que lhe digo, caro chanceler Scholz, destrua esse muro".

"Dê à Alemanha o papel de liderança que ela conquistou para que seus descendentes tenham orgulho de você. Apoie a liberdade, apoie a Ucrânia, pare esta guerra, ajude-nos a parar esta guerra", afirmou. 

Os parlamentares alemães receberam Zelensky com aplausos e de pé e a vice-presidente da Câmara, Katrin Goering-Eckardt, disse a ele: "Seu país escolheu a democracia, e é isso que (o presidente russo) Vladimir Putin teme".

Katrin afirmou disse que Putin estava tentando negar o direito da Ucrânia de existir, acrescentando que "ele já fracassou". 

 

- China “nunca atacará a Ucrânia”, diz enviado de Pequim em Lviv

Declaração de diplomata chinês foi feita ao chefe da administração militar regional em Lviv; China nega ter conhecimento prévio dos planos da Rússia

A China “nunca atacará a Ucrânia”, disse o principal diplomata chinês dentro do país a autoridades na segunda-feira, de acordo com um comunicado à imprensa do governo regional de Lviv.

“A China nunca atacará a Ucrânia. Ajudaremos, especialmente economicamente. Nesta situação, que você estão agora, agiremos com responsabilidade”, disse o embaixador da China na Ucrânia, Fan Xianrong, a Maksym Kozytsky, chefe da administração militar regional em Lviv, durante um encontro.

“A China é um país amigo do povo ucraniano. Como embaixador, posso dizer com responsabilidade que a China sempre será uma força do bem para a Ucrânia, tanto econômica quanto politicamente.”

Fan disse que a embaixada chinesa havia se mudado de Kiev para Lviv e permaneceria lá por enquanto, segundo Kozytsky.

Na terça-feira, o embaixador da China nos Estados Unidos, Qin Gang, publicou um artigo de opinião no Washington Post reiterando que Pequim queria ver o fim do conflito na Ucrânia e dissipar “rumores” de que “a China sabia, consentiu ou tacitamente apoiou” a guerra.

“O conflito entre a Rússia e a Ucrânia não é bom para a China. Se a China soubesse da crise iminente, teríamos tentado o nosso melhor para evitá-la”, escreveu Qin.

Seus comentários se seguiram a alegações de oficiais de inteligência dos EUA de que a Rússia havia pedido apoio militar à China na Ucrânia – algo que Pequim e Moscou negaram.

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil