Cultura

Papa promulga a Constituição Apostólica Praedicate evangelium sobre a Cúria Romana





O texto contém e sistematiza muitas reformas já implementadas nos últimos anos. Entrará em vigor no dia 5 de junho, Solenidade de Pentecostes. A nova Constituição confere uma estrutura mais missionária à Cúria para que esteja cada vez mais a serviço das Igrejas particulares e da evangelização. Propaganda Fide Unificada e Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, o prefeito será o Papa.

Andrea Tornielli - Sérgio Centofanti

Foi promulgada neste sábado, 19 de março, Solenidade de São José, a nova Constituição Apostólica sobre a Cúria Romana e seu serviço à Igreja e ao mundo Praedicate evangelium: entrará em vigor no dia 5 de junho, Solenidade de Pentecostes.

Fruto de um longo processo de escuta iniciado com as Congregações Gerais que antecederam o Conclave de 2013, a nova Constituição, que substitui a “Pastor Bonus” de João Paulo II - promulgada em 28 de junho de 1988 e em vigor desde 1º de março de 1989 - é constituído de 250 itens.

Na próxima segunda-feira, 21 de março, às 11h30, o texto será apresentado na Sala de Imprensa da Santa Sé pelo cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, por Dom Marco Mellino, secretário do Conselho dos Cardeais, e pelo jesuíta padre Gianfranco Ghirlanda, canonista, professor emérito da Pontifícia Universidade Gregoriana.

O texto, como mencionado, é o resultado de um longo trabalho colegial, que se inspirou nas reuniões pré-conclave de 2013, envolveu o Conselho dos Cardeais, com reuniões de outubro de 2013 a fevereiro passado, e continuou sob a orientação do Papa com várias contribuições de Igrejas de todo o mundo.

Digno de nota que a nova Constituição sanciona um processo de reforma que já foi quase totalmente implementado nos últimos nove anos, por meio das fusões e ajustes realizados, que levaram ao nascimento de novos Dicastérios. O texto sublinha que "a Cúria Romana é composta pela Secretaria de Estado, pelos Dicastérios e pelos Organismos, todos juridicamente iguais entre si".

Entre as inovações mais significativas a esse respeito contidas no documento está a unificação do Dicastério para a Evangelização da precedente Congregação para a Evangelização dos Povos e do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização: os dois chefes de dicastério se tornam pró prefeitos, porque a prefeitura deste novo Dicastério é reservada ao Papa. De fato, a Constituição diz: “O Dicastério para a Evangelização é presidido diretamente pelo Romano Pontífice”.

Depois, também é instituído o Dicastério para o Serviço da Caridade, representado pela Esmolaria, que assume assim um papel mais significativo na Cúria: “O Dicastério para o Serviço da Caridade, também chamado Esmolaria Apostólica, é uma expressão especial da misericórdia e, partindo da opção pelos pobres, os vulneráveis ​​e os excluídos, exerce em qualquer parte do mundo a obra de assistência e ajuda a eles em nome do Romano Pontífice, o qual, nos casos de particular indigência ou de outra necessidade, disponibiliza pessoalmente as ajudas a serem alocadas".

A Constituição Apostólica apresenta antes de tudo, nesta ordem, os Dicastérios da Evangelização, da Doutrina da Fé e do Serviço da Caridade.

Outra unificação diz respeito à Comissão para a Proteção de Menores, que passa a fazer parte do Dicastério para a Doutrina da Fé, continuando a funcionar com suas próprias regras e tendo seu próprio presidente e secretário.

Uma parte fundamental do documento é aquela que diz respeito aos princípios gerais. No preâmbulo é recordado que todo cristão é um discípulo missionário. Fundamental, entre os princípios gerais, é a especificação de que todos - e portanto também leigos e fiéis leigos - podem ser nomeados em funções de governo da Cúria Romana, em virtude do poder vicária do Sucessor de Pedro: "Todo cristão, em virtude do Batismo, é um discípulo-missionário na medida em que encontrou o amor de Deus em Cristo Jesus. Não se pode ignorar isso na atualização da Cúria, cuja reforma, portanto, deve incluir o envolvimento de leigas e leigos, também em papéis de governança e responsabilidade".

Sublinha-se, ademais, que a Cúria é um instrumento ao serviço do Bispo de Roma também em benefício da Igreja universal e, portanto, dos episcopados e das Igrejas locais. "A Cúria Romana não se coloca entre o Papa e os Bispos, mas coloca-se ao serviço de ambos, segundo as modalidades que são próprias da natureza de cada um".

Outro ponto significativo diz respeito à espiritualidade: também os membros da Cúria Romana são "discípulos missionários". Destacada, em particular, a sinodalidade, como modalidade de trabalho habitual para a Cúria Romana, um caminho já em curso, a ser cada vez mais desenvolvido.

Entre outros aspectos contidos no documento está a definição da Secretaria de Estado como "secretaria papal", a transferência do Escritório do Pessoal da Cúria para a Secretaria para a Economia (Spe), a indicação de que a Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (Apsa) deve atuar por meio da atividade instrumental do Instituto para as Obras de Religião.

Além disso, estabelece-se que para os clérigos e religiosos em serviço na Cúria Romana o mandato é de cinco anos e pode ser renovado por mais cinco anos, e que ao final regressem às dioceses e comunidades de referência: "Em regra, passados ​​cinco anos, os Oficiais clérigos e membros dos Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica que tenham servido nas Instituições e Ofícios da Cúria voltam à pastoral na sua Diocese/Eparquia, ou nos Institutos ou Sociedades a que pertencem. Se os Superiores da Cúria Romana o julgarem oportuno, o serviço pode ser prorrogado por mais cinco anos”.

 

- Francisco visita crianças ucranianas internadas no Hospital Bambino Gesù

Diretor da Sala de Imprensa vaticana comunicou aos jornalistas que o Papa se encontrou com as crianças provenientes da Ucrânia.

Silvonei José – Vatican News

"Nesta tarde, (sábado) pouco depois das 16h, o Papa Francisco foi ao Hospital Infantil Bambino Gesù para visitar a enfermaria onde se encontram as crianças hospitalizadas que chegaram da Ucrânia nos últimos dias”. Foi o que comunicou aos jornalistas o diretor da Sala de Imprensa vaticana, Matteo Bruni.

Neste momento – destaca o comunicado - há 19 crianças ucranianas nas enfermarias do hospital e na sede de Palidoro, enquanto as crianças que chegaram desde o início da guerra são cerca de 50. São pacientes com patologias diferentes (oncológicas, neurológicas e de outro genero) que fugiram nos primeiros dias da guerra e, mais recentemente, meninas com feridas graves causada por explosões.

“O Papa passou pelos quartos e visitou todas as crianças presentes, e depois regressou ao Vaticano".

Na mensagem enviada na sexta-feira à presidente do hospital pediátrico de Roma, Mariella Enoc, o Santo Padre havia expresso proximidade e agradecimento por tudo o que está sendo feito pelas crianças que chegam do país devastado pela guerra. Há 50 crianças acolhidas da Ucrânia, 18 das quais estão internadas.

Também neste sábado na Sala Paulo VI, o Papa afirmou que o encontro com membros do Pequeno Coral do Antoniano era dedicado "às crianças e jovens da Ucrânia", e recordou que algumas crianças feridas na guerra estavam internadas no Hospital Infantil Bambino Gesù. 

 

- Nos 9 anos de Pontificado, as felicitações de Mattarella ao Papa

No dia 19 de março de 2013, a Missa solene que marcou o início do Pontificado do Papa Francisco. Para recordar a data, o presidente da República Italiana, Sérgio Mattarella, enviou ao Santo Padre uma mensagem de felicitações e gratidão. Na dramática circunstância em que vivemos, lê-se, "a preocupação constante de Vossa Santidade de nunca perder o caminho da fraternidade constitui uma âncora preciosa e um ponto de referência sólido para fazer prevalecer a paz”.

Adriana Masotti - Cidade do Vaticano

Há nove anos, em 19 de março de 2013, Solenidade de São José, "uma coincidência muito significativa", o Papa Francisco celebrava a Missa de início do Pontificado na Praça de São Pedro, na presença de 31 chefes de Estado, 11 chefes de governo, 6 soberanos, 130 delegações de todo o mundo e milhares de fiéis. Francisco recebeu o pálio e o anel do pescador, uma das insígnias que o Sucessor de Pedro recebe durante a Missa solene no início de sua missão petrina.

A vocação à custódia 

Na homilia, inteiramente centrada no conceito de custódia, o Papa falou de São José como o guardião de Jesus e de Maria, explicando como tinha desempenhado a tarefa que lhe foi confiada: “José é «guardião» - afirmou -, porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas”.

A vocação de guardar, prosseguiu Francisco, diz respeito a todos: “é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus!

O verdadeiro poder é o serviço

E o Papa Francisco não deixou de observar que "em todas as épocas da história, infelizmente, há 'Herodes' que traçam planos de morte, destroem e desfiguram os rostos de homens e mulheres", lembrando assim seu dever de custódia daqueles que detêm posições de responsabilidade.

Referindo-se então ao início do seu Pontificado e ao poder que Jesus entrega a Pedro, recordou que "o verdadeiro poder é o serviço".

Impressiona a atualidade das palavras com que Francisco concluiu sua homilia, citando as palavras de São Paulo a respeito de Abraão: "Acreditou, com uma esperança, para além do que se podia esperar" e comentando que "também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança.”

Mattarella: Magistério, ponto de referência e luz de esperança

 

Por ocasião do nono aniversário do início do Pontificado, o presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, escreveu neste sábado ao Papa Francisco uma mensagem na qual se dirige a todo o povo italiano, expressando seus votos e gratidão "pela esperança que o seu Alto Magistério continua a representar, mesmo nas dolorosas circunstâncias que vivemos”.

Após a emergência sanitária, o mundo vive novamente, escreve Mattarella, "uma condição de incerteza e angústia após a agressão russa contra a Ucrânia", que "abala a ordem internacional em seus alicerces ao violar as regras mais elementares da parceria doméstica pacífica".

Neste contexto, continua, "as vossas fervorosas invocações contra a guerra assumem a forma de um apelo - dirigido sobretudo àqueles que têm nas mãos os destinos de tantas vidas humanas - para que sejam redescobertas as razões do diálogo e se coloque um fim a uma situação gravíssima e inaceitável que põe em risco a segurança e a estabilidade globais. Na consciência de que cada guerra deixa o mundo pior do que o encontrou – continua o texto – a constante solicitude de Vossa Santidade para nunca perder o caminho da fraternidade constitui uma âncora preciosa e um ponto de referência sólido para fazer prevalecer as razões da paz”.

Em sua mensagem, o presidente da República Italiana renova, portanto, seus melhores votos ao Papa Francisco "para a continuação de sua missão à frente da Igreja universal".

 

- Papa: a paz é uma sinfonia de povos que harmoniza as diferenças

Ao receber as crianças do Pequeno Coral do Antoniano, Francisco enfatizou que uma sinfonia é composta de diferentes vozes. Se fossem todos iguais, disse o Pontífice, "não haveria harmonia, mas apenas um único som chato".

Amedeo Lomonaco - Cidade do Vaticano

O encontro do Papa Francisco com as crianças do Pequeno Coral do Antoniano é pontuado por canções que alimentam a esperança mesmo em momentos dramáticos, como o atual abalado pela guerra. Um encontro dedicado, como sublinha o Pontífice, "às crianças e jovens da Ucrânia".

O Santo Padre recorda que algumas crianças feridas na guerra estão internadas no Hospital Infantil Bambino Gesù. O abraço de Francisco com os pequenos cantores provenientes de toda a Itália, enche de alegria e ternura a Sala Paulo VI na festa de São José. 

“Estou feliz - afirma o Papa - por festejá-la com vocês”. Francisco enfatiza que o esposo da Virgem Maria é "o homem que ligou Jesus ao seu povo". “Jesus não surgiu do nada; ele não veio do céu como um extraterrestre”. "Jesus - recorda o Pontífice - nasceu de uma mulher do povo de Deus e teve um pai, José, que o educou segundo a lei do Senhor".

Estou feliz que este nosso encontro tenha acontecido precisamente na festa de São José, porque ele nos ensina que nenhum de nós é uma ilha, ninguém, mas fazemos parte de um povo, o povo de Deus. E, graças a Jesus, ao seu imenso amor que nos deu na Cruz, este povo acolhe homens e mulheres de todas as línguas, de todas as nações, de todas as culturas. Como um grande, um grandioso coro! Vocês fazem essa bela experiência de cantar juntos, de criar harmonia com a variedade de suas vozes. Pensem: se as vozes de vocês fossem todas iguais, todas idênticas, mas que coral seria? Seria muito chato, até mesmo feio. Que canto sairia disso? Nada. Não haveria nenhuma harmonia, mas apenas um único som chato... Ao contrário, somos todos diferentes e dessa diversidade podemos formar uma sinfonia de vozes. Para formar uma sinfonia de povos. Isso é importante: que todos os povos cantem juntos, que haja paz. E esta é a paz. Ouçam com atenção: a paz não nivela as diferenças, não, a paz é a harmonia das diferenças. Vamos repetir juntos esta última parte: a paz é a harmonia das diferenças....

O canto une várias gerações

 

Dirigindo-se às crianças do pequeno Coral Antoniano, nascido em 1963, o Papa Francisco expressa o seu agradecimento, também extensivo a "todos os que cantaram" neste coro infantil, um dos mais famosos do mundo.

Agradeço a vocês, porque vocês unem as gerações. Entendem o que quero dizer? Significa que as canções de vocês agradam jovens e idosos, especialmente aos avós. Mamãe e papai as cantam juntos, os avós e os netos. Sim, é assim! Algumas canções do "Zecchino d'Oro" unem as gerações. E isso é muito bonito e importante! Há necessidade de vincular as diferentes gerações; em particular, para favorecer o diálogo entre os idosos e os jovens, entre avós e netos. Isso é importante: conversar com os avós, ouvir os avós. Esse diálogo dos netos com os avós, dos jovens com os idosos é tão lindo. E vocês fazem isso, com seu canto.

Brotos que precisam de raízes

 

Vocês visitam os avós de vocês? Quando vocês visitam seus avós, vocês sabem ouvi-los? Ou somente vocês falam? "Ou quem sabe, pior ainda, ficam assistindo televisão ou com o telefone celular?"

Depois de fazer essas perguntas, o Papa dá um conselho especial aos filhos do Pequeno Coral do Antoniano:

Dou-lhes um conselho: peçam ao seu avô ou à avó que lhe conte algo sobre a vida deles, daqueles tempos. Façam-lhes perguntas, ouçam-nos. Vocês irão descobrir tesouros! Sim, tesouros escondidos em sua memória, em seu coração. São recordações, mas não só, são também pensamentos de sabedoria, às vezes de fé, que eles amadureceram no caminho da vida; e eles são preciosos, especialmente para vocês que estão crescendo.

Fonte: Vatican News