Política

Otan deve enviar mais tropas ao Leste Europeu, diz secretário-geral da aliança





Na véspera da cúpula entre países-membros, Stoltenberg também pediu que líderes pressionassem a China sobre seu apoio à Rússia

Um dia antes da cúpula de membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para discutir a guerra na Ucrânia, o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, afirmou que novas tropas devem ser enviadas ao Leste Europeu de modo a aumentar as forças militares nos territórios aliados da região.

“O primeiro passo é o lançamento de novos batalhões da Otan na Bulgária, Hungria, Romênia e Eslováquia”, disse.

“Com nossas forças existentes nos Países Bálticos e Polônia, isso significa que teremos oito batalhões da Otan no flanco leste, dos Países Bálticos ao Mar Negro”, afirmou Stoltenberg em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (23).

Segundo Stoltenberg, já são 140 mil militares da Otan mobilizados em decorrência da tensão na região, sendo 100 mil dos Estados Unidos e 40 mil das forças do comando da Otan. “Tudo com apoio por mar e ar, além de forças no Mediterrâneo e na área norte”, ressaltou.

Além disso, o secretário-geral da Otan afirmou que apoios adicionais à Ucrânia, como assistência em segurança cibernética e equipamentos contra armas “nucleares, biológicas e químicas” também poderão ser pautados durante o encontro.

O apoio militar também poderá se estendido para “parceiros em risco sob pressão russa”, disse Stoltenberg, citando a Georgia — que foi invadida pela Rússia em 2008 — e a Bósnia e Herzegovina.

Stoltenberg criticou Putin novamente, conclamando-o para colocar um fim na guerra, mas ressaltou ser necessário “garantir que [a guerra] não vá além da Ucrânia e se transforme em um conflito entre a Otan e a Rússia”.

China apoia Rússia “ao espalhar informações falsas”

O alcance militar da Otan, porém, não foi o único ponto a ser ressaltado na coletiva pré-cúpula.

Stoltenberg disse esperar que os membros da aliança pressionem a China sobre sua posição frente à Rússia, incluindo no espaço do Conselho de Segurança da ONU — onde o país se mantém neutro.

“A China questionou com Moscou o caminho independente de países. A China tem oferecido apoio politico ao espalhar informações falsas, e nossos aliados estão preocupados de que a China possa dar apoio material à invasão russa”, disse o secretário.

“Espero que os líderes chamem a China à sua responsabilidade, incluindo no Conselho de Segurança, para não apoiar a Rússia e se juntar ao restante do mundo para um fim pacífico à guerra”, concluiu.

 

- Embaixadora russa diz que Putin deve participar de cúpula do G20

O presidente russo, Vladimir Putin, pode participar da cúpula do G20 em outubro e novembro na Indonésia. A informação foi passada pela embaixadora da Rússia em Jacarta, Lyudmila Vorobieva, durante entrevista a jornalistas nesta 4ª feira (23.mar.2022).

A embaixadora disse que Putin “quer ir” a cúpula, mas ainda há fatores de condicionam a presença do presidente, como a situação da covid-19. “O G20 não é apenas uma cúpula. O G20 é um processo. Há muitas reuniões que foram realizadas pela Indonésia on-line e off-line, e a Rússia está participando ativamente dessas reuniões”, completou.

Segundo a Reuters, há uma movimentação entre os países do Ocidente para avaliar se a Rússia deve ou não permanecer no grupo das principais economias mundiais depois da invasão a Ucrânia. A China, entretanto, se opõe. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, a Rússia é “um membro importante” do grupo.

O porta-voz disse ainda que nenhum membro tem o direito de “expulsar outro país” do grupo e reforçou que o G20 deve “fortalecer a solidariedade e cooperação”.

Vorobieva comentou a movimentação do ocidente ela avaliou que a reação é “absolutamente desproporcional”.

 

- Guerra pode levar petróleo a valores nunca vistos na história, diz pesquisador

À CNN Rádio, Rodrigo Leão disse ser difícil fazer estimativa, mas considerou possível que o barril do petróleo ultrapasse a marca de 200 dólares 

Embora considere “muito difícil fazer estimativa”, o pesquisador do Instituto de Estudo Estratégicos em Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Rodrigo Leão, avalia que o preço do petróleo pode “chegar a valores nunca antes vistos na história.”

Em entrevista à CNN Rádio, ele explicou que enquanto a guerra na Ucrâniaestiver em curso, haverá volatilidade de preço: “Se tiver avanço nas sanções de energia ou se a Rússia resolver bloquear a exportação, o preço pode ultrapassar 200 dólares, teremos preço alto.”

“Se as tensões avançarem, podemos tranquilamente ultrapassar essa barreira, hoje não se sabe como a guerra vai se desenrolar”, completou.

No caso do Brasil, o pesquisador acredita que as medidas discutidas, como taxação do ICMS e o fundo de estabilização, “são inócuas”. Em cenários de guerra, em que preços oscilam muito, exige-se outra postura para evitar repasses ao consumidor – e as medidas, para ele, não parecem ser suficientes.

Como exemplo, Rodrigo Leão citou decisões políticas.

“Tem países segurando preços, grandes produtores de derivados têm uma capacidade de eventualmente segurar ‘na marra’ enquanto a guerra durar, é custoso, mas são decisões políticas.”

No que diz respeito ao gás natural, o especialista destaca a ampla dependência da Europa da exportação russa. Cerca de 40% do gás europeu advém da Rússia e não há produção global capaz de substituí-lo prontamente.

“Mesmo os EUA não têm capacidade ociosa suficiente para suplantar o gás russo e não há outros países que abasteçam a Europa via gasoduto. Seria necessário construir, além de não haver outras energias capazes de suprir o gás.”

Fonte: CNN Brasil - Poder360