O dólar caiu 1,74%, encerrando a R$ 4,746, nesta sexta-feira (25), renovando mínimas de mais de dois anos. A cotação é a menor desde 11 de março de 2020, quando a moeda bateu R$ 4,72. Na semana, a moeda desvalorizou 5,38%. Esta é a oitava queda consecutiva da moeda norte-americana.
Hoje, a queda foi acentuada após falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele reforçou a afirmação da véspera de que prevê o fim do ciclo de alta da Selic em maio, em 12,75%.
Ao mesmo tempo, o real tem sido beneficiado por um fluxo de investimentos estrangeiros apoiado nos juros altos do Brasil – um dos maiores do mundo -, ativos considerados descontados na bolsa de valores e pela busca por mercados ligados a commodities, cujos preços dispararam.
Já o Ibovespa teve leve alta de 0,02%, aos 199.081,13 pontos, alternando entre leves variações positivas e negativas. Essa foi a maior pontuação desde 1º de setembro de 2021, quando bateu 119.396 pontos.
O índice foi puxado para baixo em meio a perdas nos Estados Unidos após um dos diretores do Federal Reserve afirmar que apoiaria uma alta de 0,5 ponto percentual nos juros em maio, intensificando apostas em um banco central mais agressivo, o que é negativo para a renda variável global.
Na quinta-feira (24), o dólar recuou 0,28%, a R$ 4,831, o menor valor de fechamento desde 13 de março de 2020. Já o Ibovespa subiu 1,36%, aos 119.052,91 pontos.
Os investidores também repercutiram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação. O indicador de março teve alta de 0,95%, acima do esperado, o que também reforça as apostas em elevações mais fortes da taxa básica de juros, a taxa Selic, e beneficia o real.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, o IPCA-15 de março “continua mostrando um alto nível de difusão. A quantidade de subitens (ou seja, no nível do produto) chegou a 75,48%, o maior valor desde fevereiro de 2020 pelo menos”.
“Os números sugerem que o cenário de Selic em 13,25% se mantém, com uma alta de 100 pontos seguido por mais outra de 50 pontos”, afirma.
Vale destacar que quanto maior a taxa Selic, mais atrativo ficam os investimentos em renda fixa, se comparado com a renda variável.
A disparada nas commodities favorece o mercado brasileiro, e seus efeitos tem ajudado a superar a aversão a riscos com a guerra na Ucrânia, o que beneficia o real até o momento.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia no dia 24 de fevereiro, os mercados de petróleo, por exemplo, mostram a maior volatilidade em dois anos, com os preços da commodity chegando a bater níveis vistos pela última vez em 2008.
O petróleo brent fechou esta sexta-feira a US$ 120,65, com alta de 1,36%, enquanto o WTI encerrou o dia a US$ 113,90, com valorização de 1,39%.
Se comparado com anos anteriores, o petróleo segue em valores elevados, devido ao descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep+, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia. O quadro foi intensificado com as tensões na Europa.
Com a guerra na Ucrânia completando um mês, as forças ucranianas têm tentado recuperar território dos russos nos últimos dias, de acordo com um alto funcionário da defesa dos Estados Unidos — que os descreveu como “capazes e dispostos” a fazê-lo.
As forças armadas russas disseram, em uma coletiva nesta sexta-feira (25), que 1.351 militares haviam sido mortos na Ucrânia e 3.825 haviam sido feridos – a primeira grande atualização de baixas desde 2 de março.
As negociações entre Rússia e Ucrânia avançaram pouco nos últimos dias, enquanto as forças russas seguem tentando tomar cidades como a capital, Kiev, e Mariupol.
Do ponto de vista econômico, as sanções de maior impacto econômico para a Rússia estão ligadas à expulsão de bancos russos do Swift, um meio global de processamento de pagamentos.
Nesta sexta-feira, os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram um esforço para reduzir a dependência europeia do gás natural e petróleo russos.
O painel, presidido por representantes da Casa Branca e da Comissão Europeia, terá como objetivo encontrar alternativas de fornecimento de gás natural liquefeito e reduzir a demanda geral por este combustível.
Veja os principais destaques do pregão desta sexta-feira:
Maiores altas
Maiores baixas
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- Banco Central muda regras para pagar dinheiro esquecido e divulga novo calendário
O Banco Central vai mudar a forma de pagamento do dinheiro esquecido nos bancos, que está sendo liberado por meio do Sistema Valores a Receber. A partir de segunda-feira (28), quem ainda não fez a retirada terá novos prazos e novo calendário para sacar.
O pagamento irá de 28 de março a 16 de abril. A liberação continuará a ser feita conforme a data de aniversário do cidadão ou da data de abertura da empresa, mas, a partir de agora, haverá um dia inteiro para ter acesso ao dinheiro. Antes, era apenas um horário específico em dia agendado pelo Banco Central.
Ano de nascimento | Dia em que irá receber |
Até 1947 | 28 de março |
1948 a 1954 | 29 de março |
1955 a 1959 | 30 de março |
1960 a 1963 | 31 de março |
1964 a 1967 | 1º de abril |
1968 a 1971 | 4 de abril |
1972 a 1975 | 5 de abril |
1976 a 1979 | 6 de abril |
1980 a 1981 | 7 de abril |
1982 a 1983 | 8 de abril |
1984 a 1985 | 11 de abril |
1986 a 1988 | 12 de abril |
1989 a 1992 | 13 de abril |
1993 a 1997 | 14 de abril |
1988 em diante | 15 de abril |
Nos sábados do mês de abril, 2, 9 e 16, o cidadão poderá fazer a repescagem, caso não tenha retirado os valores na data previsto para o seu ano ou ano de abertura de sua empresa.
Segundo o Banco Central, após a conclusão desse novo ciclo de agendamentos, a partir do dia 17 de abril, haverá nova reformulação do sistema. O período de mudanças vai durar até o início de maio. A partir do dia 2, haverá a abertura de novas consultas.
Dentre as mudanças que passarão a valer em maio estão o fim do agendamento de transferência do dinheiro. "O cidadão poderá pedir o resgate dos recursos no momento da primeira consulta", diz a autoridade monetária.
Nesta nova fase, é possível que quem já resgatou dinheiro anteriormente possa ter acesso a valores esquecidos em bancos por outros motivos. "Mesmo quem já resgatou seus recursos e quem não tinha valores a receber na primeira etapa deve consultar novamente o sistema, pois os dados serão atualizados e pode haver recurso novo", informa o banco.
Segundo balanço do Banco Central, até a última quinta-feira (24), 2,9 milhões de pessoas físicas e jurídicas solicitaram o resgate dos valores a receber, totalizando R$ 245, 8 milhões.
Entre as pessoas físicas que pediram a devolução, 2,5 milhões solicitaram transferência por meio do Pix, totalizando R$ 205 milhões, enquanto 328.947 preferiram receber o dinheiro de outra forma e fizeram contato instituições financeiras, somando R$ 34, 3 milhões.
Entre as pessoas jurídicas, 5.113 solicitaram a devolução dos valores por meio de Pix. Eles resgataram R$ 5 milhões. Houve 1.059 representantes de empresas que preferiram outra forma de pagamento e fizeram contato com as instituições bancárias para receber R$ 1,3 milhões.
Fonte: CNN Brasil com informações da Reuters - Folha