Política

Impacto da guerra na Ucrânia em países da ex-URSS é incerto





A guerra na Ucrânia fez com que o Ocidente se unisse para condenar a Rússia. As consequências para os países da região, no entanto, ainda não estão claras –à exceção de Belarus, que, assim como os russos, já é alvo de sanções. 

Ainda no início dos conflitos, os belarussos se colocaram ao lado do Kremlin. Com o aval do presidente Aleksander Lukashenko, parte das tropas russas invadiram o território ucraniano a partir de Belarus. Outros países da região, como o Cazaquistão, são mais reticentes em apoiarem tão abertamente as ações do presidente russo Vladimir Putin. 

No geral, os países da Comunidade dos Estados Independentes têm uma posição de relação bastante forte com a Rússia –seja do ponto de vista econômico ou do ponto de vista político”, disse Ronaldo Carmona, senior fellow do Núcleo de Defesa e Segurança Internacional do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e professor de geopolítica da ESG (Escola Superior de Guerra). 

Depois do fim da União Soviética, os Estados da região se reorganizaram. Hoje, os países estão reunidos em duas instituições principais: CEI (Comunidade dos Estados Independentes) e UEE (União Econômica Eurasiana). 

A CEI é uma organização fundada em 8 de dezembro de 1991. São integrantes: Armênia, Azerbaijão, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão. A organização incentiva a cooperação das nações integrantes em assuntos econômicos, políticos e militares. A UEE foi criada em 2014. Reúne Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão e Rússia. Ainda tem como observadores Cuba, Moldávia e Uzbequistão. 

Esses países, afirma Carmona, “têm uma posição mais vinculada à Rússia”. Segundo ele, os Estados da região que se posicionam ao lado do Ocidente, além da Ucrânia, são Estônia, Letônia e Lituânia –“países, esses sim, membros da Otan e da própria comunidade europeia”. 

O pesquisador lembrou que “a Rússia tem, como todo grande país, uma área de influência bastante alargada, do tamanho de seu território”. O Kremlin mantém interesse, segundo ele, em “cultivar o que considera um espaço vital, o seu entorno geográfico”. 

Carmona diz que o comportamento da Rússia em querer manter sua área de influência se assemelha ao de outras potências: os Estados Unidos em relação às Américas, o Brasil com a América do Sul ou a China em relação ao seu conjunto de vizinhos do sudeste asiático. 

É importante observar que essa área de influência russa vem sendo objeto de disputa geopolítica por parte do Ocidente desde o final da Guerra Fria”, declarou Carmona. 

O próprio pensamento estratégico ocidental do final da Guerra Fria colocou como objetivo fundamental, e há documentos oficiais sobre isso, impedir o ressurgimento da Rússia como uma grande potência.

IMPACTO ECONÔMICO

Assim como a Rússia, Belarus sofreu sanções do Ocidente. Os EUA, por exemplo, bloquearam os bens de Lukashenko. Os norte-americanos estão proibidos de realizar transações com o presidente belarusso e a sua mulher. Além disso, foram instauradas medidas para prejudicar a importação de bens tecnológicos para o país, a fim de evitar o desvio de itens, tecnologias e software para a Rússia. 

Carmona disse não acreditar que outros países sejam alvos de sanções. “Se a estratégia do Ocidente é atrair esses países da esfera de influência russa, dificilmente [o Ocidente] quer uma posição de confronto [com as nações da região]”, falou. 

Segundo o pesquisador, os países no entorno da Rússia podem ser usados como “plataforma” para empresas –em especial as multinacionais– que saíram da Rússia desde o início dos conflitos. 

A Rússia é um grande mercado, tem um mercado interno importante. Eu imagino que essas empresas ocidentais manterão interesse em continuar com a atividade comercial relacionada à Rússia”, falou Carmona. “É possível, por exemplo, que elas se utilizem desses países da esfera de influência russa como uma plataforma”, continuou. 

Será que isso pode ser uma forma de driblar sanções? Talvez. Porque, no geral, as empresas, sobretudo as grandes multinacionais, são muito pragmáticas. Não descartaria essa possibilidade”. 

 

 

Ucrânia lança contra-ataques e retoma vilarejos no país

Forças ucranianas recuperaram alguns vilarejos a leste de Kharkiv e a noroeste de Mariupol, ao mesmo tempo que mísseis russos atingiram a cidade de Lviv no sábado (26), nos desdobramentos mais recentes da Guerra da Ucrânia.

O administrador regional de Kharkiv, Oleg Synegubov, disse que várias aldeias ao redor de Malaya Rogan foram retomadas pelas forças ucranianas. As aldeias ficam a cerca de 20 quilômetros do centro de Kharkiv, no oeste da Ucrânia, que foi quase cercada por forças russas desde as primeiras semanas da invasão.

Um vídeo verificado pela CNN Internacional mostra tropas ucranianas no controle de Vilkhivka, próximo a Kharkiv, um dos vilarejos a cerca de 32 quilômetros da fronteira russa.

O sucesso das forças ucranianas em torno de Kharkiv foi espelhado mais ao norte, perto da cidade de Sumy, onde as tropas ucranianas libertaram vários vilarejos, de acordo com vídeos geolocalizados e verificados pela CNN Internacional.

Um contra-ataque separado no sul do país também levou à libertação de duas aldeias das forças russas cerca de 103 km a noroeste de Mariupol, segundo a administração militar regional de Zaporizhzhia.

Ao mesmo tempo, militares russos confirmaram neste domingo (27) que foram feitos ataques a depósitos de combustível em Lviv e nos arredores de Kiev no sábado – o argumento russo é que o alvo seria suprimentos de combustível para tropas ucranianas.

Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas depois que pelo menos dois mísseis atingiram Lviv, cidade no oeste da Ucrânia que, até recentemente, estava sendo poupada do pior ataque brutal da Rússia.

Fonte: Poder360 - CNN Brasil