Economia

Dólar rompe sequência de quedas e fecha em alta de 0,52%, a R$ 4,77; Ibovespa cai





Moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 4,771, enquanto o principal índice da B3 caiu 0,29%, aos 118.737,78 pontos

dólar teve alta de 0,52% e encerrou esta segunda-feira (28) cotado a R$ 4,771, após falas de dirigentes do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) reforçarem as apostas em uma alta de 0,5 ponto percentual nos juros do país em maio. O movimento representaria um ciclo mais duro de elevação de juros, favorecendo a moeda norte-americana.

As perspectivas sobre os juros brasileiro e norte-americano enfraquecem um ciclo de valorização do real apoiado nos juros altos do Brasil, ativos descontados na bolsa de valores e pela busca de investidores por países produtores de commodities, cujos preços sobem em meio à guerra na Ucrânia.

Hoje, a moeda norte-americana se recuperou após registrar a oitava sessão seguida de desvalorização na sexta-feira. Na semana anterior, o dólar desvalorizou 5,38%, e encerrou cotado em R$ 4,746, menor valor desde 11 de março de 2020.

Já o Ibovespa terminou em queda de 0,29%, aos 118.737,78 pontos, puxado para baixo pelo recuo de ações de petroleiras, incluindo a Petrobras, em meio à queda do petróleo conforme o mercado espera uma demanda menor pela commodity. A piora nas projeções de inflação no país, o que exigiria juros maiores, também prejudica o mercado de ações.

Na última semana, o principal índice da B3 fechou aos 119.081 pontos, com alta semanal de 3,27%.

Veja os principais destaques desta segunda-feira

Maiores altas

  • Marfrig (MRFG3) +4,02%;
  • Minerva (BEEF3) +3,66%;
  • Ambev (ABEV3) +2,93%;
  • Assaí (ASAI3) +2,53%;
  • BRF (BRFS3) +2,29%

Maiores baixas

  • Locaweb (LWSA3) -4,57%;
  • Copel (CPLE6) -3,31%;
  • Banco Pan (BPAN4) -3,30%;
  • Eztec (EZTC3) -2,85%;
  • Petrobras (PETR3) -2,63%

Petróleo

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia no dia 24 de fevereiro, os mercados de petróleo mostram a maior volatilidade em dois anos, com os preços da commodity chegando a bater níveis vistos pela última vez em 2008.

A commodity recuou ao longo do dia com o mercado esperando uma demanda menor devido a novos lockdowns na China e a perspectiva de um ciclo de alta de juros maior nos Estados Unidos, o que desaceleraria a economia do país.

Nesta segunda-feira, o petróleo brent fechou a US$ 112,48, com queda de 6,77%, enquanto o WTI terminou o dia a US$ 105,96, com desvalorização de 6,97%.

Se comparado com anos anteriores, o petróleo segue em valores elevados, devido ao descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep+, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia. O quadro foi intensificado com as tensões na Europa.

Projeções de inflação

A projeção do mercado financeiro para a inflação em 2022 avançou de 6,59% para 6,86%. Essa é a 11 alta semanal consecutiva na mediana das previsões para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). A expectativa para 2023 também subiu, de 3,75% para 3,80%.

Se confirmado o valor previsto para o IPCA, este será o segundo ano de rompimento do teto da meta de inflação, que em 2022 não deveria ultrapassar os 5%. O centro da meta é de 3,5%, no entanto, a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo permite que o índice varie entre 2% e 5%. A previsão para 2023 também já está acima do centro da meta de 3,25%, porém dentro do limite superior de 4,75%.

Os números são do Boletim Focus do Banco Central (BC). Nesta segunda-feira (28), o documento, que reúne a estimativa de mais de 100 instituições do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos

Vale destacar que a piora nas projeções ocorre apesar do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmar que a taxa básica de juros, a taxa Selic, terminará o ciclo de alta em 12,75% e que a inflação passará a cair em abril. O mercado espera uma Selic acima de 13%.

Relembre a guerra

Acompanhe a cobertura ao vivo da CNN sobre o conflito.

Com a guerra na Ucrânia completando um mês, as forças ucranianas têm tentado recuperar território dos russos nos últimos dias, de acordo com um alto funcionário da defesa dos Estados Unidos — que os descreveu como “capazes e dispostos” a fazê-lo.

As negociações entre Rússia e Ucrânia avançaram pouco nos últimos dias, enquanto as forças russas seguem tentando tomar cidades como a capital, Kiev, e Mariupol. Os países devem se encontrar novamente na terça-feira (29), e o presidente ucraniano sinalizou que o país aceitaria um status de neutralidade, uma exigência russa.

Até agora, Ucrânia e Rússia se sentaram à mesa para algumas rodadas de negociações. Houve a tentativa de abertura de corredores para retirada da população e chegada de ajuda humanitária.

Do ponto de vista econômico, as sanções de maior impacto econômico para a Rússia estão ligadas à expulsão de bancos russos do Swift, um meio global de processamento de pagamentos.

 

Confira outras notícias 

- Arrecadação federal cresce 5,27% e bate recorde em fevereiro

Impulsionada pela recuperação da economia e pelo encarecimento do petróleo internacional, a arrecadação federal bateu recorde para meses de fevereiro. Segundo dados divulgados hoje (28) pela Receita Federal, o governo arrecadou R$ 148,66 bilhões no mês passado, com aumento de 5,27% acima da inflação em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O valor é o maior da história para meses de fevereiro desde o início da série histórica da Receita Federal, em 1995, em valores corrigidos pela inflação. Em janeiro e fevereiro, a arrecadação federal soma R$ 383,99 bilhões, com alta de 12,92% acima da inflação pelo IPCA, também recorde para o período.

A arrecadação superou as previsões das instituições financeiras. No relatório Prisma Fiscal, pesquisa divulgada pelo Ministério da Economia, os analistas de mercado estimavam que o valor arrecadado ficaria em R$ 145 bilhões em fevereiro, pelo critério da mediana (valor central em torno dos quais um dado oscila).
A retomada da economia está impulsionando a arrecadação. No entanto, fatores atípicos e mudanças na legislação também contribuíram para a alta.

Recolhimentos atípicos

Um dos fatores que têm impulsionado a arrecadação nos últimos meses, o recolhimento atípico de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), não se repetiu em fevereiro. No mesmo mês do ano passado, havia sido registrado o recolhimento de R$ 5 bilhões atípicos em IRPJ e CSLL, fato que não se repetiu este ano.

Mesmo sem o reforço em fevereiro, os recolhimentos atípicos continuam a impulsionar a arrecadação no primeiro bimestre. Em janeiro e fevereiro, esse tipo de receita soma R$ 12 bilhões, contra R$ 6,5 bilhões no mesmo período do ano passado.

Ao longo de 2021, esses recolhimentos fora de época impulsionaram a arrecadação por causa de empresas que registraram lucros maiores que o previsto e tiveram de pagar a diferença. Por causa do sigilo fiscal, a Receita não pode informar o nome e a atividade dessas grandes companhias.

O aumento do IOF, que entrou em vigor no fim de novembro para financiar o Auxílio Brasil, também ajudou a melhorar a arrecadação. A arrecadação do IOF aumentou R$ 945 milhões, 26,28% acima da inflação em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2021.

Tributos

Na divisão por tributos, as maiores altas em fevereiro - em relação ao mesmo mês de 2021 - foram registradas na arrecadação do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), alta de R$ 2 bilhões (6,68%) acima da inflação pelo IPCA. Segundo a Receita Federal, o desempenho do setor financeiro e a alta dos combustíveis impulsionaram a arrecadação. Os dados de fevereiro ainda não refletem a redução a zero do PIS/Cofins sobre o diesel, o gás de cozinha e o querosene de aviação, que vigorará até o fim do ano.

Em seguida, as maiores altas vêm o Imposto de Renda Retido na Fonte sobre rendimentos de capital, cuja receita saltou R$ 1,84 bilhão (57,77% acima da inflação), graças à melhoria dos rendimentos dos fundos e dos títulos de renda fixa. Em terceiro lugar, está a arrecadação da Previdência Social, com alta de R$ 1,31 bilhão (3,3%) acima da inflação, influenciada pela melhoria no emprego formal. O IOF está em quarto lugar.

Petróleo

O maior salto na arrecadação ocorreu com as receitas administradas por outros órgãos, que somaram R$ 6,07 bilhões e subiram 79,77% acima do IPCA em relação a fevereiro do ano passado. A principal explicação foi a valorização do petróleo no mercado internacional, provocada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. No acumulado de 2022, a arrecadação de royalties de petróleo soma R$ 19,55 bilhões, com alta de 71,2% acima da inflação oficial pelo IPCA na comparação com o primeiro bimestre do ano passado.

 

- Funcionários do BC aprovam greve a partir de 1º de abril

Funcionários do BC (Banco Central) decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir de 6ª feira (1º.abr.2022). Eles cobram reajuste salarial e reestruturação de carreira do governo de Jair Bolsonaro (PL).

A greve dos funcionários do BC foi aprovada em assembleia realizada nesta 2ª feira (28.mar.2022). Segundo a ANBCB (Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil), mais de 80% dos funcionários que participaram da assembleia do BC votaram pela greve. O grupo ainda avalia entregar cargos de chefia para pressionar o governo a conceder reajuste salarial.

Os funcionários do BC já vinham fazendo paralisações diárias desde 17 de março para cobrar reajuste do governo e decidiram intensificar a mobilização porque a negociação com o governo não avançou. Eles tiveram uma reunião com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, no sábado (26.mar.2022), mas disseram que não receberam nenhuma proposta oficial do governo.

O Banco Central ainda não se posicionou sobre a greve. Na última 5ª feira (24.mar.2022), Roberto Campos Neto disse que a autoridade monetária tinha planos de contingência caso a situação se agravasse. As paralisações diárias dos funcionários do BC, no entanto, já vêm causando problemas.

Nesta 2ª feira (28.mar), o BC atrasou pela 2ª semana consecutiva a publicação do Boletim Focus. Além disso, a autoridade monetária adiou a publicação das notas econômico-financeiras de fevereiro previstas para esta semana – 1) estatísticas do setor externo; 2) monetárias e de crédito; e 3) fiscais.

Segundo o presidente da ANBCB, Henrique Seganfredo, a greve pode provocar o atraso de outros indicadores, a comunicação com o mercado e também o monitoramento de sistemas como Pix, o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro.

Fonte: Poder360 - CNN Brasil - Agência Brasil