Política

Rússia e Ucrânia concordam em cessar-fogo em Kiev e Chernihiv





A Rússia e Ucrânia chegaram a um acordo sobre o cessar-fogo em áreas próximas a Kiev, capital ucraniana, e a Chernihiv, cidade ao norte do país. 

Representes dos países se encontraram nesta 3ª feira (29.mar.2022) em Istambul, na Turquia. Conversas serão retomadas na 4ª feira (30.mar.2022). 

Durante a reunião, o governo ucraniano voltou a dizer estar aberto em adotar o status neutro em troca de garantias de segurança. Com a medida, o país se compromete a não entrar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nem hospedar bases militares no país. 

Segundo o conselheiro chefe do presidente da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, a chave de um acordo entre os países é a garantia de segurança internacional para o país. “Somente com este acordo podemos acabar com a guerra como a Ucrânia precisa”, disse. 

A proposta ucraniana prevê uma defesa coletiva semelhante à estabelecida no Artigo 5º do tratado da Otan. Segundo Podolyak, os países responsáveis pela segurança da Ucrânia podem ser os EUA, Reino Unido, Turquia, França, Alemanha, entre outros.

O negociador afirmou ainda que qualquer acordo relacionado ao status de neutralidade da Ucrânia e às garantias de segurança será votado pelos ucranianos em referendo.

Outro ponto discutido na reunião está relacionado à Crimeia. Os negociadores ucranianos propuseram discutir o status da península em até 15 anos. “Foi oferecido resolver a questão da Crimeia não por meios militares. Apenas por meio de esforços políticos e diplomáticos”,disse Podolyak 

A Crimeia pertencia ao território ucraniano, mas foi anexada pela Rússia em 2014. Uma das exigências russas é que a Ucrânia reconheça a península como parte do território russo. 

Em sua conta no Twitter, Podolyak classificou as conversas desta 3ª feira (29.mar) como “difíceis”. 

RÚSSIA

Após o término das conversas desta 3ª feira (29.mar), o Ministério de Defesa russo anunciou o recuo das tropas e a redução dos ataques nos arredores de Kiev e de Chernihiv. 

Segundo o vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin, as medidas foram tomadas “no sentido de fortalecer a confiança mútua, criar condições necessárias para negociações futuras e alcançar o objetivo final de assinar um acordo”. Informações são da agência russa Tass. 

O negociador russo Vladimir Medinsky afirmou que as negociações foram “construtivas”. Disse ainda que as propostas da Ucrânia foram recebidas e “serão estudadas em um futuro próximo” e relatadas ao presidente Vladimir Putin. “Daremos uma resposta”, disse. 

Medinsky também comentou sobre um possível encontro entre Putin e o presidente da Ucrânia, Volodymy Zelensky. Afirmou que os líderes podem se reunir durante a assinatura de um eventual tratado bilateral entre os chanceleres dos países Sergey Lavrov, da Rússia, e Dmytro Kuleba, da Ucrânia. 

“[…] durante esta assinatura e a consideração dos detalhes do tratado, será possível discutir vários nuances e detalhes políticos. Então, se o trabalho sobre o tratado e um compromisso necessário avançarem rapidamente, a possibilidade de paz estará muito mais próxima”, disse. 

 

Putin pede que forças ucranianas em Mariupol entreguem as armas

 

O presidente russo Vladimir Putin disse nesta 3ª feira (29.mar.2022) que, para resolver a situação humanitária em Mariupol, na Ucrânia, os “nacionalistas”deveriam entregar suas armas. A declaração foi dada em conversa por telefone com o presidente francês Emmanuel Macron.

 

A fala de Putin é em referência ao Batalhão Azov, grupo de extrema-direita que lidera a defesa do país no litoral do Mar de Azov.

 

De acordo com Putin, “não há condições” para o envio de uma missão humanitária em Mariupol, exigindo que as forças ucranianas baixassem as armas. A cidade portuária tem sido um alvo das tropas russas durante a guerra.

 

Mariupol está sob cerco e bombardeio contínuo. Há falta de comida remédios, energia e água potável. Em 21 de março, a Rússia ordenou que os ucranianos dentro da cidade se rendessem, dizendo que aqueles que o fizessem teriam permissão para deixar a região.

 

Segundo o Kremlin, tem sido fornecidas “medidas de assistência humanitária urgente” aos civis que ainda não conseguiram deixar a região.

 

Macron anunciou na última 6ª feira (25.mar.2022) a operação internacional para retirar a população da cidade. No entanto, o plano dependia do diálogo entre Putin e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

 

No telefone entre os 2 líderes, Putin falou das negociações em Istambul, citando uma possível desistência da Ucrânia em ingressar à Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) e a promessa do Kremlin de reduzir os ataques contra Kiev e Chernihiv.

 

Putin também falou sobre a decisão russa de só aceitar rublos para entregas de gás natural à União Europeia, que passa a vigorar na 5ª feira (31.mar.2022). No entanto, Macron classificou a medida como como “impossível”.

 

Fonte: Poder360