Política

Rússia não cortará fornecimento de gás à Europa imediatamente, diz Kremlin





Porta-voz falou sobre decreto publicado pelo presidente Putin na quinta-feira (31) que promete interromper entrega se pagamento não for feito em rublos

A Rússia diz que não começará a cortar o fornecimento de gás para “países hostis” imediatamente sob um novo decreto que exige o pagamento em rublos a partir de 1º de abril.

“Ontem, recebi muitas perguntas sobre se isso significa que, se não houver confirmação em rublos, isso significa que o fornecimento de gás será cortado a partir de 1º de abril? Não, isso não acontece e não segue o decreto”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na sexta-feira (1).

Peskov disse que os pagamentos das entregas feitas hoje não devem ser pagos até o final de abril ou início de maio. “Mas, mais uma vez, repito que, para as nuances, é melhor entrar em contato com a Gazprom”, disse Peskov.

De acordo com o novo decreto publicado ontem, o Gazprombank abriria contas em nome de compradores de gás ocidentais, converteria seus euros ou dólares e depois depositaria os rublos em outra conta que seria usada para pagar à Gazprom.

O chanceler alemão Olaf Scholz insistiu na quinta-feira (31) que Berlim fará pagamentos pelo gás russo apenas em euros. “Examinamos os contratos de entrega de gás e outras entregas. e dizem que os pagamentos devem ser feitos em euros, às vezes em dólares americanos, mas principalmente em euros. E deixei claro em minha conversa com o presidente russo que isso permanecerá como está”, disse Scholz em Berlim durante uma entrevista coletiva conjunta com seu colega austríaco Karl Nehammer.

O comissário de Economia da UE, Paolo Gentiloni, disse a Richard Quest da CNN na quinta-feira que esta “é uma tentativa de contornar as sançõeseuropeias e chantagear a União Europeia”.

Respondendo a uma pergunta, Peskov disse a repórteres na sexta-feira que a decisão de vender gás por rublos poderia ser revertida no futuro, mas por enquanto o rublo é a opção preferida da Rússia. “Absolutamente. Se surgirem outras condições. Neste caso, não há concreto armado, mas nas condições atuais, o rublo é uma opção mais preferível e confiável para nós”, disse ele.

 

- Negociações entre Rússia e Ucrânia são retomadas; russos se reagrupam, mas ataques seguem  

Ucrânia e Rússia retomaram as negociações de paz nesta sexta-feira (1º) em formato online, disse o gabinete presidencial da Ucrânia citando o negociador Mykhailo Podolyak, mas sem fornecer mais detalhes.

A última rodada de negociações entre os países, realizada no dia 29 de abril em Istambul, na Turquia, chegou ao fim sem acordos firmados, mas com novas informações sobre as exigências de ambos os lados para encaminharem as conversas adiante — como a neutralidade ucraniana.

Hoje, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que algum progresso foi feito nas negociações de paz com a Ucrânia e que Moscou está preparando sua resposta às propostas ucranianas.

Em uma coletiva de imprensa após conversas com autoridades indianas, Lavrov disse que as negociações de paz com a Ucrânia precisam continuar, mas que Kiev mostrou “muito mais compreensão” da situação na Crimeia e Donbass e na necessidade de seu status neutro.

Autoridades ucranianas e entidades ocidentais afirmaram nesta semana que as tropas russas estão se reposicionando dentro da Ucrânia, especialmente na região do Donbass — onde ficam as províncias separatistas de Luhanks e Donetsk, reconhecidas como independentes pelo Kremlin.

O movimento foi percebido também na região norte da Ucrânia, como na cidade de Chernihiv, mas a estratégia não significa necessariamente um cessar-fogo, segundo relatos de autoridades ucranianas nesta sexta-feira.

“Ataques aéreos e com mísseis são (ainda) possíveis na região, ninguém está descartando isso”, disse o prefeito Viacheslav Chaus, acrescentando que as forças ucranianas estão entrando e protegendo assentamentos anteriormente ocupados por tropas russas.

Várias cidades da região leste de Luhansk, que fica no Donbass, também foram atingidas por “bombardeios pesados” das forças russas, disse o governador militar regional nesta sexta. A situação dos residentes se complica.

“Duas pessoas morreram em Severodonetsk, residentes de Lysychansk e Toshkivka foram feridas, quatro pessoas foram resgatadas”, disse Serhii Haidai, chefe da administração militar regional de Luhansk.

“Não há fornecimento centralizado de água em Rubizhne, Popasna, Severodonetsk, parte da comunidade Hirske e em Lysychansk. Vinte e oito assentamentos permanecem sem fornecimento de gás e 22 sem eletricidade”, continuou.

Na capital ucraniana de Kiev, a retirada das tropas se dá em direação a Belarus, segundo relatos de autoridades locais. “Estamos observando o movimento de colunas conjuntas de veículos (russos) de várias quantidades”, escreveu o governador Oleksandr Pavlyuk no aplicativo de mensagens Telegram.

Algumas tropas russas ainda estavam também na “zona de exclusão” em torno da extinta usina nuclear de Chernobyl na manhã desta sexta-feira, disse o chefe da agência ucraniana responsável pela zona.

Yevhen Kramarenko confirmou na televisão nacional que as forças russas que ocuparam a usina depois de invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro deixaram a usina, mas disse que algumas tropas foram vistas na zona de exclusão de Chernobyl.

Mariupol

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que reabriria, nesta sexta-feira, ocorredor de evacuação entre as cidades de Mariupol e Zaporizhzhia, a partir das 10h, no horário de Moscou (4h pelo horário de Brasília).

Segundo a declaração, a medida atende ao “pedido pessoal do presidente da França, Emmanuel Macron, e do chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, ao presidente da federação russa, Vladimir Putin, a partir das 10h (horário de Moscou) de 1º de abril de 2022″, reabrir o corredor com um ponto de intermédio em Berdiansk.

Porém, um assessor do prefeito de Mariupol afirmou que a cidade sitiada do sul da Ucrânia permaneceu fechada para qualquer um que tentasse entrar e era “muito perigosa” para qualquer um que tentasse sair.

Petro Andryushchenko disse que, desde quinta-feira, as forças russas têm impedido que mesmo a menor quantidade de suprimentos humanitários chegue aos residentes presos, deixando claro que um “corredor humanitário” planejado não havia sido aberto.

Equipes da Cruz Vermelha são esperadas na cidade nesta sexta. No entanto, o grupo não recebeu permissão para levar ajuda humanitária com o comboio e partiu sem suprimentos, disse o porta-voz do grupo, Ewan Watson.

“Temos permissão para nos mudarmos hoje e estamos a caminho de Mariupol”, disse Watson. “Esperamos que (a operação de passagem segura) comece hoje.”

Fonte: CNN Brasil