Saúde

Brasil tem recorde de morte por gripe; há risco de nova onda





A gripe matou 1.515 brasileiros em janeiro de 2022 e outros 204 em fevereiro, de acordo com dados do sistema Sivep-Gripe, o mesmo usado para reportar casos de covid.

Os números para os meses são superiores aos de qualquer início de ano da série histórica do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade). O patamar de 1.515 mortes de janeiro é inédito e supera o total de mortes anuais de quase todos os anos desde 1996. As exceções são 2009 (1.818 mortes em 12 meses) e 2016 (1.756).

A principal responsável pela alta das mortes é a cepa Darwin do vírus influenza H3N2, que se espalhou desde o fim do ano passado.

Os idosos correspondem a 79% dos óbitos.

Risco de novo surto

É possível que a cepa tenha se aproveitado de um momento de perda de “memória de imunidade” ocasionado pelas medidas tomadas nos dois primeiros anos de pandemia.

Assim que o coronavírus apareceu, os vírus influenza A e influenza B reduziram drasticamente sua circulação na população brasileira. É o que mostram os serviços de monitoramento da gripe no Brasil.

Sem contato com os vírus, “o organismo das pessoas deixou de renovar a sua barreira de proteção“, afirma Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe.

Gomes é um dos que alertam para um combo de condições favoráveis a um grande surto:

  • chegada do inverno – é quando o vírus influenza se espalha mais;
  • retirada de máscaras – elas barraram durante a pandemia também a circulação da gripe
  • queda de imunidade  – houve perda de memória imunológica da gripe (leia mais abaixo).

A epidemiologista Fátima Marinho, especialista em mortalidade, também alerta para o risco, especialmente especialmente nos Estados da região Sul, em São Paulo e em Minas Gerais. “Esperamos nesses Estados um aumento de mortes por gripe nos próximos meses, o que vai atingir crianças e idosos“, diz Marinho, que é especialista sênior da Vital Strategies, organização global composta por especialistas e pesquisadores com atuação junto a governos.

Para o infectologista Renato Kfouri, não é possível fazer previsões. “Vivemos um cenário epidemiológico inédito. De fato, o influenza deixou de circular durante dois anos e voltou com força no fim do ano passado. Mas é impossível saber o que vai acontecer neste inverno”, afirma Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações

Recomendações

Para combater o risco de um novo grande surto de gripe, os especialistas elencam duas medidas:

  • vacinação – a campanha de vacinação contra a gripe começa nesta 2ª feira (4 de abril), focada em idosos. É importante conseguir grande adesão para que o grupo (o que mais sofreu com a recente onda de gripe H3N2), esteja melhor protegido;
  • máscara – os médicos indicam continuar usando máscaras, especialmente em situações de transporte público. A máscara usada para se proteger contra o coronavírus foi, ao fim, até mais eficiente em prevenir a gripe nos últimos anos.

 

- Cerimônia marca lançamento da campanha de vacinação contra a gripe

 

Ministro da Saúde lembra que vacinação contra a covid-19 continua

 

Em cerimônia realizada nesta segunda-feira (4), em Brasília, foi lançada a Campanha Nacional de Vacinação Contra Gripe e Sarampo. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e representantes do ministério apresentaram os objetivos e metas da iniciativa, que vai até junho. O Dia D, principal data de mobilização da campanha, foi marcado para o dia 30 de abril.

 

Marcelo Queiroga destacou a importância da campanha para sensibilizar a população sobre a importância da imunização. “A vacinação é dever do Estado e direito dos brasileiros. Campanha promoverá conscientização da população. Já pagamos preço no passado por doenças que eram evitáveis”, disse.

 

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Arnaldo Medeiros, o público-alvo a ser imunizado contra a influenza totaliza 77,9 milhões de pessoas. A meta do ministério é imunizar 90% desses cidadãos. A primeira etapa teve início hoje a vai até o dia 30 de abril.

 

Nesse primeiro momento, o foco será os trabalhadores de saúde e os idosos, com idades de 60 anos ou mais. A segunda etapa vai de 2 de maio a 3 de junho. Nessa fase, serão contemplados crianças de 6 meses a 5 anos de idade, gestantes, puérperas, povos indígenas, professores, pessoas com deficiência, caminhoneiros, pessoas com comorbidades, trabalhadores de transporte coletivo, rodoviário e portuário e forças de segurança.

 

As doses serão trivalentes, que garantem imunização contra três variantes do vírus influenza, a H1N1, a H3N2 e a influenza B. Foram adquiridos mais de 80 milhões de doses, que serão distribuídas aos estados.

 

Sarampo

 

A vacinação contra o sarampo, que também faz parte da campanha, tem como público-alvo os trabalhadores da saúde e crianças com idades entre 6 meses e 5 anos, que somam 18,8 milhões de pessoas, sendo 5,8 milhões profissionais da saúde e 13 milhões crianças dentro da faixa etária estabelecida. A meta é imunizar 95% desse universo de pessoas.

 

A população deve buscar as unidades de saúde para se vacinar. Cada município organizará os locais que disponibilizarão a imunização contra a influenza e o sarampo. É importante que os cidadãos procurem se informar nas secretarias de Saúde e nas unidades de saúde perto de onde moram ou trabalham.

 

Covid-19

 

O ministro Marcelo Queiroga lembrou que a vacinação contra a covid-19 continua e que a campanha de imunização contra o coronavírus é fundamental para vencer a situação de emergência sanitária no Brasil.

 

Fonte: Poder360 - Agência Brasil