Política

O presidente Jair Bolsonaro afirma que seus ministros são voluntários e não foram indicados por partidos políticos





O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que seus ministros são voluntários e não foram indicados por partidos políticos. Disse também que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é responsável por parte do alto preço dos combustíveis.

“Aqueles que falam do preço do combustível, sim, parte dele vem de endividamento da Petrobras. Se Lula tivesse feito pelo menos duas das 3 refinarias que prometeu lá atrás, não estaria faltando derivado de petróleo”, disse o chefe do Executivo em evento promovido pelo Grupo Voto, no Rio de Janeiro (RJ).

Ele completou: “A esquerda quer botar a culpa em mim. Desculpa aí. Desculpa aí, mas os caras querem colocar a culpa em mim em tudo. Até quando o cara broxa em casa ele me culpa”.

Na cerimônia, Bolsonaro não comentou sobre a indicação de Adriano Pires para o comando da empresa petrolífera nem sobre a desistência de Rodolfo Landim, indicado para presidir o conselho da estatal. Rebateu as acusações de corrupção em seu governo. Disse que a imprensa e “2 ou 3 integrantes de outro Poder” atrapalham, e sugeriu retaliação de empresários com a suspensão de anúncios em jornais.

“Falhas, temos. Nós nos corrigimos quando se faz necessário, mas não é fácil. E não é só imprensa. Tem 2 ou 3 de outro Poder que ficam enchendo o saco o tempo todo. Não admitem nós trabalharmos em paz no nosso país”.

O empresário Rodolfo Landim desistiu de ser indicado para o Conselho de Administração da Petrobras. Enviou uma carta para o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque. Publicou também uma nota oficial no site do Flamengo, clube do qual é presidente.

O chefe do Executivo citou a Globo como possível alvo dos empresários. “Quando assumi, já sob foco da Globo, disseram que não aguentaria 3 meses. Se a Globo acusasse com razão, tudo bem. Vocês, que são anunciantes, ajudariam muito ao Brasil, peço: não anunciem em órgãos de imprensa que mentem o tempo todo. É uma forma que temos para mudar o destino do Brasil.”

Bolsonaro ainda deu declarações sobre o caso do processo de licitação do Ministério da Educação para comprar ônibus escolares. Segundo o Estado de S. Paulo, houve suspeita de sobrepreço com gastos previstos em cerca de R$ 700 milhões. De acordo com a reportagem, o governo federal desembolsaria R$ 480 mil em modelos orçados em R$ 270 mil.

“Agora estão me acusando de ter armado na educação compras superfaturadas de ônibus. Porra, nem a licitação foi feita ainda. E quem descobriu fomos nós. Temos compliance”, disse.

 

Confira outras notícias 

- Deputados entram com ação contra Eduardo Bolsonaro por fala contra Míriams

Deputados acionaram o Conselho de Ética contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) após ele debochar da tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão na ditadura militar. A representação será apresentada por parlamentares do PSOL, PCdoB e PT.

A bancada do PSOL na Câmara pedirá a cassação de Eduardo Bolsonaro, informou o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros. "Não é possível ficar inerte diante da agressão de Eduardo Bolsonaro à jornalista Míriam Leitão".

Nas redes sociais, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL) afirmou que Eduardo e o pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL), devem responder pelos seus atos. "Um homem que faz piada com essa situação é desumano, repugnante".

Entenda o caso

Na tarde de ontem, Eduardo Bolsonaro respondeu a um post de Miriam, no qual a jornalista diz que Jair Bolsonaro é inimigo confesso da democracia, dizendo: "Ainda com pena da cobra".

Míriam foi presa durante a ditadura militar e torturada com tapas, chutes e golpes que abriram sua cabeça. Além disso, teve de ficar nua em frente a 10 soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala com uma jiboia —a cobra citada por Eduardo Bolsonaro. Na época, a jornalista estava grávida de um mês e era militante do PCdoB.

Não foi a primeira vez que a família Bolsonaro exaltou abusos cometidos durante o período da ditadura militar (1964-1985). Quando deputado, Jair Bolsonaro (PL) fez elogios a Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-CODI do II Exército, condenado em 2008 por tortura.

Em editorial, O Globo classificou como "repugnante" o ataque de Eduardo Bolsonaro. "A manifestação do deputado deve ser repudiada com toda a veemência", afirmou, ressaltando que a postura do parlamentar foi "incompatível" com o cargo, "mas sobretudo com a decência e o respeito humanos".

Nas redes sociais, repórteres do grupo Globo, como Guga Chacra, Natuza Nery, Gerson Camarotti e Giuliana Morrone, repudiaram o deboche de Eduardo Bolsonaro, e chamaram-no de "covarde".

Para o colunista do UOL Josias de Souza, o ataque de Eduardo a Miriam "mistura ignorância com truculência", e demonstra o fato de que o filho, assim como o pai, "carrega na personalidade uma mistura tóxica de ignorância pessoal com autoritarismo político".

Na semana passada, quando a instauração do golpe militar completou 58 anos, o presidente Jair Bolsonaro exaltou as Forças Armadas, que diz ser "o último obstáculo para o socialismo no Brasil".

A deputada federal Natália Bonavides (PT) afirmou que a Câmara dos Deputados "não pode aceitar que um deputado deboche dos crimes da ditadura".

Orlando Silva (PCdoB), deputado federal, afirmou que Eduardo Bolsonaro é um "canalha sórdido", e que não ficará impune.

Em contato com o UOL, os deputados do PSOL Sâmia Bomfim e Juliano Medeiros e o deputado do PCdoB Orlando Silva confirmaram que a ação contra Eduardo Bolsonaro já foi protocolada no Conselho de Ética. O documento do PSOL defende que Bolsonaro quebrou o "decoro parlamentar" e afirma que o deputado deve ser "punido com a perda do mandato".

Na representação do PCdoB, políticos do partido definem que Eduardo Bolsonaro fez "apologia a ato criminoso, como a tortura, ofendendo o Estado Democrático de Direito", requerendo "processo disciplinar".

"É repugnante a forma como a família Bolsonaro trata a história das pessoas que sofreram tortura ou foram assassinadas durante os duros anos da ditadura no Brasil. A jornalista Miriam Leitão estava grávida quando militares a colocaram numa sala escura junto com uma cobra jiboia para amedrontá-la. Quando Eduardo Bolsonaro faz piada com essa situação, reafirma, mais uma vez, que é um criminoso inimigo da democracia", expressou Sâmia Bomfim, chamando os atos do deputado de "desumanos".

Entramos em contato com a deputada federal Natália Bonavides (PT) e atualizaremos essa matéria quando houver resposta.

Fonte: Poder360 - UOL