Política

Moraes prorroga inquérito contra Bolsonaro por ligar vacina à aids





O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), prorrogou por 60 dias, o inquérito que investiga a declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL) que associa a vacina contra a covid-19 ao risco de desenvolver aids.

A decisão atende a um pedido feito pela PF (Polícia Federal) na semana passada. A investigação foi aberta em 3 de dezembro de 2021, depois de Bolsonaro dizer que estudos “sugerem” que vacinados “estão desenvolvendo a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”.

De acordo com Moraes, é “imprescindível a adoção de medidas que elucidem os fatos investigados” e que a solicitação da PF é pertinente. Eis a íntegra da decisão do ministro (106 KB).

Bolsonaro passou a ser investigado depois que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid acionou o STF. A CPI acusou Bolsonaro de cometer crimes de epidemia (art. 267 do CP) e infração de medida sanitária (art. 268 do CP).

live com a declaração do presidente foi tirada do ar por Facebook, Instagrame YouTube. As plataformas consideraram que houve disseminação de informações sem comprovação científica.

A origem da desinformação

Em outubro, o Facebook e o YouTube tiraram do ar uma live de Bolsonaro em que ele faz uma suposta relação entre as vacinas contra a covid-19 e a aids (síndrome da imunodeficiência adquirida).

Ao Poder360, o YouTube informou que o vídeo foi removido por “violar as diretrizes de desinformação médica sobre a covid-19”. Bolsonaro atribuiu a informação à revista Exame. Afirmou que “foi a própria ‘Exame’ que falou da relação de HIV com vacina”.

Bolsonaro se referia a uma reportagem publicada em 20 de outubro de 2021, com o seguinte título: “Algumas vacinas contra a covid-19 podem aumentar o risco de HIV”. Depois da live, a manchete da reportagem foi alterada duas vezes:

  • 24.out.2021 – 2ª versão do título: “Out/2020: Algumas vacinas contra a covid-19 podem aumentar o risco de HIV”;
  • 25.out.2021 – 3ª versão do título: “Out/2020: Algumas vacinas contra a covid-19 podem aumentar o risco de HIV?”.

 

- Cármen Lúcia cobra do governo federal plano contra desmatamento

A magistrada criticou o crescimento do desmatamento da Amazônia e apontou falhas na fiscalização e o abandono do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm)m

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), concluiu o voto sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 54 e Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 760, que tratam do combate ao desmatamento da Floresta Amazônica e fazem parte do chamado 'Pacote Verde'. Ao reconhecer o desmonte da política ambiental, a ministra cobrou do governo federal a apresentação de um plano contra o desmatamento e declarou 'estado inconstitucional' de políticas ambientais.

"Eu voto no sentido de conhecer e julgar procedentes a ADPF 760 e também a ADO 54; voto por reconhecer o estado de coisas inconstitucional quanto ao desmatamento da Amazônia e determinar que a União e os órgãos federais competentes formulem e apresentem um plano de execução especificando as medidas adotadas para retomada de providências de fiscalização e controle das atividades para proteção da Floresta Amazônica, em níveis suficientes e comprovados para coibição do desmatamento da Amazônia Legal", afirmou. 

O plano deverá ser apresentado pelo governo em até 60 dias, com cronogramas, metas e objetivos, e outras informações necessárias para garantir a efetividade das políticas públicas. 

O voto da magistrada é referente a duas ações que foram agrupadas. Na ADPF 760, sete partidos de oposição acionaram o STF em 2020 para que o governo federal executasse o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia. Segundo as siglas, houve uma diminuição de fiscalizações, com uma queda no número de autuações, e aumento no desmatamento.

Na ADO 54, o partido Rede Sustentabilidade acusa o governo Jair Bolsonaro de se omitir em ações de combate ao desmatamento na Amazônia. Assim, pediu que o STF obrigue a tomada de medidas concretas para evitar a derrubada da floresta.

Pacote Verde

As ações fazem parte do 'Pacote Verde', que reúne sete ações contra decisões ou omissões do governo sobre licenciamento ambiental, fundos de proteção e desmatamento da Amazônia. A inclusão conjunta dos processos na pauta ocorreu após pedido das ministras Cármen e Rosa Weber, relatoras das ações, ao presidente do STF, Luiz Fux, após os ministros receberem um grupo de artistas que promoveu o Ato pela Terra, em Brasília, em 9 de março. Os artistas pediram pelo avanço de pautas a favor do meio ambiente.

Para a ministra, o desmonte da política ambiental decorre da "cupininização institucional, que leva ao desfazecimento das estruturas do estado suficientes para garantir a eficácia de uma política de prevenção e estancamento de desmatamento da Amazônia Legal".

Judiciário

Desta maneira, a magistrada defende que a intervenção do poder judiciário se mostra imprescindível para que se estanque a destruição. 

"A inefetividade do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado produz efeitos irreversíveis sobre todos os seres humanos, desta e das futuras gerações. [...] Atinge-se com as ações deficientes, as omissões estatais, a vida de todos os seres do planeta", completou. 

Fonte: Poder360 - Correio Braziliense