Cultura

O Papa Francisco e a necessidade de uma ONU mais eficaz





Em seus discursos nas Nações Unidas, bem como na "Fratelli tutti", o Pontífice sempre encorajou uma reforma da ONU para dar real substância ao conceito de família das nações e maior força ao multilateralismo.

"Na atual guerra na Ucrânia, estamos vendo a impotência da Organização das Nações Unidas." As palavras do Papa Francisco na Audiência Geral, da última quarta-feira (06/04), foram amplamente ecoadas. Não menos relevantes, porém, são as palavras que precederam imediatamente esta afirmação. Na verdade, elas são a premissa da amarga observação: "Depois da Segunda Guerra Mundial, foi feita uma tentativa de lançar as bases para uma nova história de paz, mas infelizmente - não aprendemos - a velha história de grandes potências concorrentes continuou". O Papa Francisco acredita firmemente no papel das Nações Unidas e no valor do multilateralismo. Uma convicção que hoje é ainda mais forte naquela “mudança de época” que estamos vivendo na árdua busca por um novo horizonte de convivência para a humanidade. Seguindo as pegadas de seus predecessores - e em particular de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI - Francisco multiplicou gestos e palavras em apoio às Nações Unidas, encorajando um processo de reforma que é exigido em particular por aqueles países, por aqueles povos, que mais sofrem as consequências dessa impotência a que o Papa se referiu.

Falando em 25 de setembro de 2015 na Assembleia Geral da ONU, o Pontífice afirmou que "a reforma e a adaptação aos tempos são sempre necessárias, progredindo para o objetivo final de conceder a todos os países, sem exceção, uma participação e um impacto real e justo nas decisões". Desde os primeiros anos de seu pontificado, sublinhou, portanto, o tema da "necessidade de uma maior equidade", especialmente "para os órgãos com capacidade executiva efetiva, como o Conselho de Segurança, organismos e grupos financeiros, grupos ou mecanismos especificamente criados para enfrentar as crises econômicas". E concluiu seu discurso na sede da ONU reiterando a necessidade de fortalecimento da ONU. “A louvável construção jurídica internacional da Organização das Nações Unidas”, observou, “pode ser uma promessa de um futuro seguro e feliz para as gerações futuras. Será se os representantes dos Estados saberão deixar de lado os interesses setoriais e ideologias e buscar sinceramente o serviço do bem comum”. Conceitos reiterados em novembro do mesmo ano na visita à sede das Nações Unidas em Nairóbi.

 

- O Papa aos sacerdotes: sejam misericordiosos, grandes perdoadores

Quinhentos anos após a eleição do Papa Adriano VI, Francisco recordou seu exemplo de vida, falando à comunidade do Pontifício Instituto Teutônico de Nossa Senhora da Alma, em Roma. Recordando o trabalho de seu predecessor exortou: o sacerdote deve ser misericordioso e homem de paz.

O Papa Francisco recebeu em audiência, no Vaticano, nesta quinta-feira (07/04), a comunidade do Pontifício Instituto Teutônico de Nossa Senhora da Alma, em Roma, por ocasião dos 500 anos da eleição de Adriano VI, penúltimo Papa proveniente do mundo germânico, sepultado na igreja do Pontifício Instituto Teutônico de Nossa Senhora da Alma.

Adriano Florensz nasceu em Utrecht, Países Baixos, que fazia parte do Sacro Império da Nação Alemã. Recebeu uma excelente educação na Universidade de Leuven. Foi tutor do futuro Imperador Carlos V e depois de realizar importantes tarefas eclesiásticas e políticas, foi elevado aos mais altos cargos e criado cardeal em 1517. Quando a notícia de sua eleição como Bispo de Roma chegou até ele, primeiramente hesitou, mas por um senso de dever por fim aceitou.

Segundo o Papa Francisco, "em seu breve pontificado, que durou pouco mais de um ano", Adriano VI "procurou sobretudo a reconciliação na Igreja e no mundo, pondo em prática as palavras de São Paulo segundo as quais Deus confiou aos Apóstolos o ministério da reconciliação". O Papa Adriano "enviou o Núncio Chieregati à Dieta de Nuremberg para reconciliar Lutero e seus seguidores com a Igreja, pedindo expressamente perdão pelos pecados dos prelados da Cúria Romana".

Crescer na vocação de servos de Cristo

Francisco disse ainda em seu discurso que "na esfera política, superando muita resistência, ele se esforçou para chegar a um entendimento entre as duas potências vizinhas, o rei Francisco I da França e o imperador Carlos V de Habsburgo, também para que juntos pudessem deter os projetos cada vez mais ameaçadores de conquista pelo exército otomano. Infelizmente, o Papa Adriano, devido à sua morte prematura, não conseguiu concluir nenhum desses projetos. No entanto, seu testemunho de trabalhador destemido e incansável pela fé, justiça e paz permanece vivo na memória da Igreja".

Queridos irmãos e irmãs, que o exemplo da vida e do trabalho do Papa Adriano os estimule a crescer em sua vocação de servos de Cristo. Que o Senhor os sustente em seu ministério e os leve a uma fé cada vez mais enraizada em seu amor, vivida com alegria e dedicação.

O trabalho do confessor é perdoar, não torturar

Pensando na preocupação do Papa Adriano VI com a promoção da concórdia e da reconciliação, Francisco exortou os membros do Pontifício Instituto Teutônico de Nossa Senhora da Alma a seguirem seus passos, especialmente no serem ministros do Sacramento da Penitência.

Isto é importante: o trabalho do confessor é perdoar, não torturar. Sejam misericordiosos, grandes perdoadores, a Igreja quer vocês assim. Isto significa dedicar tempo para ouvir as confissões, e fazê-lo bem, com amor, com sabedoria, com muita misericórdia. Mas não apenas isso. Este ministério também envolve pregação, catequese, acompanhamento espiritual; e requer, antes de tudo - como sempre - testemunho. Para ser um bom servo do perdão de Cristo, um sacerdote deve saber perdoar os outros, deve ser misericordioso em seus relacionamentos, ser um homem de paz, de comunhão. Que Nossa Senhora os ajude nisso.

 

O Papa confia as meditações da Via Sacra às famílias

Trata-se de famílias ligadas a comunidades e associações católicas de voluntariado e assistência. A informação é do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, explicando que com base nos temas escolhidos, serão sempre famílias a carregar a cruz entre as estações.

Por ocasião do ano dedicado à família com o qual a Igreja celebra os cinco anos desde a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, o Papa Francisco decidiu confiar a algumas famílias a preparação dos textos das meditações e orações da Via Sacra da Sexta-feira Santa deste ano.

A informação é do diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, que explicou tratar-se de famílias ligadas a comunidades e associações católicas de voluntariado e assistência. A partir dos temas escolhidos, as famílias se alternarão para levar a cruz entre as estações da Via Sacra.

Conforme anunciado em março, a Via Sacra voltará neste ano a ser realizada no Coliseu, depois de o rito ter sido realizado na Praça de São Pedro nos últimos dois anos, devido à emergência do coronavírus.

Em 2021, as meditações dos escoteiros 

Em 2021, as meditações estiveram a cargo dos membros do Grupo Escoteiro Agesci “Foligno I” (Úmbria) e da Paróquia romana de Santos Mártires de Uganda. As crianças refletiram sobre os "pequenos grandes sofrimentos" que acompanham seu cotidiano: do medo do escuro ao do abandono, da vivência de seus limites, das provocações na escola, das brigas com os pais, até o medo infundido pela pandemia de Covid.

Em 2020, as reflexões dos presos

E precisamente no ano de propagação da emergência sanitária, 2020, foram os reclusos da prisão "Due Palazzi" em Pádua que redigiram as meditações da Via Sacra 2020. Em suas reflexões, a dor de uma família que havia perdido um ente querido por homicídio ou da filha de um homem condenado à prisão perpétua; o sofrimento da mãe de um detento e a esperança de um sacerdote acusado e depois absolvido definitivamente pela justiça, após oito anos de processo ordinário; a responsabilidade de uma educadora prisional e de um magistrado de vigilância; o trabalho de uma catequista, um frade voluntário, um policial penitenciário. Diversas situações da vida para compor uma Via Crucis que se tornou Via Lucis.

Fonte: Vatican News