Economia

Inflação está muito alta, mas dólar menor amortece, diz BC





O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a inflação do Brasil está “muito alta”, mas afirmou que a queda do dólar amorteceu o avanço dos preços dos alimentos.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 1,62% em março, o maior patamar para o mês desde 1994. Alimentação e bebidas tiveram forte alta no mês, de 2,42%. Os preços dos alimentos para consumo no domicílio subiram 3,09%.

Segundo Campos Neto, os preços de vestuários e alimentação foram uma “surpresa grande”, que está sendo analisada pelo Banco Central para verificar eventual tendência.

“Essa surpresa também se fez presente em vários outros países que tiveram índices anunciados mais recentemente, em diferentes magnitudes. Mas a realidade é que a nossa inflação está muito alta”, afirmou Campos Neto. 

O presidente do Banco Central disse que o real teve a maior apreciação entre as moedas do G20 no acumulado de 2022. Com o dólar menor, há menos pressão inflacionária.

Afirmou que há um movimento mundial de realocação de recursos por causa da guerra entre a Ucrânia e Rússia, que também beneficia o Brasil.

“Um pouco é em função do conflito, um pouco é a antecipação de como vai ser essa geopolítica nova. Acho que no Brasil teve alguns fatores para essa entrada de dólar. Acho que teve surpresa fiscal positiva. Acho que o Banco Central foi mais proativo [no combate à inflação]”, declarou Campos Neto.

A entrada de dinheiro externo no país ajudou a segurar os preços dos alimentos, segundo ele. “O que subiu o preço de grãos, na média, o dólar compensou em alguns casos ou mais que compensou”, disse. “O efeito do câmbio tem sido muito benéfico. Meio que serviu como amortecedor na parte de alimentos. E eu diria que, para combustível, [esse efeito] não foi suficiente”, completou.

 

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- Petrobras não pode mudar política de preços, diz Silva e Luna

O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, elogiou os indicados do governo para a direção da estatal, mas disse que dificilmente conseguirão alterar a política de preços da empresa. “Não tem margem de manobra para mudar isso”, falou Silva e Luna em entrevista ao Valor, publicada nesta 2ª feira (11.abr.2022).

A mudança na forma de cálculo dos preços é uma demanda do presidente Jair Bolsonaro (PL). O general tem sido muito criticado pelo chefe do Executivo por manter o sistema baseado na paridade internacional.

Com o que tem hoje de legislação, de norma, não dá [para mudar a política de preços]. É preciso considerar que a empresa toma decisão compartilhada, é uma vontade coletiva, passa pelo comitê executivo, pelo conselho de investimentos. Não vejo como alterar isso na Petrobras”, explicou.

Silva e Luna defende que não cabe à petroleira segurar os preços dos combustíveis. De acordo com ele, o papel social que a empresa desempenha é por meio dos pagamentos de royalties e participações especiais.

O general afirma que um eventual retorno a um controle de preços, como o que era feito durante os governos petistas, traria o risco de desabastecimento ao país. Isso porque cerca de 30% dos combustíveis são importados.

Na entrevista, Silva e Luna citou “crises sucessivas” que impactam nos preços, como a pandemia de covid-19, a crise hídrica e a guerra na Ucrânia.

O presidente da Petrobras disse que um caminho possível para mitigar o aumento dos combustíveis é por meio de ações do Congresso e do governo. Ele citou que a política de subsídios já foi colocada em prática no passado “para fazer um amortecimento dessas pressões”. O governo Bolsonaro optou por não recorrer a esse mecanismo.

O que a empresa está fazendo? Produzir o máximo que ela pode produzir em 25 anos. Todas as refinarias bateram seus recordes acima de 92% de produtividade”, afirmou.

Segundo o líder da petroleira, a nova administração deve enfrentar os mesmos desafios que ele quando assumiu o cargo.

NOVO COMANDO

Na 4ª feira (6.abr), o governo federal indicou o ex-secretário do Ministério de Minas e Energia José Mauro Coelho para a presidência da Petrobras e Marcio Andrade Weber para presidir o Conselho de Administração. Os acionistas deliberam em 13 de abril.

Silva e Luna elogiou as escolhas do governo para a nova direção da empresa. Sobre José Mauro Coelho, disse ser um “grande acerto”, pois tem “conhecimento na área de óleo e gás, é pessoa de fácil trato, e vai se encaixar bem”.

Quanto à indicação do atual conselheiro Márcio Weber para a presidência do conselho de administração, ele classificou como “excepcional”. “Ele foi funcionário da Petrobras, é muito respeitado, vai continuar com o trabalho que estava fazendo”, avaliou.

Para Silva e Luna, a nova direção da Petrobras deve seguir investindo no pré-sal, em refinarias e na transição energética.

Fonte: Poder360