Política

Zelensky diz que Rússia usa bombas de fósforo contra civis na Ucrânia





Condenadas pelos grupos de direitos humanos, as munições de fósforo branco não estão no rol de armas químicas banidas

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse nesta quarta-feira (13) em um discurso ao parlamento da Estônia que a Rússia estava usando bombas de fósforo na Ucrânia, acusando Moscou de usar táticas terroristas contra civis.

Ele não forneceu evidências e a Reuters não conseguiu verificar de forma independente a afirmação.

“Nas cidades ucranianas, que caíram sob os ataques russos, dezenas de milhares de pessoas já morreram. Nas áreas civis, a Rússia usa todo tipo de artilharia, míssil, bombas aéreas, incluindo bombas de fósforo e outras munições banidas pela lei internacional”, declarou o presidente ucraniano.

“Isso é obviamente terrorismo contra os civis, é uma tentativa de partir o espírito das pessoas, de dominar os ucranianos por décadas ou de apenas destruí-los”, afirmou.

A produção, uso e armazenagem de armas químicas é proibida desde 1997, sob a Convenção das Armas Químicas. Apesar de condenadas pelos grupos de direitos humanos, porém, as munições de fósforo branco não são banidas.

A Rússia nega utilizar armas químicas na Ucrânia e afirma que destruiu todo o seu estoque em 2017.

No discurso, Zelensky acrescentou que é preciso encontrar instrumentos para pressionar a Rússia a parar de deportar ucranianos à força. Ele pediu que as sanções à Rússia continuem, dizendo serem a única maneira de forçar o país a concordar com a paz.

Os presidentes da Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia vão a Kiev se encontrar com Zelensky nesta quarta-feira, afirmou um conselheiro do presidente polonês.

Os quatro se unem a outros líderes europeus que visitam a capital ucraniana após as forças russas se deslocarem para longe do norte do país no começo do mês.

 

- ONU registra 1.892 mortes de civis na Ucrânia desde o início da guerra

"Maioria das baixas civis registradas foi causada pelo uso de armas explosivas com uma ampla área de impacto", disse agência da ONU 

Pelo menos 1.892 civis foram mortos e 2.558 ficaram feridos desde que a guerra na Ucrânia começou em fevereiro, segundo as Nações Unidas.

O número de mortes registradas inclui 478 homens, 308 mulheres, 30 meninas e 52 meninos, bem como 71 crianças e 953 adultos cujo sexo ainda é desconhecido, disse o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) em comunicado na terça-feira (12).

“A maioria das baixas civis registradas foi causada pelo uso de armas explosivas com uma ampla área de impacto, incluindo bombardeios de artilharia pesada e sistemas de foguetes de lançamento múltiplo, mísseis e ataques aéreos”, afirmou.

Os números reais de vítimas podem ser consideravelmente maiores devido a um atraso nos relatórios de alguns locais, acrescentou o OHCHR. Isso inclui áreas como a cidade sitiada de Mariupol, no sudeste, onde “os números estão sendo corroborados”.

A Procuradoria-Geral da Ucrânia relatou um número maior de mortes de crianças. Em um comunicado na quarta-feira, o país disse que 191 crianças foram mortas e mais de 349 ficaram feridas desde o início da invasão russa.

 

- Presidentes da Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia vão a Kiev

Os presidentes da Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia anunciaram hoje (13) que estão a caminho de Kiev para se encontrar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Em publicações divulgadas no Twitter, é mostrado o exterior de uma carruagem de passageiros da ferrovia ucraniana, sem mais detalhes sobre a viagem.

"Estamos em visita à Ucrânia para mostrar forte apoio ao povo, encontraremos o querido amigo presidente Zelensky", disse o presidente da Estônia, Alar Karis, em sua publicação.

O presidente polaco, Andrzej Duda, o da Lituânia, Gitanas Nauseda, e o da Letônia, Egils Levits, também participam da viagem.

A visita ocorre após o encontro dessa terça-feira (12) em Varsóvia, entre Duda e o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, cuja intenção era juntar-se a essa visita, mas a quem Zelensky disse, de Kiev, que a sua presença era indesejada.

O próprio Steinmeier explicou mais tarde, ainda na capital polaca e perante a imprensa do seu país, que a recusa foi comunicada a partir de Kiev, e que a lamenta.

O objetivo da visita de hoje dos quatro líderes é mostrar "solidariedade europeia" à Ucrânia, explicaram fontes da presidência polaca, citada pela agência Efe.

A rejeição ucraniana da presença do presidente alemão deve-se às suas antigas ligações com o gasoduto germano-russo Nord Stream, o suporte da atual dependência da Alemanha do gás russo.

Steinmeier foi ministro dos Negócios Estrangeiros do social-democrata Gerhard Schröder, que assinou o acordo para a construção do primeiro gasoduto com o presidente russo, Vladimir Putin, em 2005.

Posteriormente, foi chefe dos Negócios Estrangeiros em duas legislaturas da chanceler conservadora Angela Merkel, sob cujo mandato entrou em operação o Nord Stream 1 e foi decidida a construção do Nord Stream 2, projeto que não parou, apesar da anexação da Crimeia, em 2014.

Steinmeier, como todo o Partido Social Democrata Alemão (SPD), foi criticado por "proximidade com Moscou".

O embaixador da Ucrânia na Alemanha, Andrij Melnyk, declarou ontem à noite que uma visita do chanceler alemão, Olaf Scholz, que tem pedido a proibição das importações, não apenas de carvão, mas também de gás e petróleo russos, já seria bem-vinda ao seu país.

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase 2 mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais cerca de 4,5 milhões para países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento à Ucrânia e o reforço de sanções econômicas e políticas a Moscou.

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil