Política

Emmanuel Macron é reeleito presidente da França





Os franceses reelegeram Emmanuel Macron (A Repúbica em Marcha!) para um novo mandato neste domingo (24.abr.2022), segundo estimativas da Ipsos-Sopra Steria. 

Os números mostram que o político de centro superou a candidata da direita, Marine Le Pen (Agrupamento Nacional) no resultado do 2º turno e governará a França até 2027.

As projeções mostram Macron com 58,2% dos votos para um novo mandatono governo francês. A candidata Marine Le Pen (Agrupamento Nacional) aparece com 41,8%. A posse deve acontecer até 13 maio. O resultado final do pleito ainda não foi divulgado.

A vitória rompeu com uma tradição desfavorável ao candidato incumbente nos últimos 20 anos. Será a 1ª vez desde Jacques Chirac (1995-2007), em 2002, que um presidente é reeleito no país. Na ocasião, Chirac derrotou Jean-Marie Le Pen, pai de Marine Le Pen, com 82% dos votos.

As urnas abriram às 8h (horário local, 3h de Brasília) e fecharam às 20h (15h de Brasília). A Ipsos-Sopra Steria estima abstenção de 28,2%.

Essa é a 2ª maior abstenção na história da 5ª República Francesa, inaugurada em 1958 pelo então presidente Charles de Gaulle. Em 1969, 31,2% dos franceses deixaram de ir às urnas na disputa entre o conservador George Pompidou e o centrista Alain Poher. 

O Ifop-Fiducial projeta Macron com 58% dos votos. Le Pen, com 42%. A abstenção é idêntica à divulgada pela Ipsos.

Em discurso depois da divulgação das estimativas, Macron disse que muitos franceses votaram nele para impedir “a chegada da extrema-direita ao poder“.

“Muitos dos nossos compatriotas votaram hoje não para apoiar as minhas ideias que eu levo, mas para barrar as ideias da extrema-direita”, disse.

Marine Le Pen admitiu a derrota para Macron. Em pronunciamento, ela comemorou os votos recebidos e descartou a aposentadoria.

É claro que gostaríamos que o resultado fosse diferente. Com mais de 43% dos votos, isso representa uma vitória marcante. Milhões de nossos compatriotas escolheram o Agrupamento Nacional”, afirmou.

 

O resultado estará em linha com o indicativo favorável a Macron das últimas pesquisas de intenção de voto divulgadas na 6ª feira (23.abr.):

  • Ipsos-Sopra Steria: 57% a 43%, com margem de erro de 3,3 pontos percentuais;
  • AtlasIntel: 53,3%, a 46,7%, com margem de erro de 2,1 p.p;
  • Ifop-Fiducial: 55% a 45%, com margem de erro de 3,1 p.p.

 

QUEM É EMMANUEL MACRON

  • Infância e formação

Emmanuel Macron tem 44 anos. Nasceu na cidade de Amiens, a cerca de 120km ao norte de Paris, localizada na região de Hauts-de-France. É o mais velho entre 3 irmãos. 

Cursou o ensino médio no instituto Lycée la Providence, colégio jesuíta em que conheceu a então professora Brigitte Auziere, 25 anos mais velha do que ele, com quem viria a se casar em 2007. Macron não tem filhos.

Ele concluiu a formação no Liceu Henri-IV, renomado colégio da elite francesa em Paris. Sua transferência para a instituição foi uma forma de seus pais encerrarem o relacionamento com Brigitte, que era casada, mas Macron prometeu retornar e assumir o compromisso. O episódio é descrito por ele em sua autobiografia “Revolução”, lançado no Brasil pela Editora Best Seller. 

Graduado em filosofia pela Universidade de Paris-Ouest Nanterre La Defense, Macron obteve um mestrado em relações públicas no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). Lá, se especializou em governança e economia. 

Serviu na embaixada francesa na Nigéria e posteriormente formou-se em serviço público na École Nationale d’Administration em 2004, em Estrasburgo, cidade sede do Parlamento Europeu. No mesmo ano, tornou-se inspetor de finanças do Ministério da Economia francês. 

Em 2008, ingressou no banco de investimentos francês Rothschild & Co, onde acumulou cerca de € 2,9 milhões e escalou rapidamente dentro do negócio e adquiriu experiência sobre os bastidores e as redes de contato entre os setores público e privado.

  • Rumo ao Palácio do Eliseu

A carreira política começou quando foi convidado em 2010 a assumir um posto de assessor econômico do então candidato a presidente François Hollande, do Partido Socialista. Com a vitória de Hollande em 2012, Macron foi nomeado vice-secretário-geral do governo e, em 2014, ministro da Economia da França. 

Abandonou a administração para concorrer como candidato de centro no partido A República em Marcha! (La Repúblique en Marche!). Aproveitando-se da impopularidade das legendas tradicionais e apostando na imagem de “outsider”, passou ao 2º turno com 24,01% dos votos e foi eleito o presidente mais jovem da França em 2017, aos 39 anos, vencendo Marine Le Pen por 66,1% a 33,9%. 

  • Mandato 

O governo Macron investiu seu capital político em um amplo processo de reformas econômicas e tributárias para viabilizar a prometida transição ecológica e desafogar o sistema de pensões de aposentadoria no país. 

A aposta deteriorou a imagem do presidente entre as camadas mais pobres. Recebeu por decretar impostos ecológicos sobre combustíveis para se comprometer com a neutralidade da emissão de carbono.

A rejeição à proposta, considerada elitista, levou a manifestações do movimento que ficou conhecido como “coletes amarelos” (gilet jaunes). 

Os protestos escalaram para uma indignação generalizada contra o governo e a proposta de reforma da Previdência de Macron. Embora tenham tido o pico entre o final de 2018 e o começo de 2019, duraram mais de 60 semanas consecutivas e comprometeram a popularidade do presidente francês.

Coletes amarelos protestam em janeiro de 2019 na Champs-Élysées, em Paris

No palco internacional, Macron buscou ocupar o vácuo da liderança europeia deixado pelo fim do governo da ex-chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Envolveu-se em um conflito diplomático com o Brasil em setembro de 2019, quando o presidente Jair Bolsonaro comentou em uma postagem que ridicularizava a aparência de Brigitte Macron em comparação à primeira-dama Michelle Bolsonaro. 

É defensor do que considera um “projeto humanista” da União Europeia e se posicionou como um dos principais mediadores de uma solução diplomática entre a Ucrânia e a Rússia. Foi o líder ocidental que mais conversou com o presidente russo Vladimir Putin em 2022.

COMO FUNCIONOU A VOTAÇÃO

O voto na França não é digital, como no Brasil. Cada eleitor se inscreveu na lista eleitoral da prefeitura onde vive até 5 semanas antes do dia da votação. 

Na zona eleitoral designada, os franceses entraram nas cabines com duas cédulas, uma com o nome de cada candidato. Depositaram a cédula escolhida em um envelope e descartaram a outra. Foram considerados inválidos envelopes com 2 votos ou nenhum. 

Fonte: Poder360