Política

Otan se diz pronta para apoiar Kiev em guerra que pode durar anos contra Rússia





Líder da aliança disse ainda que países irão ajudar Ucrânia a sair de armamentos da era soviética para equipamentos mais modernos

A Otan está pronta para apoiar a Ucrânia por anos na guerra contra a Rússia, inclusive ajudando Kiev a avançar de antigas armas da era soviética para modernos equipamentos militares ocidentais, disse o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, nesta quinta-feira (28).

“Precisamos estar preparados para o longo prazo. Há a possibilidade de que esta guerra se arraste e dure meses e anos”, disse Stoltenberg em uma cúpula de jovens em Bruxelas, acrescentando que os aliados da Otan estão se preparando para ajudar a Ucrânia a transicionar das armas do modelo soviéticopara as armas de padrão ocidental.

Ele falou após o Kremlin ter advertido que o fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia, incluindo armas pesadas, representava uma ameaça à segurança do continente europeu “e provocava instabilidade”.

O chefe da Otan disse que o Ocidente continuaria a pressionar ao máximo o presidente russo Vladimir Putin para acabar com a invasão da Ucrânia, que Moscou chama de “operação militar especial”, através de sanções e ajuda econômica e militar a Kiev.

“Os aliados da Otan estão se preparando para dar apoio durante um longo período de tempo e também ajudar a Ucrânia a transitar, passando do velho equipamento da era soviética para armas e sistemas mais modernos padrão da Otan que também exigirão mais treinamento”, disse Stoltenberg.

A maioria das armas pesadas que a Otan enviou à Ucrânia até agora são armas de construção soviética ainda nos inventários dos países-membros da Europa Oriental, mas os Estados Unidos e alguns outros aliados começaram a abastecer Kiev com howitzers ocidentais.

A Alemanha anunciou na terça-feira o envio de tanques Gepard equipados com armas antiaéreas para a Ucrânia, a primeira vez que Berlim aprovou o envio de armas pesadas para Kiev.

Os apelos da Ucrânia por armas pesadas se intensificaram desde que Moscou deslocou sua ofensiva para Donbass, uma região oriental com terreno amplamente plano e aberto visto como mais adequado para batalhas de tanques do que as áreas no norte ao redor da capital Kiev, onde grande parte dos combates anteriores ocorreram.

 

- Zelensky: 10 soldados russos foram identificados como suspeitos de crimes em Bucha

Exército da Rússia é acusado de matar deliberadamente civis na cidade ucraniana; segundo o presidente da Ucrânia, "nenhum deles fugirá da responsabilidade"

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que 10 militares russos foram identificados como suspeitos dos “crimes cometidos contra nosso povo em Bucha”.

Em seu discurso noturno postado nas redes sociais nesta quinta-feira (28), Zelensky afirmou que a investigação sobre crimes cometidos pelos soldados do exército da Rússia está em andamento. Ele acrescentou que os “primeiros dez militares russos da 64ª brigada de fuzileiros motorizados das Forças Terrestres Russas que cometeram crimes contra nosso povo em Bucha, região de Kiev, receberam o status de suspeito.”

Zelensky disse que os sobrenomes destas pessoas são conhecidos e que “está estabelecido o que eles fizeram”.

“Sabemos todos os detalhes sobre eles e suas ações. E vamos encontrar todos. Assim como encontraremos todos os outros bandidos russos que mataram e torturaram ucranianos, que atormentaram nosso povo. Que destruíram casas e infraestrutura civil na Ucrânia”, adicionou o presidente, destacando também que nenhum deles fugirá da responsabilidade.

No início de abril, surgiram imagens de Bucha mostrando corpos deitados nas ruas e relatos de atrocidades russas quando o exército invasor recuou de áreas próximas a Kiev.

Zelensky classificou o caso como “genocídio” e as supostas atrocidades em Bucha atraíram indignação internacional, com líderes ocidentais pedindo investigações de crimes de guerra e novas sanções à Rússia. O Ministério da Defesa da Rússia negou a responsabilidade e disse que “nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta” em Bucha.

 

- Moscou acusa Ocidente de incentivar ataques ucranianos à Rússia

Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, disse que os países ocidentais devem levar a sério quando a Rússia diz que responderá a altura ataques em seu território

“Os países ocidentais estão pedindo abertamente que a Ucrânia ataque a Rússia”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, nesta quinta-feira (28).

Ela acrescentou que o Ocidente deve levar Moscou a sério quando disser que ataques em território russo levarão a uma resposta a altura.

“Gostaria que em Kiev e nas capitais ocidentais levassem a sério as afirmações do Ministério da Defesa do nosso país de que a continuação das provocações da Ucrânia para atingir alvos russos levará certamente a uma resposta dura da Rússia. Não aconselhamos que continuem testando nossa paciência”, disse Zakharova em um briefing.

A Rússia relatou uma série de explosões no sul do país e um incêndio em um depósito de munição na quarta-feira, o mais recente de uma série de incidentes que um alto funcionário ucraniano descreveu como vingança e “carma” pela invasão de Moscou.

A representante oficial do Ministério russo alertou ainda que as armas enviadas pelo Ocidente aos batalhões ucranianos podem acabar tendo destinos diferentes do proposto:

“Veem-se bem os paralelos com os acontecimentos sírios, quando as armas fornecidas em massa pelo Ocidente à chamada oposição moderada síria eram vendidas no mercado paralelo e acabaram nas mãos dos terroristas do Estado Islâmico“, acrescentou ela.

 

- Reino Unido diz que frota russa no Mar Negro mantém capacidade de atacar Ucrânia

Apesar de naufrágio do cruzador Moskva, britânicos afirmam que esquadra da Rússia pode continuar causando danos à defesa ucraniana

A frota russa do Mar Negro mantém a capacidade de atacar alvos ucranianos e costeiros, apesar das perdas do navio de desembarque Saratov e do cruzador Moskva, disse o Ministério da Defesa do Reino Unido nesta quinta-feira (28).

Cerca de 20 navios da Marinha Russa, incluindo submarinos, estão na zona operacional do Mar Negro, disse o ministério em post no Twitter

“O Estreito de Bósforo permanece fechado para todos os navios de guerra não turcos, tornando a Rússia incapaz de substituir seu cruzador perdido Moskva no Mar Negro”, acrescentou o boletim regular.

A Reuters não pôde verificar imediatamente o relatório.

Fonte: CNN Brasil com informações da Reuters