Economia

Ibovespa sobe 0,52% em dia de sessão volátil; dólar fecha abaixo de R$ 5





Mineradora brasileira divulgou ontem à noite uma queda de 24% no seu lucro líquido do primeiro trimestre, frustrando expectativas do mercado

O Ibovespa fechou em alta de 0,52% nesta quinta-feira (28), aos 109.919 pontos, diante de disparada em Wall Street. Vale e Petrobras eram as principais responsáveis pela alta do índice, enquanto bancos estavam entre os destaques de baixa na ponta oposta.

dólar à vista, por sua vez, caiu 0,56%, a R$ 4,9402, fechando o pregão na maior queda em mais de uma semana, com a moeda brasileira entre os melhores desempenhos globais após mais cedo tocar mínimas desde meados de março.

“O dia tem um leve tom de otimismo internacional refletido nos balanços trimestrais de grandes empresas nos Estados Unidos e na Europa. Nesta toada e ainda repercutindo notícias internas, sobretudo na seara corporativa, o índice tenta emplacar uma segunda sessão seguida de alta”, disse Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos. Ela cita volatilidade por causa da bateria de balanços e dados econômicos pelo globo.

O Ibovespa teve abertura positiva, mas reverteu ganhos no final da manhã, à medida que a Vale e os principais índices acionários em Nova York perderam força. O Dow Jones, por exemplo, que avançava 1,8% nesta tarde, chegou a cair 0,2% na mínima da sessão próximo de 12h.

Já na cena local, o noticiário corporativo dividia as atenções dos investidores com a agenda de dados econômicos.

As ações da Vale encerraram o pegão em alta de 2,47%, após a companhia anunciar uma recompra de até 10% das ações em circulação e de divulgar resultado financeiro do primeiro trimestre.

O papel da mineradora vivia sessão volátil, já que avançou até 4,1% na máxima do dia na abertura, também ajudado por alta do minério de ferro, mas depois chegou a tocar território negativo com acusação da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a SEC, de violações de leis de valores mobiliários pela companhia em caso referente ao desastre de Brumadinho. A Vale negou as acusações e as ações voltaram a engatar alta na bolsa paulista.

A ação da Vale é a de maior peso no Ibovespa e, portanto, seus movimentos acabam impactando no índice como um todo.

Além disso, a Petrobras, segunda empresa mais relevante do índice, registrou alta de 0,72% nos papéis ordinários e 0,67% nos preferenciais. A petroleira anunciou na véspera elevação  na produção total de petróleo e gás no primeiro trimestre em comparação anual. A estatal anuncia o balanço consolidado em 5 de maio.

Wall Street

A sessão em Wall Street encerrou em alta acentuada nesta quinta-feira, depois que um forte relatório trimestral da Meta Platforms impulsionou as combalidas ações de tecnologia e de crescimento e compensou preocupações com a contração da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 ganhou 2,54%, para 4.290,03 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 3,14%, para 12.880,90. O Dow Jones subiu 1,86%, para 33.920,08 pontos.

 

Confira outras notícias 

- Governo Central tem déficit primário de R$ 6,3 bi em março

As desonerações para combustíveis, produtos industrializados e os gastos com o Auxílio Brasil ainda estão tendo pouco impacto nas contas públicas. Em março, o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou déficit primário de R$ 6,304 bilhões.

O resultado veio levemente melhor que o esperado pelas instituições financeiras. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Economia, os analistas de mercado esperavam resultado negativo de R$ 8,3 bilhões no mês passado.

Em relação a março do ano passado, porém, houve piora. No mesmo mês de 2021, o Governo Central tinha registrado superávit primário de R$ 2,039 bilhões. Naquela ocasião, no entanto, o resultado tinha sido inflado porque a aprovação do Orçamento de 2021 no Congresso atrasou, o que reduziu o gasto no início do ano passado.

O resultado primário representa a diferença entre as receitas e os gastos, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. Apesar do déficit primário em março, o Governo Central acumula superávit recorde de R$ 49,627 bilhões nos três primeiros meses do ano. Isso foi garantido pelo resultado positivo recorde de R$ 76,539 bilhões em janeiro.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estipula meta de déficit primário de R$ 170,5 bilhões para este ano. No fim de março, o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas reduziu a estimativa de déficit para R$ 66,9 bilhões, mas o valor levado em conta para o cumprimento das metas fiscais é o da LDO.

Arrecadação atípica

O déficit de março ocorreu porque as despesas continuaram a crescer em ritmo maior que as receitas. No mês passado, as receitas líquidas cresceram 18,8% em relação a março do ano passado em valores nominais. Descontada a inflação, o crescimento ficou 6,7% acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). As despesas totais cresceram 26,3% em valores nominais e 13,5% acima do IPCA na mesma comparação.

No mês passado, dois fatores impulsionaram o crescimento das receitas. O primeiro foi a alta arrecadação registrada em março. Apesar das desonerações para combustíveis e para produtos industrializados, as receitas do governo sentiram apenas o impacto parcial das medidas porque elas entraram em vigor no fim de fevereiro.

O outro fator não está relacionado com a arrecadação de tributos, mas com a alta do petróleo no mercado internacional. As receitas com royalties cresceram R$ 1,11 bilhão (+26,2%) acima do IPCA em março na comparação com o mesmo mês do ano passado. Atualmente, a cotação do barril internacional está em torno de US$ 100 por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Despesas

Do lado das despesas, aumentaram os gastos com despesas obrigatórias com controle de fluxo, que subiram R$ 4,6 bilhões (+32,7%) acima da inflação em março na comparação com o mesmo mês de 2021. No acumulado do ano, o aumento chega a R$ 14,3 bilhões (+37%) acima do IPCA. A alta foi impulsionada pelo pagamento do benefício mínimo de R$ 400 do Auxílio Brasil.

Em contrapartida, os gastos com o funcionalismo federal caíram 8,1% no acumulado do ano descontada a inflação, refletindo o congelamento de salários dos servidores públicos que vigorou entre junho de 2020 e dezembro de 2021. As despesas com a Previdência Social ficaram estáveis, também considerando a inflação, por causa da reforma aprovada em 2019.

Em relação aos investimentos (obras públicas e compra de equipamentos), o governo federal investiu R$ 7,83 bilhões nos três primeiros meses do ano, alta de 115,4% em relação ao mesmo período de 2021, descontada a inflação pelo IPCA. A alta ocorre perante uma base fraca de comparação. No ano passado, o Orçamento foi sancionado apenas em abril, e os investimentos no primeiro quadrimestre foram executados apenas com restos a pagar (verbas autorizadas em anos anteriores).

 

- Dívida Pública cai 2,89% em março e fica em R$ 5,56 trilhões

A concentração de vencimento de títulos corrigidos pela taxa Selic fez a Dívida Pública Federal (DPF) cair significativamente em março. Segundo números divulgados hoje (28) pelo Tesouro Nacional, a DPF passou de R$ 5,73 trilhões em fevereiro para R$ 5,564 trilhões no mês passado, queda de 2,89%.

Apesar da queda em março, o Tesouro prevê que a DPF subirá nos próximos meses. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), apresentado no fim de janeiro, o estoque da DPF deve encerrar 2022 entre R$ 6 trilhões e R$ 6,4 trilhões.

A Dívida Pública Mobiliária (em títulos) interna (DPMFi) caiu 2,69%, passando de R$ 5,49 trilhões em fevereiro para R$ 5,342 trilhões em março. No mês passado, o Tesouro resgatou R$ 204,31 bilhões em títulos a mais do que emitiu, principalmente em papéis corrigidos pela taxa Selic (juros básicos da economia).

O resgate líquido foi parcialmente compensado pela apropriação de R$ 56,44 bilhões em juros. Por meio da apropriação de juros, o governo reconhece, mês a mês, a correção dos juros que incide sobre os títulos e incorpora o valor ao estoque da dívida pública. Com a taxa Selic (juros básicos da economia) subindo desde agosto do ano passado, a apropriação de juros aumenta.

No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 66,97 bilhões em títulos da DPMFi. No entanto, os resgates somaram R$ 271,28 bilhões, quase a totalidade em títulos corrigidos pela Selic, que costumam vencer no último mês de cada trimestre.

A queda do dólar também contribuiu para diminuir o endividamento do governo. A Dívida Pública Federal externa (DPFe) caiu 7,3%, passando de R$ 240,01 bilhões em fevereiro para R$ 222,5 bilhões em março. O principal fator foi a queda de 7,81% do dólar no mês passado.

Colchão

Depois de dois meses seguidos de alta, o colchão da dívida pública (reserva financeira usada em momentos de turbulência ou de forte concentração de vencimentos) caiu em março. Essa reserva passou de R$ 1,278 trilhão em fevereiro para R$ 1,073 trilhão no mês passado.

Atualmente, o colchão cobre quase um ano de vencimentos da dívida pública. Nos próximos 12 meses, está previsto o vencimento de R$ 1,225 trilhão em títulos federais.

Composição

O alto volume de vencimentos de títulos vinculados à Selic mudou a composição da DPF. A proporção dos papéis corrigidos pelos juros básicos caiu de 39,11% para 36,22%. Apesar do recuo em março, o PAF prevê que o indicador feche 2022 entre 38% e 42%. Esse tipo de papel voltou a atrair o interesse dos compradores por causa das recentes altas da Selic.

A fatia de títulos prefixados (com rendimento definido no momento da emissão), que vinha tinha caído bastante nos últimos meses, recuperou-se e subiu de 26,89% para 28,27%. O PAF prevê que a parcela da Dívida Pública Federal corrigida por esse indicador terminará o ano entre 24% e 28%.

O Tesouro tem lançado menos papéis prefixados, por causa da turbulência no mercado financeiro nos últimos meses. Esses títulos têm demanda maior em momento de estabilidade econômica.

A fatia de títulos corrigidos pela inflação na DPF subiu, passando de 29,56% para 31,28%. O PAF prevê que os títulos vinculados à inflação encerrarão o ano entre 27% e 31%.

Composto por antigos títulos da dívida interna corrigidos em dólar e pela dívida externa, o peso do câmbio na dívida pública passou de 4,44% para 4,23%. A dívida pública vinculada ao câmbio está dentro dos limites estabelecidos pelo PAF para o fim de 2022, entre 3% e 7%.

Detentores

As instituições financeiras seguem como principais detentoras da Dívida Pública Federal interna, com 29,5% de participação no estoque. Os fundos de investimento, com 23,3%, e os fundos de pensão, com 22,9%, aparecem em seguida na lista de detentores da dívida.

Depois de fechar 2021 no maior nível desde antes da pandemia da covid-19, a participação dos não residentes (estrangeiros) caiu de 10% em fevereiro para 9,4% em março. Os demais grupos somam 14,9% de participação, segundo os dados apurados no mês.

Por meio da dívida pública, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos financeiros. Em troca, compromete-se a devolver os recursos depois de alguns anos, com alguma correção, que pode seguir a taxa Selic (juros básicos da economia), a inflação, o dólar ou ser prefixada (definida com antecedência).

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil