Política

Comissão Europeia anuncia boicote progressivo ao petróleo russo





A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou hoje (4) ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o sexto pacote de sanções contra a Rússia, que inclui corte progressivo das importações de petróleo - até o boicote completo.

O objetivo, afirmou Ursula von der Leyen, é “banir todo o petróleo russo até o fim do ano”, de “forma ordeira e planejada”. Isso para permitir "que os parceiros europeus consigam encontrar alternativas”.

“Todo o petróleo, marítimo e por oleoduto, bruto e refinado”, disse a presidente da comissão. A Rússia assegura 45% das importações europeias de gás. Fornece ainda 25% do petróleo e 45% do carvão.

“Iremos eliminar gradualmente o fornecimento russo de petróleo bruto no prazo de seis meses e de produtos refinados até o fim do ano. Assim, aumentamos a pressão sobre a Rússia, ao mesmo tempo em que reduzimos os danos colaterais para nós e nossos parceiros em todo o mundo”, acrscentou.

Segundo Von der Leyen, não será fácil, alguns Estados-membros são fortemente dependentes do petróleo russo. "Mas nós simplesmente temos de trabalhar nisso”, afirmou.

Ela lembrou que no último pacote de sanções, o bloco começou com o carvão, agora aborda a dependência do petróleo russo.

Ainda segundo Von der Leyen, “para ajudar a Ucrânia” a economia comunitária “tem de permanecer forte”.

Numa primeira reação à intervenção de Ursula von der Leyen, Vladimir Dzhabarov, primeiro vice-presidente da comissão de Assuntos Internacionais da câmara alta do Parlamento russo, sustentou, em declarações citadas pela agência RIA, que a Europa acabará por continuar a comprar petróleo da Rússia por meio de outros países, uma vez implementado o embargo.

Outras medidas

No âmbito da apresentação do sexto pacote de sanções europeias à Rússia de Vladimir Putin, a presidente da comissão acenou com “investimentos maciços para atender às necessidades e às reformas necessárias” na Ucrânia, tendo em vista o pós-guerra.

“Eventualmente, será aberto caminho para o futuro da Ucrânia dentro da União Europeia”, afirmou.

Outra das medidas propostas por Bruxelas é a exclusão do banco russo Sberbank do sistema financeiro de pagamentos internacionais Swift.

A Comissão Europeia propõe ainda aplicar sanções ao patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill, de acordo com documento a que a agência France Presse teve acesso. Além disso, a nova lista inclui 58 personalidades, entre elas militares russos, assim como a esposa e os filhos de Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin.

 

 

Refugiados ucranianos aguardam decisão dos EUA para cruzar fronteira

Depois de o governo norte-americano ter anunciado o programa Uniting for Ukraine, em 21 de abril, muitos ucranianos seguiram para o México, a fim de aguardar a admissão. Já chegaram à capital mexicana 500 cidadãos ucranianos, mas o processo de verificação de documentos é demorado e circula a informação de que muitos podem não ser admitidos. Eles aguardam em um acampamento.

Quando os Estados Unidos (EUA) anunciaram, no fim de março, que aceitariam até 100 mil refugiados ucranianos, centenas entraram no México diariamente como turistas para procurar asilo norte-americano.

As regras estabelecidas por Washington para o programa de ajuda a quem foge da Ucrânia estabelecem que cada cidadão se inscreva na Europa ou em outros países, como o México.

Contudo, para um cidadão se qualificar à admissão na fronteira norte-americana, tem de ter estado em solo ucraniano em 11 de fevereiro, precisa ter patrocinador, que pode ser uma família ou uma organização, terá de ter em conta a vacinação e outros requisitos de saúde pública. Os antecedentes de cada indivíduo são verificados.

Todos os ucranianos que seguiram para o México estavam convictos de que o processo de autorização levaria uma semana, de acordo com informações de funcionários do governo norte-americano, citados pelo jornal britânico The Guardian.

Preparados para esperar alguns dias e ficar mais perto do país de acolhimento, voaram para onde foi possível: Cidade do México, Cancún ou Tijuana.

Inspetores de fronteira dos EUA levaram os ucranianos para campos de acolhimento centralizados na Cidade do México ou em Tijuana.

Tijuana

Giorgi Mikaberidze, de 19 anos, chegou a Tijuana em 25 de abril e encontrou a fronteira dos EUA fechada. Reclamou que o governo Biden tinha dado pouca informação, em um primeiro momento.

Mikaberidze teme dificuldades no processo pessoal, pois "estava visitando parentes na Geórgia, quando ocorreu a invasão russa", e não conseguiu regressar. "Queremos ir para a América porque já estamos aqui, alguns não têm nem dinheiro para voltar", declarou ao jornal.

A mãe permanece na aldeia perto de Kharkhiv, no Leste da Ucrânia, e tem medo de deixar a casa porque "as tropas russas disparam indiscriminadamente em carros que viajam na área".

Ao acampamento de refugiados em Iztapalapa, na zona leste da capital mexicana, aberto há uma semana, têm chegado todos os dias perto de 100 pessoas. Os 500 refugiados que já estão lá acomodam-se como podem, mas o mais difícil é a espera. Aguardam que o governo dos Estados Unidos lhes dê luz verde para entrar no país.

"Estamos pedindo ao governo norte-americano que o processo seja mais rápido", disse Anastasiya Polo, cofundadora da United with Ukraine, organização não governamental que colaborou com o governo mexicano para a instalação do campo.

Alguns dos primeiros cidadãos que chegaram receberam e-mails das autoridades informando que já estavam verificando os documentos e a informação dos patrocinadores. Anastasiya observou que ainda não ouviu falar de nenhum patrocinador que tivesse sido aprovado.

"Essas pessoas não podem ficar nesse acampamento, porque é temporário", disse. Mais de 100 dos moradores do campo são crianças.

Cidade do México

O acampamento da Cidade do México oferece lugar seguro para esperar, afirma a organização. Foi erguido dentro de um grande complexo desportivo, onde os refugiados têm acesso aos campos de futebol, vólei ou mesmo às áreas de piscinas para praticar natação.

Eles foram alertados que, caso queiram deixar o complexo, são livres para o fazer, mas deixam de usufruir da segurança existente no recinto. Iztapalapa é o bairro mais populoso da capital e é também um dos mais perigosos.

Fonte: Agência Brasil