Política

70 governadores foram reeleitos nos Estados desde 1998





Rio Grande do Sul é o único Estado que nunca reelegeu um governador; foram 5 tentativas

 

Com a eleição de 2022 marcada para 2 de outubro, faltam exatamente 160 dias para o 1º turno das eleições gerais no Brasil. O pleito deste ano marca os 25 anos desde que a reeleição para ocupantes do Poder Executivo no governo foi aprovado no Brasil pela emc (emenda constitucional) nº 16, de 1997.

Poder360 levantou os dados com informações eleitorais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e consulta pública. A reportagem apurou sobre quais nomes foram reeleitos de 1998 (quando passou a valer a Lei da Reeleição) a 2022.

Desde então, 97 governadores foram às urnas em busca de mais um mandato. Desses, 70 tiveram sucesso -equivalente a 72%.

CENÁRIO OTIMISTA

Segundo o cientista político e consultor econômico da FLE (Fundação da Liberdade Econômica), Paulo Kramer, a taxa de governadores reeleitos desde 1998 representa “a força da máquina administrativa na mão dos executivos”.

Kramer analisa que 2022 representará o movimento classificado por ele como “eleição da reeleição”.

“Os governadores estão cheios de dinheiro de transferências federais que o governo passou em decorrência dos 2 anos de pandemia. Eles estão com muito dinheiro, logo é uma disputa favorável aos incumbentes”.

RANKING DOS ESTADOS

Amazonas, Piauí, Roraima e Sergipe foram as UFs (unidades da federação) que mais reconduziram governadores mais reelegeram governadores. Foram 4 vezes em 6 eleições estaduais desde 1998.

EXPERTS

Só 4 políticos conseguiram duas reeleições. Leia a lista:

  • Geraldo Alckmin (SP), pelo PSDB, em 2002 e 2014;
  • Marconi Perillo (GO), pelo PSDB, em 2002 e 2014;
  • Waldez Goes (AP), pelo PDT, em 2006 e 2018;
  • Wellington Dias (PI), pelo PT, em 2006 e 2018.

REDUTOS PARTIDÁRIOS

O caso mais conhecido é o de São Paulo, governado pelo PSDB desde 1995 (sem contar vices de outras siglas que assumiram logo antes da eleição). O PSB governa Pernambuco desde 2007, assim como o PT na Bahia. Os petistas também lideraram no Acre de 1999 a 2018.

ÚNICO SEM REELEIÇÃO

O Rio Grande do Sul nunca reelegeu um governador. Houve 5 tentativas: Antônio Britto (MDB) em 1998, Germano Rigotto (MDB) em 2006, Yeda Crusius (PSDB) em 2010, Tarso Genro (PT) em 2014 e José Ivo Sartori (MDB) em 2018.

Kramer analisa a taxa como uma consequência histórica e econômica das revoluções no RS e falta de controle nos gastos públicos estaduais.

“A política no Rio Grande do Sul é muito polarizada. Recuando na história, o Estado já foi palco da Revolução Federalista (1893-1895) e da Revolução no Rio Grande do Sul (1930). Os manifestantes contestam o monopólio de poder dos partidos e os federalistas insurgiram contra as fraudes eleitorais”.

HISTÓRICO

Nas eleições de outubro, 20 governadores devem tentar novo mandato de 4 anos. Eis a lista:

METODOLOGIA

Poder360 levantou todos os candidatos à reeleição de 1998 (quando passou a valer a Lei da Reeleição) a 2022 com informações eleitorais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e consulta pública.

SAIBA COMO FOI APROVADA A EMENDA DA REELEIÇÃO

Este jornal digital mostrou que a EMC  nº 16, de 1997, beneficiou a todos que já exerciam mandatos à época, como prefeitos e governadores, e também o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que, no ano seguinte, 1998, pode se candidatar a mais 4 anos no Planalto e se reeleger.

Em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo em 6 de setembro de 2020 (23 anos depois da aprovação), Fernando Henrique, 89 anos, escreveu que foi um “erro” a aprovação da mudança de 1997.

“Cabe aqui um ‘mea culpa’. Permiti, e por fim aceitei, o instituto da reeleição […]. Sabia, e continuo pensando assim, que um mandato de 4 anos é pouco para ‘fazer algo’. Tinha em mente o que acontece nos Estados Unidos. Visto hoje, entretanto, imaginar que os presidentes não farão o impossível para ganhar a reeleição é ingenuidade”. Entenda mais aqui.

PODERDATA

São 30% os brasileiros que avaliam o trabalho dos governadores como “ótimo”ou “bom”, diz última pesquisa sobre o tema do PoderData. A taxa é bem próxima das demais. 34% consideram o desempenho do Executivo Estadual como “regular” e outros 33% como “ruim” ou “péssimo”.

A avaliação positiva sobre os governadores subiu de 23% para 30% desde a penúltima vez que a pergunta foi feita pelo PoderData, em dezembro de 2021. Os números apontam que houve uma migração dos que avaliavam a atuação dos governadores como “regular” para “ótimo” ou “bom”.

Fonte: Poder360