Política

Ucrânia tem milhares de mortos a mais do que número oficial, diz ONU





Chefe da Missão de Direitos Humanos das Nações Unidas no país afirma que "grande buraco negro" é Mariupol, onde as equipes tem dificuldade de acesso e contagem

Milhares de civis foram mortos na Ucrânia durante quase onze semanas de guerra além do número oficial de mortos da ONU de 3.381, disse a chefe da Missão de Monitoramento de Direitos Humanos da ONU no país, Matilda Bogner, nesta terça-feira (10).

“Estamos trabalhando em estimativas, mas tudo o que posso dizer por enquanto é que são milhares a mais do que os números que demos anteriormente a vocês”, disse Matilda Bogner em entrevista coletiva em Genebra, quando questionada sobre o número total de mortes e lesões.

“O grande buraco negro é realmente Mariupol, onde tem sido difícil que tenhamos acesso totalmente e obter informações totalmente corroboradas”, acrescentou, referindo-se à cidade portuária no sudeste da Ucrânia que viu os combates mais pesados ​​da guerra.

A equipe da ONU, que inclui 55 monitores na Ucrânia, disse que a maioria das mortes ocorreu pelo uso de armas explosivas com uma ampla área de impacto, como mísseis e ataques aéreos.

Moscou nega atacar civis e chama sua invasão, lançada em 24 de fevereiro, de uma “operação militar especial” para desarmar a Ucrânia e livrá-la do que chama de nacionalistas anti-russos fomentados pelo Ocidente. A Ucrânia e o Ocidente dizem que este é um falso pretexto para travar uma guerra de agressão não provocada.

Bogner disse que sua equipe também está investigando o que ela descreveu como “alegações críveis” de tortura, maus-tratos e execuções por forças ucranianas contra as forças invasoras russas e grupos armados afiliados.

“Em termos da extensão das violações pelas forças ucranianas, embora a escala seja significativamente maior do lado das alegações contra as forças russas, também estamos documentando violações das forças ucranianas”, disse ela.

 

- OMS relata 200 ataques a estruturas de saúde na Ucrânia desde início da guerra

Após passar dois dias na Ucrânia, diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, disse que entende o que os ucranianos sentem e pediu que a Rússia pare com a guerra

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já relatou 200 ataques a instalações de saúde na Ucrânia desde o início da guerra, disse o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus nesta terça-feira (10), pedindo à Rússia “que pare com essa guerra”.

Falando de Kiev depois de passar dois dias na Ucrânia, Tedros disse que ficou “profundamente comovido” com o que viu e ouviu.

Tedros disse que os ataques a instalações de saúde “devem parar”, acrescentando: “Há um remédio que a OMS não pode fornecer e que a Ucrânia precisa mais do que qualquer outro, e esse remédio é a paz”.

“Por isso, continuamos a pedir à Federação Russa que pare esta guerra”, disse ele.

Tedros disse que discutiu a situação da saúde no país com autoridades ucranianas e disse que a OMS continuará apoiando o sistema de saúde da Ucrânia.

“Minha mensagem para todo o povo da Ucrânia é que a OMS está com você”, disse ele.

O chefe da OMS disse que, apesar da devastação, ele também viu “resiliência extraordinária” na Ucrânia, enquanto as pessoas tentam retomar suas vidas.

“Meu tempo aqui me afetou muito pessoalmente”, disse ele.

“Como alguém que cresceu em uma zona de guerra, entendo muito bem como o povo da Ucrânia se sente”, disse.

“Conheço o impacto, conheço a devastação da guerra em primeira mão e me senti muito, muito triste quando a Rússia invadiu a Ucrânia”, concluiu.

 

- Cidade ucraniana de Odessa apaga incêndios após ataques russos em feriado

Mísseis russos atingiram região portuária do país no dia em que presidente da Rússia, Vladimir Putin, liderou comemorações de feriado em Moscou 

Bombeiros combateram incêndios em Odessa até a madrugada desta terça-feira (10), depois que mísseis russos atingiram a cidade portuária ucraniana no dia em que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, liderou as comemorações em Moscou para marcar a vitória soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

Em um discurso desafiador do Dia da Vitória na segunda-feira, Putin fez um apelo aos russos a lutarem por sua pátria, mas ficou em silêncio sobre os planos de qualquer escalada.

Na Ucrânia, não houve trégua nos combates, com ataques russos a alvos no leste e no sul e um esforço renovado das forças do Kremlin para derrotar as últimas tropas ucranianas que resistiam em uma siderúrgica nas ruínas de Mariupol.

Pelo menos 100 civis permanecem presos na siderúrgica, que seguiu sob forte fogo russo, disse um assessor do prefeito de Mariupol nesta terça-feira.

Sirenes de ataques aéreos podiam ser ouvidas em várias regiões da Ucrânia na terça-feira, incluindo Luhansk, Kharkiv e Dnipro.

Serhiy Gaidai, governador de Luhansk, disse que a região foi atacada 22 vezes nas últimas 24 horas.

“Durante o dia 9 de maio, os russos dispararam em massa em todas as rotas possíveis na região.”

Em Moscou, durante o desfile anual –com os habituais mísseis balísticos e tanques– Putin disse aos russos que eles estavam novamente lutando contra os “nazistas”.

“Vocês estão lutando pela Pátria, por seu futuro, para que ninguém esqueça as lições da Segunda Guerra Mundial. Para que não haja lugar no mundo para carrascos, castigadores e nazistas”, disse Putin.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, em seu próprio discurso na segunda-feira, prometeu que os ucranianos vencerão.

“No Dia da Vitória sobre o nazismo, lutamos por uma nova vitória. O caminho para isso é difícil, mas não temos dúvidas de que venceremos”, afirmou Zelenskiy.

Em Odessa, onde está o principal porto de exportação de produtos agrícolas do Mar Negro, uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas quando sete mísseis atingiram um shopping center e um depósito, disseram as Forças Armadas da Ucrânia no Facebook.

Imagens de vídeo do local mostraram bombeiros e equipes de resgate vasculhando pilhas de escombros e encharcando os destroços ainda fumegantes. Os serviços de emergência ucranianos disseram que todos os incêndios provocados pelos ataques foram extintos na terça-feira.

A Ucrânia e seus aliados vêm tentando encontrar uma maneira de desbloquear portos ou fornecer rotas alternativas para exportar suas safras significativas de grãos, trigo e milho.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, visitou Odessa na segunda-feira, e seu encontro com o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, foi interrompido pelo ataque com mísseis.

As conversas continuaram em um abrigo antiaéreo, de acordo com a conta oficial de Shmyhal no Twitter.

Na cidade de Bogodukhov, a noroeste de Kharkiv, quatro pessoas foram mortas e várias casas foram destruídas em ataques russos na segunda-feira, disseram autoridades de Kharkiv, segundo a mídia local.

Fonte: CNN Brasi