Política

Governo quer segurar preços do diesel via conselho da Petrobras





Ideia é forçar discussão sobre “função social” da estatal, por causa da guerra na Ucrânia; margem de lucro seria reduzida

O governo federal quer segurar os preços do óleo diesel via Petrobras. Isso seria feito por meio do conselho de administração da estatal, no qual a União tem 6 das 11 cadeiras. O Poder360 apurou que a ideia é forçar uma discussão sobre a “função social” da Petrobras, alegando que a guerra na Ucrânia criou um ambiente de instabilidade e, portanto, a medida seria emergencial.

Dessa forma, a Petrobras teria que reduzir sua margem de lucro e arcar com a defasagem entre os preços praticados no mercado interno e os internacionais, reajustando os combustíveis com menos frequência.

Na 2ª feira (9.mai.2022), a Petrobras reajustou o óleo diesel vendido em suas refinarias pela 3ª vez este ano. O aumento foi de 8,9%, enquanto a alta acumulada em 2022 chega a cerca de 40%. Isso porque a estatal adota o preço de paridade internacional (PPI), que equipara os valores praticados no mercado interno aos internacionais.

Os aumentos já derrubaram 2 presidentes da estatal: Roberto Castello Branco, em 2021; e Joaquim Luna e Silva, há 1 mês. Na última 4ª feira (11.mai), foi a vez do ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia), substituído por Adolfo Sachsida, que integrava a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia).

Segundo apurou o Poder360, há na equipe econômica -e o novo ministro de Minas e Energia concorda- a ideia de estabilizar os preços no nível atual, de R$ 4,91 por litro nas refinarias. Dessa forma, mesmo que os preços baixem no mercado internacional, o valor do diesel não seria reduzido pela Petrobras.

Poder360 ouviu dentro do governo que “isso daria uma gordura para a Petrobras não ter de aumentar os preços caso haja alguma alta abrupta do petróleo”.

A cotação do barril tem estado instável com a guerra na Ucrânia e o aumento dos casos de covid-19 na China. Se, por um lado, as sanções ao petróleo russo e a consequente redução da oferta aumentam o preço do Brent, por outro, a perspectiva de redução na demanda chinesa faz o valor cair.

Ainda assim, o barril tem estado em patamares vistos só em 2014. Isso e o aumento das exportações de petróleo da Petrobras levaram a estatal a reportar lucros de R$ 44,6 bilhões no 1º trimestre de 2022, superando grandes companhias do mercado. Logo depois, a estatal anunciou distribuição de R$ 48,5 bilhões em dividendos, dos quais a União receberá R$ 17,7 bilhões.

Desde que a Petrobras reportou seus resultados, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem criticado os lucros da estatal. Disse que a estatal lucra “às custas do povo” e que “o Brasil não aguenta mais um reajuste de combustível“.

Como mostrou o Poder360, Bolsonaro tem a 2ª maior alta nos combustíveis desde a abertura do mercado, em 2002.

Fonte: Poder360