Política

Para não ficar 'sozinha', Suécia decide apresentar pedido de adesão à Otan





A Suécia solicitará sua adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), anunciou hoje a primeira-ministra, Magdalena Andersson, destacando que isto significa uma nova "era" para o país escandinavo. A decisão da Suécia acontece um dia após a Finlândia ter formalizado sua intenção de entrar na aliança militar.

"A Suécia ficaria sozinha fora da Otan em uma posição muito vulnerável", disse Andersson. Ela disse que "o governo decidiu informar a Otan sobre a vontade da Suécia de virar um membro da aliança", afirmou em pronunciamento à imprensa. "Deixamos uma era para entrar em uma nova", disse a primeira-ministra.

O anúncio foi feito por Andersson ao lado de Ulf Kristersson, líder da oposição. "Temos muitas e grandes questões onde pensamos de forma diferente. Mas vamos assumir conjuntamente a responsabilidade pelo processo de trazer a Suécia para a Otan", disse Kristersson, segundo o jornal Hallands Nyheter. "O fato de estarmos aqui juntos é um sinal de força para a Suécia", completou a primeira-ministra.

O embaixador da Suécia na Otan em breve transmitirá que o país quer se juntar à aliança de defesa, segundo Andersson. Ela estima que isso deve acontecer até quarta-feira (18) e que o pedido de adesão poderá ser apresentado em conjunto com a Finlândia.

"Esperamos que (a adesão) não demore mais de um ano", com a necessária ratificação pelos 30 membros da Aliança, declarou Andersson. "A melhor coisa para a Suécia e a população sueca é aderir à Otan."

Mais cedo, a Suécia fez, em seu Parlamento, um debate para deliberações de política de segurança. O anúncio veio logo depois de quase todos os partidos do Parlamento sueco expressarem apoio ao pedido de adesão. A sigla de Andersson, o Partido Social-Democrata, já havia abandonado uma oposição de 73 anos contra a entrada na Otan.

O movimento sueco para integrar a Otan é decorrente da invasão russa ao território ucraniano. Hoje, a guerra da Rússia na Ucrânia entrou em seu 82º dia.

A decisão sueca deve encerrar os seus cerca de 200 anos de neutralidademilitar. Desde o início da invasão das tropas russas a e com as ameaças de Moscou de instalar armas nucleares na região do Báltico caso a Finlândia e Suécia entrem na Otan, a sensação de vulnerabilidade explodiu nos dois países.

Nos últimos anos, a Suécia tem se sentindo ameaçada com várias violações do espaço aéreo relatadas por aeronaves militares russas. Em 2014, um submarino russo foi identificado no arquipélago de Estocolmo. Após esses episódios, o exército da Suécia voltou a ocupar a estratégica ilha de Gotland, no mar Báltico.

"Resposta" de Putin

O presidente russo, Vladimir Putin, disse hoje que haverá uma "resposta" caso a Finlândia e a Suécia entrem na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). "A expansão da infraestrutura militar para este território certamente causará nossa resposta", disse Putin, segundo a agência russa Tass. "Vamos analisar o que será [a resposta] com base nas ameaças que serão criadas para nós."

Putin, porém, disse que a Rússia "não tem problemas" com Finlândia e Suécia, e que eles não representariam uma "ameaça direta".

Para o presidente russo, a expansão da Otan é artificial, indo além de seu propósito geográfico. Na avaliação de Putin, a aliança militar poderia não influenciar da melhor maneira outras regiões.

Debate

Na Finlândia, a primeira-ministra do país, Sanna Marin, fez uma apresentação hoje ao Parlamento sobre o relatório para a adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). "Se o Parlamento aprovar as conclusões do relatório, o governo está equipado para tomar as decisões necessárias para lançar rapidamente as negociações de adesão", disse. Uma sessão plenária é realizada hoje sobre a questão.

A Rússia tem visto como ameaça a possível entrada da Finlândia na Otan, um movimento em consequência da invasão russa ao território ucraniano. Os dois países compartilham uma fronteira de cerca de 1.300 quilômetros de extensão.

Rússia ameaçando

Em seu discurso, a primeira-ministra da Finlândia disse que "ocorreram mudanças fundamentais em nosso ambiente de segurança", ao tratar, no Parlamento do país, sobre a entrada na Otan. "A alegação da Rússia de que é alvo de ameaças externas não tem fundamento algum. O único país que está ameaçando a segurança da Europa e travando abertamente uma guerra de agressão é a Rússia", completou Marin.

Segundo ela, "cada país tem o direito de tomar suas próprias decisões sobre política externa e de segurança". "Nenhum outro ator pode infringir esse direito. As exigências da Rússia significam que, em sua opinião, a Rússia tem o direito de definir uma esfera de influência para si mesma."

Marin pontuou aos parlamentares que, como membro da aliança militar, "a Finlândia se tornaria parte da defesa coletiva da Otan e das garantias de segurança que a acompanham". "Se a Finlândia for alvo de um ataque, receberemos ajuda. E, inversamente, se outro país da Otan for alvo de um ataque, nós o ajudaremos."

Rússia não irá "tolerar"

Em comunicado distribuído pelo Ministério de Relações Exteriores da Rússia, o vice-ministro Sergey Riabkov disse que Finlândia e Suécia não "devem ter ilusões de que vamos simplesmente tolerar isso", em referência à possível entrada dos países na Otan.

"Ou seja, o nível geral de tensão militar aumentará e haverá menos previsibilidade nessa área. É uma pena que o bom senso seja sacrificado a algumas ideias fantasmas sobre o que deve ser feito na situação atual", completou, mencionando que o movimento é "outro erro grave com consequências de longo alcance".

 

Finlândia e Suécia na Otan seria um “erro grave”, diz Rússia

O emissário russo Sergei Ryabkov disse que a adesão dos países traria “consequências de longo alcance”

Exteriores, Sergei Ryabkov, disse que a entrada da Finlândia e Suécia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) seria um “erro grave” que traria “consequências de longo alcance”. As informações são da agência russa TASS.

“Este é outro erro grave com consequências de longo alcance. Mas o que fazer, tal é o nível de quem hoje toma decisões políticas nos respectivos países”, disse Ryabkov a jornalistas nesta 2ª feira (16.mai.2022).

O vice-ministro disse que os países nórdicos “não devem ter ilusões” que a Rússia “tolerará isso [entrada na Otan]

“O nível geral de tensão militar vai aumentar, e a previsibilidade diminuirá. O bom senso está sendo sacrificado por alguma disposição fantasma”, acrescentou.

Sobre o pedido de adesão, o emissário disse que a realidade “está mudando radicalmente à luz do que está acontecendo [entrada na Otan]”. Ryabkov afirmou que a adesão dos países é promovida por uma “percepção distorcia do que se passa no mundo por países ocidentais”.

No domingo (15.mai), o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que o processo de entrada da Finlândia e Suécia poderia ser rápido. No entanto, a Turquia foi o único integrante da aliança militar que se opôs à adesão dos países nórdicos.

Durante o voto, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Kavusoglu, argumentou que os países haviam mantido conversas com militares curdos que agem no leste do território turco.

 

Ucrânia diz que retomou Kharkiv e chegou à fronteira russa

O ministério de Defesa ucraniano divulgou um vídeo nesta 2ª feira (16.mai) de soldados na região

A Ucrânia disse ter retomado a 2ª maior cidade de seu território, a região de Kharkiv, e chegaram até a fronteira russa. O ministério da Defesa ucraniano divulgou um vídeo em sua página no Facebook com cerca de 12 soldados na região.

“227 Batalhão 127ª Brigada das Forças de Defesa Territorial das Forças Armadas da Ucrânia. Kharkiv reprimiu os russos e saiu para a área da fronteira do estado. Juntos para a vitória!”, diz a publicação do ministério de Defesa.

O chefe de administração de Kharkiv, Oleg Sinegubov, disse no sábado (14.mai) que a região não era alvo de bombardeios nas últimas 24 horas.

Segundo o Instituto Americano para o Estudo da Guerra que publicou um estudo na 6ª feira (13.mai), em que os militares russos supostamente teriam abandonado a região pela contra-ofensiva das tropas ucranianas.

 
 

Fonte: Poder360 - UOL com DW, AFP e RFI