Cultura

Papa: em meio ao tormento da guerra, que a Copa do Mundo seja ocasião de paz





No final da audiência geral, o Papa saudou os jogadores e torcedores que participam do evento no Catar e fez uma nova e intensa oração pelo povo ucraniano.

O Papa Francisco voltou a incentivar o uso do esporte como instrumento de paz. Ao final da Audiência Geral desta quarta-feira (23), o Pontífice recordou os jogos da Copa do Mundo que começaram no domingo (20), no Catar:

“Gostaria de enviar a minha saudação aos jogadores, aos torcedores e aos espectadores que acompanham, de vários continentes, a Copa do Mundo, que está sendo disputada no Qatar. Que este importante evento seja uma oportunidade de encontro e de harmonia entre as Nações, promovendo a fraternidade e a paz entre os Povos. Oremos pela paz no mundo e pelo fim de todos os conflitos, com um pensamento especial pelos sofrimentos terríveis do querido e martirizado povo ucraniano.”

O esporte que pode gerar "sementes de paz, capazes de mudar o mundo", como o Papa também enfatizou no último dia 14 de novembro ao receber em audiência, no Vaticano, um grupo formado por cerca de 200 jogadores de futebol - entre eles, o brasileiro Ronaldinho -, familiares e amigos. Em Roma, justamente para participar da Partida pela Paz no Estádio Olímpico, Francisco agradeceu pelo testemunho em dizer "queremos paz, em um mundo que sempre busca guerras e destruição".

O próprio administrador apostólico do Norte da Arábia, que reúne justamente o Catar, Kuwait, Arábia Saudita e Bahrein, dom Paul Hinder, em declaração à agência católica de notícias SIR, expressou a esperança de que a Copa do Mundo "seja um momento de festa e intercâmbio, de respeito ao outro" e, portanto, também pediu aos torcedores "que respeitem à cultura local". Durante os jogos, disse ele, "a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Doha, a primeira igreja construída no Catar que pode abrigar mais de 2 mil pessoas, a maior do Golfo, vai permanecer aberta para permitir que aos torcedores um momento de oração e meditação".

As controvérsias da Copa do Mundo no Catar

Com uma cerimônia de abertura com abordagem de temas sociais, "interligando diferenças através da humanidade, do respeito e da inclusão", informou a Fifa, a Copa do Mundo, porém, vem acumulando controvérsias e gerando debate desde que o país foi escolhido como sede, ainda em 2010.

Sobre as polêmicas em torno da decisão de atribuir esta edição do campeonato ao Catar, em relação ao respeito aos direitos humanos e à exploração dos trabalhadores estrangeiros, muitos dos quais que perderam a vida trabalhando na construção dos estádios, dom Hinder afirmou:

"Acredito que eventos como este, da Copa do Mundo, não são mais sustentáveis para o futuro. A própria decisão de confiar a Copa do Mundo ao Catar foi, tanto quanto se pode saber, problemática. Devo dizer também que o país fez enormes progressos na área do respeito aos direitos. Somente 25 anos atrás, no Catar, não tínhamos uma igreja e havia aqueles que atiravam pedras e outras coisas aos cristãos que se reuniam para rezar e celebrar os Sacramentos. Hoje, isso não acontece mais, também graças à ação do governo. Isto não diminui o fato de que ainda há progressos a serem feitos na questão dos direitos humanos, sociais e normas trabalhistas."

O protesto da equipe do Irã

A equipe do Irã, adversária da Inglaterra na sua primeira partida, não cantou o hino nacional, em solidariedade às manifestações no país que nasceram com a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, assassinada após ser presa em 16 de setembro por não usar de maneira correta o véu islâmico. O capitão da equipe, Ehsan Haisafi, enviou condolências a quem perdeu a vida nas manifestações e afirmou que os jogadores participam da Copa, "mas isso não significa que não devemos ser a voz deles", desejando uma mudança no Irã, "de acordo com as expectativas do povo". Nas arquibancadas, podia se ver cartazes com as expressões: "Freedom for Iran" e "Woman Life Freedom".

Já o Brasil, em busca do hexacampeonato mundial, joga nesta quinta-feira (24) a primeira partida na Copa. A estreia da seleção brasileira acontece às 16h, horário de Brasília, contra a Sérvia, no estádio Lusail.

Andressa Collet - Vatican News 

 

O Papa: a consolação de Deus nos dá paz, é espontânea

"O que é a consolação espiritual? É uma profunda experiência de alegria interior, que permite ver a presença de Deus em tudo; ela revigora a fé e a esperança, assim como a capacidade de fazer o bem. Trata-se de um grande dom para a vida espiritual e para a vida no seu conjunto. É viver esta alegria interior", disse Francisco na catequese da Audiência Geral.

"A consolação" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (23/11), realizada na Praça São Pedro.

Francisco sublinhou que a consolação, "que seria a luz da alma", é "outro elemento importante para o discernimento", mas "pode prestar-se a equívocos".

"O que é a consolação espiritual? É uma profunda experiência de alegria interior, que permite ver a presença de Deus em tudo; ela revigora a fé e a esperança, assim como a capacidade de fazer o bem. Trata-se de um grande dom para a vida espiritual e para a vida no seu conjunto. É viver esta alegria interior", disse o Papa, ressaltando que "a consolação é um movimento íntimo. A pessoa se sente abraçada pela presença de Deus, de uma maneira sempre respeitosa da própria liberdade".

A paz genuína faz germinar bons sentimentos em nós

"Pensemos na experiência de Santo Agostinho, quando fala com a mãe Mônica sobre a beleza da vida eterna; ou na perfeita alegria de São Francisco, pensemos em tantos santos e santas que souberam fazer maravilhas, não porque se julgavam hábeis e capazes, mas porque foram conquistados pela docilidade pacificadora do amor de Deus", sublinhou Francisco, afirmando que "se trata da paz, que Santo Inácio sentia em si com admiração quando lia a vida dos santos. Ser consolado é estar em paz com Deus. Sentir que tudo está organizado, em paz, tudo é harmônico dentro de nós". "Trata-se da paz que Edith Stein experimenta após a conversão; um ano depois de ter recebido o Batismo", disse ainda o Papa, sublinhando que "uma paz genuína é uma paz que faz germinar bons sentimentos em nós".

Segundo o Pontífice, "a consolação refere-se, primeiramente, à esperança, propende para o futuro, põe a caminho, permite tomar iniciativas até àquele momento adiadas, ou nem sequer imaginadas, como o Batismo para Edith Stein".

A consolação é uma paz tal, não para ficar sentados saboreando-a, mas dá paz, atrai ao Senhor, põe você a caminho para fazer coisas boas. Em tempos de consolação, quando somos consolados, nos vem a vontade de fazer o bem sempre, e quando há o momento da desolação nos vem a vontade de nos fechar em nós mesmos e não fazer nada. A consolação nos leva para frente, a serviço dos outros, da sociedade, das pessoas.

A consolação nos torna audazes

De acordo com Francisco, "a consolação espiritual não é “pilotável”, não é programável a bel-prazer, é uma dádiva do Espírito Santo: permite uma familiaridade com Deus, que parece anular as distâncias. Santa Teresa do Menino Jesus, visitando com 14 anos a Basílica de Santa Cruz de Jerusalém, em Roma, procura tocar o prego ali venerado, um daqueles com que Jesus foi crucificado. Teresa sente esta sua ousadia como um transporte de amor e de confidência". A consolação "é espontânea. A consolação nos leva a fazer tudo espontâneo, como se fossemos crianças. As crianças são espontâneas e a consolação leva com uma doçura com uma paz muito grande".

Segundo o Papa, "a consolação nos torna audazes" e vamos adiante porque sentimos "a força de Deus". A consolação "nos leva a fazer coisas que no tempo da desolação não seríamos capazes de dar o primeiro passo. Este é o belo da consolação".

Falsas consolações

Francisco advertiu que "há também falsas consolações. Na vida espiritual ocorre algo semelhante ao que acontece nas produções humanas: há originais e há imitações".

Se a consolação autêntica for como uma gota sobre uma esponja, será suave e íntima; as suas imitações serão mais barulhentas e vistosas, serão fogos de palha, sem consistência, levarão a fechar-se em si mesmas, e a não se preocupar com os outros. No final, a falsa consolação deixa-nos vazios, distantes do centro da nossa existência. Por isso, quando estamos felizes, em paz, somos capazes de fazer qualquer coisa, mas não confundir aquela paz com um momento passageiro porque o entusiasmo hoje existe e depois passa, e não existe mais.

Saber distinguir quando é uma consolação de Deus

O Papa disse que "por isso, é necessário fazer discernimento, até quando nos sentimos consolados. Pois a falsa consolação pode tornar-se um perigo, se a procurarmos como um fim em si mesma, de modo obsessivo, e nos esquecendo do Senhor. Como diria São Bernardo, procuram-se as consolações de Deus, não se procura o Deus das consolações. Devemos procurar o Senhor que com a sua presença nos consola e nos leva adiante. É a dinâmica da criança de que falamos da última vez, que só procura os pais para obter algo deles, mas não por eles mesmos. Por interesse. As crianças sabem fazer isso, e quando a família é dividida, elas têm o hábito de procurar aqui e lá, e isso não faz bem, isso não é consolação, mas interesse".

Segundo o Pontífice, "corremos o risco de viver a relação com Deus de maneira infantil, de o reduzir a um objeto para o nosso uso e consumo, perdendo o dom mais belo, que é Ele mesmo". "Assim, vamos adiante na vida entre a consolação de Deus e a desolação do pecado, do mundo, mas sabendo distinguir quando é uma consolação de Deus que lhe dá paz até o fundo da alma, e um entusiasmo passageiro, que não é ruim, mas não é a consolação de Deus", concluiu o Papa.

Mariangela Jaguraba

 

Papa: oração pelos ucranianos, que sofrem o martírio da agressão

Ao se referir novamente aos ucranianos que sofrem com a guerra, o Santo Padre recordou do Holodomor, a grande fome provocada por Stalin nos anos 30 e que provocou milhares de mortes.

Oração pela paz e pelo fim de todos os conflitos, em particular pela martirizada Ucrânia. Ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, o Santo Padre voltou a falar do sofrimentos dos ucranianos, que "sofrem o martírio da agressão", recordando o aniversário do "terrível genocídio do Holodomor", provocado por Stalin:

Rezemos pela paz no mundo e pelo fim de todos os conflitos, com um pensamento especial pelo terrível sofrimento do querido e martirizado povo ucraniano. E pensemos na martirizada Ucrânia. Este sábado marca o aniversário do terrível genocídio do Holodomor, o extermínio pela fome em 1932-33 causado artificialmente por Stalin. Rezemos pelas vítimas deste genocídio e rezemos por tantos ucranianos, crianças, mulheres e idosos, crianças, que hoje sofrem o martírio da agressão.

O Holodomor 

Holodomor é o nome dado à fome que foi provocada no território da Ucrânia de 1932 a 1933 pela antiga URSS (União das Repúblicas Soviéticas Socialistas), causando vários milhões de mortes.

O termo deriva da expressão ucraniana moryty holodom (Морити голодом), combinando as palavras ucranianas holod (fome, carestia) e moryty, (matar de fome, esgotar), e a combinação das duas palavras visa destacar a intenção de provocar a morte pela fome.

Em março de 2008, o Parlamento da Ucrânia e dezenove nações independentes reconheceram as ações do governo soviético na Ucrânia do início dos anos 1930 como atos de genocídio. Uma declaração conjunta da ONU de 2003 definiu essa carestia como resultado de políticas e ações "cruéis" que resultaram na morte de milhões. Em 23 de outubro de 2008, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução na qual reconheceu o Holodomor como um crime contra a humanidade.

Na Ucrânia, após o reconhecimento do Holodomor, decidiu-se comemorá-lo oficialmente todos os anos no quarto sábado de novembro e em 2008 foi aberto o Museu Nacional do Genocídio do Holodomor.

Ataques contra centrais elétricas ucranianas

A partir de 24 de fevereiro de 2022, os russos passaram a bombardear incessantemente cidades e povoados ucranianos. Nas últimas semanas, em particular,  as centrais elétricas tornaram-se alvos preferenciais. A falta de eletricidade incorre também na falta de calefação, o que pode se tornar mortal para a população diante do frio intenso. Na última semana foram registradas as primeiras nevascas no país do leste europeu. A lenha voltou a ser essencial não somente para cozinhar, mas também para aquecer a população, principalmente nos pequenos centros habitados.

Para fazer frente a essa emergência de contínuos blecautes, foram criados na Ucrânia mais de 4.000 "Pontos de Invencibilidade". Em sua habitual mensagem, pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky comunicou na noite de terça-feira, 22, que nestes locais são oferecidos gratuitamente, ao longo de todo o dia, todos os serviços básicos: eletricidade, telefone celular e Internet, aquecimento, água, kit de primeiros socorros. Tudo absolutamente gratuito e durante todo o dia. Tais pontos funcionarão em todas as administrações regionais e distritais, bem como em escolas, prédios de serviços de emergência do estado e similares. Em prédios do governo, farmácias, lojas, correios, deve haver informações sobre onde uma pessoa pode encontrar suporte em caso de queda de energia prolongada.

Já o Parlamento Europeu lança "Geradores de Esperança", uma campanha para a compra de geradores de eletricidade a serem enviados à Ucrânia para enfrentar a crise energética devido aos ataques sistemáticos da artilharia russa às infraestruturas energéticas ucranianas. A campanha foi apresentada numa coletiva de imprensa em Estrasburgo nesta quarta-feira pela presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, pelo presidente da Eurocities e presidente da Câmara Municipal de Florença, Dario Nardella, co-iniciador da campanha, e por Andriy Yermak , chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky.

 

Jackson Erpen 

 

O Papa recorda as vítimas do terremoto na Indonésia e a beatificação de Ambrosoli

Francisco recordou as vítimas do recente terremoto na Indonésia e o beato Giuseppe Ambrosoli, testemunha extraordinária "de uma Igreja em saída".

Na saudação aos peregrinos, na Audiência Geral desta quarta-feira (23/11), o Papa Francisco manifestou sua proximidade à população da Indonésia atingida pelo terremoto na Ilha de Java, na segunda-feira passada, no qual mais de 250 pessoas morreram.

Oração pelas vítimas do terremoto na Indonésia

Nas últimas horas, a ilha de Java, na Indonésia, foi atingida por um forte terremoto. Manifesto minha proximidade a essa querida população e rezo pelos mortos e feridos.

O terremoto de magnitude 5,6 na escala Richter localizou-se na região de Cianjur, na província ocidental, e provocou deslizamentos de terra e desabamento de edifícios, incluindo as escolas onde decorriam as aulas. De acordo com dados provisórios divulgados pelas autoridades indonésias, cerca de 51 escolas foram afetadas.

Segundo relatos iniciais, um professor e um aluno morreram no desastre, 9 ficaram gravemente feridos e outros 9 ficaram levemente feridos. O número de vítimas e feridos aumentou rapidamente.

A organização não governamental Save the Children, de defesa dos direitos da criança no mundo, está preparando tendas escolares, kits para retomar as aulas, kits educacionais recreativos e kits de higiene familiar para serem distribuídos. A organização também trabalhará com várias instituições indonésias e outras organizações humanitárias para fazer uma avaliação conjunta das necessidades gerais das pessoas afetadas pelo terremoto.

Dia Mundial da Pesca

No âmbito do Dia Mundial da Pesca, celebrado na última segunda-feira (21/11), o Pontífice recordou a necessidade de promover a "sustentabilidade na pesca e na aquicultura, através do respeito pelos direitos dos pescadores, que com o seu trabalho contribuem para a segurança alimentar, nutrição e redução da pobreza no mundo". Francisco recordou da iniciativa RedWeek na Polônia, dedicada aos cristãos perseguidos, e os jovens da JMJ de Lisboa, do próximo ano.

Recordação do pe. Ambrosoli e saudação aos Scalabrinianos

O Papa lembrou também o pe. Giuseppe Ambrosoli, missionário italiano, natural da Diocese de Como, médico comboniano, beatificado no último domingo, em Uganda, onde faleceu em 1987, "depois de ter dedicado sua vida aos doentes, nos quais via o rosto de Cristo. Que o seu extraordinário testemunho ajude cada um de nós a ser sinal de uma Igreja em saída", disse ele. Antes da Audiência Geral, o Papa encontrou-se com os membros da "Rede de Migração Internacional" dos Scalabrinianos, e agradeceu a eles pela visita e o trabalho realizado: "Que o Senhor abençoe a todos. Desejo que vocês possam ir adiante com o mesmo trabalho".

Mariangela Jaguraba 

Fonte:- Vatican News