Cultura

Papa: humildade e generosidade, virtudes de um verdadeiro artista





Na manhã desta quinta-feira (18/01), Francisco recebeu no Vaticano os membros da Fundação Arena de Verona, por ocasião do seu centenário. Ao enfatizar a importância da arte, o Pontífice incentivou os presentes a "continuar esse trabalho e a realizá-lo com amor, não tanto pelo sucesso pessoal, mas pela alegria de dar algo belo aos outros".

Na manhã desta quinta-feira, 18 de janeiro, o Papa Francisco recebeu no Vaticano os membros da Fundação Arena de Verona, como parte das comemorações dos cem anos do "renascimento" da Arena. O local, palco de eventos artísticos de alto nível por cem temporadas, foi elogiado pelo Pontífice como um testemunho vivo do passado e um legado valioso que está sendo transmitido às novas gerações:

"Cem temporadas de atividade artística do mais alto nível, que coletaram e mantiveram vivo um precioso legado do passado, para transmiti-lo ainda mais rico às gerações futuras. E isso é muito bonito: é uma forma inteligente, criativa e concreta de gratidão e caridade."

Trabalho em comunidade

O Papa recordou a multifacetada herança da Arena de Verona, uma construção com uma história de vinte séculos, adaptada ao longo do tempo para diversos usos, e ressaltou como o zelo dos veroneses foi crucial para a preservação do local, desde sua função original como palco de espetáculos até os momentos em que foi destinado a usos mais modestos. O Santo Padre também enalteceu a dedicação da comunidade, que contribuiu concretamente para o sucesso do Festival.

"Quanto trabalho foi necessário para tudo isso, quanta dedicação e quanto esforço: daqueles que construíram e reconstruíram as estruturas, dos autores e artistas, dos organizadores dos vários eventos e de todos aqueles, muitos, talvez a maioria, que trabalharam, como dizem, 'nos bastidores'."

Ao abordar a importância da colaboração em comunidade, Francisco recordou o texto do Apóstolo São Paulo, que faz a analogia da Igreja como um corpo com muitos membros complementares, e enfatizou a contribuição essencial de tantas pessoas que fazem parte dessa história:

"Cem anos de arte, de fato, não podem ser produzidos por uma única pessoa, nem mesmo por um pequeno grupo de escolhidos: é necessária a contribuição de uma grande comunidade, cujo trabalho vai além da própria existência dos indivíduos, e na qual aqueles que trabalham sabem que estão construindo algo não apenas para si mesmos, mas também para aqueles que virão depois."

Transmitir alegria através da arte

O Papa sublinhou que os presentes na audiência representam uma multidão ainda maior de homens e mulheres que os precederam, e completou, "uma multidão sempre presente, em cada apresentação, lembrando-nos como é importante, na arte como na vida, ser humilde e generoso. Humildade e generosidade: duas virtudes de um verdadeiro artista que transparece em vossa história!"

Por fim, o Pontífice encorajou os presentes a continuar o trabalho com amor, não visando apenas o próprio sucesso:

"Eu vos incentivo a continuar esse trabalho e a fazê-lo com amor, não tanto pelo sucesso pessoal, mas pela alegria de dar algo belo aos outros. Transmitam felicidade por meio da arte, espalhem serenidade, comuniquem harmonia! Todos nós precisamos muito disso."

 

 

- Dom Gallagher: Francisco quer visitar o Vietnã

O secretário para as Relações com os Estados, numa coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé, comentou o encontro do Papa com os representantes políticos vietnamitas: "Encontro positivo". Em seguida, anunciou que viajará ao país em abril e que Parolin também irá. Otimista com relação a uma possível visita do Pontífice: "Acho que haverá. Francisco quer ir, a comunidade católica deseja muito e seria uma mensagem muito bonita para toda a região".

Foi um "encontro positivo" realizado, na manhã desta quinta-feira (18/01), entre o Papa e uma delegação de representantes do Partido Comunista do Vietnã. Um sinal de fortalecimento das relações com a Santa Sé e também de uma possível futura visita do Pontífice ao país. A audiência realizou-se na Residência Apostólica Vaticana. Depois, o grupo se dirigiu para a Secretaria de Estado para conversar com o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, e com o secretário para as Relações com os Estados, dom Paul Richard Gallagher.

Passos adiante

Dom Gallagher relatou detalhes do encontro numa coletiva, na Sala de Imprensa da Santa Sé, sobre as iniciativas para o aniversário de 200 anos da morte do cardeal Ettore Consalvi. Em primeiro lugar, o arcebispo avaliou positivamente o encontro desta quinta-feira, expressando a esperança de que a comunidade católica possa se beneficiar dela, que é mais um passo adiante nas relações bilaterais, que se acrescenta a outros resultados importantes alcançados do ponto de vista diplomático. Em primeiro lugar, o acordo em dezembro para a nomeação de um representante pontifício residente no Vietnã, o núncio apostólico em Cingapura, o polonês dom Marek Zalewski. Esse acordo foi assinado em julho, por ocasião da visita do presidente Vo Van Thuong, ao Vaticano, com base na 10ª sessão do Grupo de Trabalho Conjunto Vietnã-Santa Sé, realizada em 31 de março passado, em Roma.

Esperanças de uma viagem papal

Dom Gallagher também anunciou que visitará o Vietnã "em abril" e que o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, irá ao país este ano. "Faremos as coisas gradualmente", explicou o prelado, dizendo que também está otimista - em resposta a uma pergunta - sobre a possibilidade de uma futura visita do Papa Francisco: "Sim, acho que haverá. Mas há alguns passos a serem dados antes que isso seja apropriado. Acredito que o Papa tenha o desejo de ir. Certamente, a comunidade católica deseja muito o Papa vá e acha que seria uma mensagem muito bonita para toda a região", explicou Gallagher. O Vietnã, acrescentou ele, é de fato um "país importante", "uma espécie de milagre econômico em muitos aspectos".

As palavras do Papa no avião vindo da Mongólia

O próprio Papa Francisco falou sobre a possibilidade de uma viagem ao país do sudeste asiático, em seu retorno da viagem de setembro passado à Mongólia. "Se eu não for, com certeza João XXIV irá", disse o Pontífice em uma piada. "É certo que ele irá, porque é uma terra que merece ir adiante, que tem a minha simpatia." Todo o Vietnã, acrescentou o Papa na mesma ocasião, "é uma das mais bonitas experiências de diálogo que a Igreja fez nos últimos tempos. Eu diria que é como uma simpatia no diálogo. As duas partes tiveram a boa vontade de se entenderem e buscar caminhos para seguir em frente. Houve problemas, mas no Vietnã vejo que, mais cedo ou mais tarde, os problemas são superados".

Francisco também relembrou sua audiência com o presidente ("Conversamos livremente") e disse que estava "muito otimista" sobre a continuação das relações: "Um bom trabalho vem sendo realizado há anos. Lembro-me de que, há quatro anos, um grupo de parlamentares vietnamitas veio nos visitar: tivemos um bom diálogo com eles, muito respeitoso. Quando uma cultura é aberta, há a possibilidade de diálogo; se há fechamento ou suspeita, o diálogo é muito difícil. Com o Vietnã, o diálogo é aberto, com seus prós e contras, mas é aberto e avançamos lentamente. Houve alguns problemas, mas foram resolvidos".

A carta do Pontífice à Igreja vietnamita

As relações entre Vietnã e Santa Sé tinham sido interrompidas, em 1975, mas tiveram desenvolvimentos encorajadores a partir de 1990. Em 2011, Bento XVI nomeou um representante pontifício não residente. No entanto, conforme referido, o estatuto do representante residente data de 2023. O Papa Francisco tinha enviado uma carta à Igreja da nação asiática em setembro passado, na qual convidava os fiéis católicos a viverem como "bons cristãos e bons cidadãos", dando testemunho do amor de Deus "sem distinção de religião, raça ou cultura". É preciso sempre seguir em frente "reconhecendo as convergências e respeitando as diferenças", escreveu o Papa. Isso também implica uma responsabilidade para os católicos vietnamitas que, observou Francisco, realizam "sua identidade como bons cristãos e bons cidadãos", animando sua Igreja e difundindo o Evangelho na vida cotidiana. Um testemunho que, graças ao desenvolvimento de "condições favoráveis para o exercício da liberdade religiosa", pode ajudar os fiéis católicos a "promover o diálogo e gerar esperança para o país".

 

- Papa se encontra com Gandolfini, um diálogo sobre a defesa da vida

O líder do "Family Day", Massimo Gandolfini, foi recebido hoje em audiência por Francisco no Palácio Apostólico. Junto com sua esposa e dois netos, compartilhou com o Papa os detalhes da Manifestação pela Vida, que será realizada em maio na cidade de Roma: "Ele encorajou minha missão. Hoje, defender a vida e a família é uma batalha cultural pesada".

Na audiência desta manhã - fora da agenda - no Palácio Apostólico do Vaticano, o Papa e Massimo Gandolfini falaram sobre as questões referentes a defesa da vida, portanto sobre o aborto, a desnatalidade e, sobretudo, sobre a prática já definida como "aberrante" da barriga de aluguel. Francisco recebeu o neurocirurgião, líder do "Family Day", recentemente nomeado consultor antidrogas do governo italiano, por cerca de 10 a 15 minutos, juntamente com sua esposa e suas netas de 8 e 10 anos, que entregaram ao Pontífice um desenho. "Esta é a terceira vez que o Santo Padre me recebe", disse Gandolfini ao Vatican News. "Eu sempre vou para apresentar a manifestação pública pela vida que acontece em maio, com uma marcha pelas ruas de Roma. Este ano, também, ele me recebeu...".

Encorajamento

O Papa demonstrou "afeto", "delicadeza" e "cordialidade" com o professor, como ele mesmo relata, e demonstrou apoio à sua ação realizada há vários anos, muitas vezes também criticada e objeto de ataques pessoais. "Ele me disse: vá em frente. Isso me deu muita satisfação e, acima de tudo, me encorajou em uma missão que não é fácil", ou seja, a de "trazer de volta a beleza da gestação, da procriação, a beleza da vida, do ponto de vista cultural e se opor às ideologias que estão tentando minar os grandes valores antropológicos e cristãos".

Ações pelo bem comum

"Hoje, defender a vida desde a concepção até a morte natural e a família é um combate cultural pesado", comenta Gandolfini. O que ele chama de "batalhas pela vida" e o próprio Family Day, de acordo com várias visões sociais e políticas, são ações impulsionadas por ideologias. "Uma coisa que eu disse ao Santo Padre", conta o professor sobre esse ponto, "é que nos faz sofrer e nos deixa perplexos o fato de que essas questões que visam o bem da pessoa, do homem, da mulher, da humanidade, tenham se tornado um jogo de oposições políticas, oposições partidárias. Nós - acrescenta - achamos isso muito errado, porque quando se trata de dizer vamos colocar o bem-estar da criança, o bem-estar da família, no centro, todos nós deveríamos estar de acordo! Como isso significa o bem comum da sociedade, estamos realizando uma ação predominantemente cultural, voltada para as novas gerações. Nós, os veteranos, de fato, talvez ainda tenhamos algumas boas ideias, mas as novas gerações se tornam assustadoras quando são doutrinadas com ideologias anti-humanas".

Preocupação com a prática da barriga de aluguel

Com relação aos tópicos abordados na breve conversa com o Papa, Gandolfini explica que mencionou a questão da barriga de aluguel, sobre a qual o próprio Pontífice havia falado em seu discurso de 9 de janeiro ao Corpo Diplomático na Santa Sé, pedindo uma ação internacional para abolir a prática. Um convite reiterado hoje por Francisco, que expressou sua "preocupação" pessoal sobre o assunto. "Eu disse a ele", contou o neurocirurgião, "que estamos trabalhando muito nisso em nível italiano e europeu". 

Fonte: Vatican News