O dólar comercial fechou em alta de 0,14% nesta terça-feira (29), vendido a R$ 5,641, na terceira alta seguida. É o maior valor de fechamento em mais de quatro meses, desde 20 de maio (R$ 5,689).
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, emendou a terceira queda consecutiva e fechou com desvalorização de 1,15%, aos 93.580,35 pontos. É o menor nível da Bolsa em mais de três meses, desde 16 de junho, quando o índice marcou 93.531,17 pontos.
Ontem (28) o Ibovespa tinha caído 2,41%, a 94.666,31 pontos, enquanto o dólar havia fechado em alta de 1,42%, vendido a R$ 5,633,
O dólar oscilou durante o dia, refletindo as incertezas em torno das eleições norte-americanas, em dia de debate entre o atual presidente, Donald Trump, e seu adversário democrata, Joe Biden.
Investidores também estavam atentos a notícias da Câmara dos Estados Unidos em busca de sinais de progresso nas negociações de um pacote de auxílio econômico.
"Há um pouco de cautela no mercado de maneira geral, e o investidor segue de olho para ver se vai sair um pacote de estímulo fiscal lá fora", explicou Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
No Brasil, dúvidas sobre a saúde das contas públicas continuavam sob os holofotes depois que o governo definiu que o projeto de auxílio Renda Cidadã será custeado por recursos que não virão de cortes de gastos. A proposta levantou suspeitas sobre um "truque para esconder fuga do teto", como disse no Twitter o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.
A notícia já havia abalado o mercado na segunda-feira, quando o dólar fechou em alta de 1,42%, vendido a R$ 5,633, maior patamar também desde 20 de maio.
"O mercado ainda está digerindo a notícia do financiamento do Renda Cidadã, e vai ficar à espera de alguma explicação do governo" sobre como conciliar esse gasto com um orçamento já apertado, disse Beyruti.
Sidnei Moura Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora, disse em nota que, diante do cenário fiscal, "pode estar próximo o momento de 'jogar a toalha' e assumir postura amplamente defensiva, visto que os desequilíbrios poderão afetar toda a dinâmica do país."
Em 2020, o dólar já acumula ganho de mais de 40%, impulsionado por um cenário de juros baixos, incertezas fiscais e tensões políticas em Brasília, deixando o real na posição de pior desempenho entre uma cesta de mais de 30 moedas no ano.
Fonte: UOL