Política

Universidade nega existência de curso citado por Kassio Marques em CV





A Universidad de La Coruña, na Espanha, confirmou ao Estadão que não oferece o curso de pós-graduação em “Contratación Pública”, conforme mostra o currículo de Kassio Nunes Marques, indicado por Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal.

Em resposta ao questionamento do jornal, a Universidade afirmou que o magistrado participou de um curso de quatro dias, entre 1 e 5 de setembro de 2014. “Kassio Nunes Marques participou como ouvinte do “I Curso Euro-Brasileiro de Compras Públicas’, organizado pela Universidade da Coruña, o Programa Ibero-Americano de Doutorado de Direito Administrativo, a Rede Ibero-americana de Compras Públicas, o Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos de Infraestrutura e Grupo de Pesquisa de Direito Público Global, realizado na Escola de Direito da Corunha entre 1 e 5 de setembro de 2014”.

O currículo de Kassio Marques aponta ainda um doutorado em Direito concluído na Universidade de Salamanca, também na Espanha e um pós-doutorado em Direitos Humanos pela mesma instituição. No site da faculdade consta que a tese foi defendida em 25 de setembro, há 11 dias. No entanto, o pós-doutorado não consta no banco de dados público da universidade.

Kassio Nunes Marques indica mais um pós-doutorado em seu currículo, o de Direito Constitucional, pela Universidade de Messina (Universitá Degli Studi di Messina), na Itália, que ainda não se pronunciou sobre o tema.

Pós-graduação no Brasil

O extenso currículo de Kassio Nunes Marques aponta para outros dois cursos de pós-graduação, dessa vez no Brasil. Um deles em Ciências Jurídicas, pela Faculdade Maranhense - MA. O Estadão não localizou nenhuma instituição de ensino superior com esse nome que ofereça essa pós-graduação.

Sobre sua graduação em Direito pela Universidade Federal do Piauí, a instituição confirmou que Kassio Marques finalizou o curso em 1994 “sem qualquer registro que desabone sua conduta acadêmica”.

O desembargador ainda não se manifestou.

Caso Decotelli

Em junho, após ser indicado ao Ministério da Educação, Carlos Alberto Decotelli teve seu currículo questionado pela imprensa. O professor teve de se explicar com relação à descoberta de plágio em sua dissertação de mestradoe sobre os títulos de doutorado e pós-doutorado que constam em seu lattes, mas que foram desmentidos pelas universidades de Rosário, na Argentina e de Wuppertal, na Alemanha. Em coletiva, Decotelli chegou a defender os enfeites em seu currículo. Ele ficou menos de uma semana no posto.

Fonte: Congresso em foco