Com a presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do ministro da Economia, Paulo Guedes, a Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa propôs hoje a inclusão de atuais servidores públicos, magistrados, parlamentares, promotores e procuradores do Ministério Público na proposta sobre o tema em tramitação no Congresso Nacional.
O governo encaminhou ao Parlamento uma proposta sobre o tema no início de setembro que vale apenas para servidores que entrarem no serviço público após a promulgação da emenda constitucional e deixa de fora magistrados, parlamentares, militares e membros do Ministério Público.
Dessa forma, o documento apresentado em evento hoje pela Frente busca ampliar o texto do governo. Militares continuariam de fora da reforma.
No entanto, apesar de estar no evento representando o governo, Guedes não comentou a proposta de se incluir atuais servidores na reforma administrativa. Na chegada ao Congresso, ao ser questionado pelo UOL sobre o assunto, o ministro preferiu não se manifestar. Em discurso, ele começou falando da reforma tributária e exaltou a importância de se modernizar o Estado brasileiro.
Guedes ainda buscou mostrar uma pacificação com Maia: "Estamos juntos pelas reformas. O Brasil está acima de quaisquer diferenças que possamos ter, que são pequenas. Têm sido muito pequenas nossas diferenças."
Rodrigo Maia disse que a discussão de pontos que possam afetar o direito adquirido de servidores pode "atrasar e judicializar o debate". Caso contrário, acredita que alguns pontos serão "travados" no Judiciário.
"Acho que o mais importante é um consenso que existe entre todos nós de que devemos tratar de todos os Poderes daqui para frente. E o que for para trás podemos tratar por lei, de outras formas, para que a gente possa ter resultados. Mas que isso não entre no direito adquirido dos servidores, porque vai travar a reforma e nós vamos acabar ficando sem nada, nem o futuro nem resolvendo o passado", declarou.
Até o momento, a tramitação da reforma está emperrada no Congresso Nacional aguardando a retomada das atividades da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). A maioria das comissões no Congresso foi suspensa em março para se evitar aglomerações em meio à pandemia do coronavírus. Há projeto apresentado para a retomada da CCJ. No entanto, sem acordo, não é votado.
Segundo o presidente da Frente, deputado Tiago Mitraud (Novo-MG), a ampliação proposta hoje pretende reduzir desigualdades e distorções no serviço público. A ampliação também conta com o apoio dos senadores Antonio Anastasia (PSD-MG) e Kátia Abreu (PP-TO).
Para a senadora, a presença de Maia e Guedes no ato demonstra o empenho do Executivo e Legislativo em se promover a reforma. Esta foi a primeira vez que os dois se reencontraram desde um "jantar da paz" na segunda-feira (5).
"É claro que podendo economizar de forma correta, é sempre bom. Mas, melhor do que economizar é a qualidade do gasto", disse a senadora, ao ressaltar a necessidade de melhorar a qualidade do serviço público.
Kátia defendeu que a reforma administrativa é um "ganha-ganha", tanto do lado dos contribuintes quanto dos empreendedores nacionais e investidores internacionais. Segundo ela, todos os direitos adquiridos serão preservados, mas não se pode "confundir, em momento algum, que privilégio possa ser direito".
O texto do governo prevê o fim de férias com duração maior que 30 dias, aposentadoria compulsória como punição e progressão automática na carreira com base em tempo de serviço, por exemplo. Mas, além de deixar categorias de fora, também não mexe em outros pontos como quer a frente parlamentar. Alguns seriam modificados por meio de Lei Complementar:
Veja o que a Frente Parlamentar propõe para a reforma administrativa:
Fonte: UOL