Cotidiano

Amapá registra mais de três mil acidentes de trabalho em seis anos





 

Michelle Silva

De acordo com dados levantados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), do ano passado até o presente momento, a cada quatro horas e meia um trabalhador brasileiro morre vítima de acidente de trabalho. Os resultados foram apresentados na segunda-feira (5).

Foram 675.025 comunicações por acidentes de trabalho (CATs) e 2.351 mortes notificadas desde o início de 2017 até às 14h de segunda-feira (5), segundo as informações disponibilizadas no Observatório. Além disso, os gastos com a Previdência Social de 2012 até 2017 ultrapassaram R$ 26,2 bilhões em relação às aposentadorias por invalidez, auxílios-doença, auxílios-acidente e pensões por morte de trabalhadores.

De acordo com o Observatório Digital de Saúde e Segurança, o Estado do Ceará foi o que mais registrou acidentes, foram 4.466 acidentes, em seguida aparece Fortaleza, com 1.574 acidentes. 

O Estado do Amapá registrou em seis anos, 3.090 acidentes de trabalho. Desse total, 30 envolvendo menores de 18 anos e 33 acidentes de trabalho com mortes. Dos 16 municípios, Macapá foi o que registrou mais ocorrências, foram 1.922 comunicações de acidentes de trabalho, destacando-se 442 ocorrências por corte, laceração, contusa, ferida, punctura, e 326 por fratura.

O Amapá também registrou durante o período, 2.127 auxílios-doença por acidente de trabalho, os afastamentos resultaram em um impacto de 20.124.470,26 na previdência da localidade.

Luís Fabiano de Assis, procurador co-coordenador do laboratório de gestão (SmartLAb de Trabalho Decente), disse à Agência Brasil que com base nos cálculos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), por ano cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país é perdido devido aos gastos resultantes de condutas desfavorecidas de segurança do trabalho. Assis destaca que só no ano passado, os acidentes de trabalho tiveram uma influência negativa de 264 milhões na economia brasileira.

Paralelamente em conjunto com isso, Luís Fabiano de Assis também falou que o objetivo do MPT e da OIT não é expor os trabalhadores, mas incentivar as discussões sobre as estratégias de minimizar os acidentes do trabalho, uma vez que esse problema atinge a saúde pública, a economia e a previdência social.

Já o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, evidenciou que os números de acidentes e de males ocorridos no trabalho, são muito assustadores. Fleury disse que a responsabilidade do trabalhador acidentado é dos empregadores, no entanto, o problema está se tornando da Previdência Social. Segundo ele, é preciso aja uma conscientização por parte dos trabalhadores, das empresas e do governo.

Os setores que registraram mais notificações de acidente de trabalho, foram o hospitalar e de atenção à saúde, público e privado, representando 10% do total. Em seguida, aparece o comércio varejista, com 3,0%; a administração pública, 2,6%; os correios, com 2,5; a construção, que equivale a 2,4% e por fim o transporte rodoviária de cargas, com 2,4%. Os profissionais trabalhadores em linhas de produção, são os mais vitimados, em seguida estão os técnicos de enfermagem, faxineiros, serventes de obras e motoristas de caminhões. As chances de acidentes ou de ferimentos mais graves aumentam as pessoas que trabalham em contato com equipamentos e máquinas.