Política

“Há um choque de interesse nisso”, diz promotor Moisés sobre operação Minamata





 

 

Michelle Silva

Na manhã desta terça-feira (13), o promotor inativo, Moisés Rivaldo, falou a respeito da prisão e da Operação Minamata. No momento da entrevista coletiva, o promotor estava acompanhado pelo advogado, Daniel Pereira, que conseguiu a prisão domiciliar e está conduzindo a defesa no processo. Moisés não pode sair do estado do Amapá sem permissão judicial.

Moisés Rivaldo é acusado de associação criminosa, de colocar trabalhadores em situação análoga à escravidão, além de obstruir as investigações da polícia. Ele e outras cinco pessoas tiveram a prisão preventiva decretada no dia 30 de novembro do ano passado em uma operação realizada pela Polícia Federal (PF).

Sobre as acusações, Moisés Rivaldo nega e fala sobre a relação que tem com a região onde a Operação foi deflagrada. “A relação que tenho com a mina de Santo Antônio é um contrato lícito, público que trata de um arrendamento. Nunca comercializei ouro e nunca tive empregado lá. Como posso investir no crime se tenho um contrato legal, lícito e público? É totalmente lícita a atividade a qual eu investi” disse.

Ele alegou ainda que essa foi a primeira vez que se defendeu e que, portanto, a sociedade e a imprensa conheceram a sua versão dos fatos.

A investigação

Na operação deflagrada no final do ano passado, foram cumpridos pedidos de prisão preventiva e temporária, emitidas pela Justiça Federal. Desde 2016, o Ministério Público Federal (MPF) investiga a situação, alegando que a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros do Lourenço (Coogal) justificava os crimes através das atividades realizadas. Na operação, 180 policiais cumpriram os mandatos de busca e apreensão nos estados do Amapá, Rio de Janeiro e São Paulo.

Segundo Moisés Rivaldo, há interesses por trás dessa investigação, e é necessário que seja esclarecido o autor dos problemas ambientais ocorridos na região do Lourenço. “Há um choque de interesse nisso, nós temos que separar, porque se o MPF e a Coogal são autores de uma ação civil pública que busca a responsabilidade criminal e civil dos que praticaram crimes ambientais naquela região, por que que o MPF não terminou essa ação? Numa deslealdade processual está usando provas da ação civil pública contra a Coogal. Eu não tenho nada contra essas questões”, disse Moisés.

O promotor alegou integridade ao longo dos 23 anos que está no Amapá. “Nunca me desviei, nunca coloquei película no meu carro e aí da noite para o dia eu viro bandido. O juiz que decretou tudo isso, já está lá na praia, no Rio de Janeiro. Não ficou nem dois anos aqui, e o circo que pegue fogo, quem quiser que se defenda, quem quiser que limpe a sujeira. Não são todos! Tenho compromisso com essa terra”, afirmou Moisés.

De acordo com dados do Ministério do Trabalho, 24 mortes de garimpeiros foram registradas na região nos últimos dez anos. A operação recebeu esse nome em referência a uma cidade, por nome Minamata, localizada no Japão, onde centenas de pessoas foram envenenadas por mercúrio nas décadas de 50 e 60.