Cotidiano

Garimpeiros da Propina: Diretores da Coogal citam pagamento de R$ 100 mil em áudio





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A Justiça Federal suspendeu o sigilo de interceptação telefônica de investigados na Operação Garimpeiros da Propina, após pedido do Ministério Público Federal (MPF). Nos áudios, os diretores da Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros do Lourenço (Coogal) falam de suposta propina, no valor de R$ 100 mil, cobrada pelo ex-deputado federal Badu Picanço, apontado como um dos líderes da organização criminosa.

O áudio dura 13 minutos, e é possível identificar Evandro dos Santos Oliveira, diretor financeiro da Coogal, em uma conversa com Sebastião Chagas Carneiro, diretor de patrimônio da Coogal. No diálogo, eles revelam detalhes do esquema criminoso. Após mencionar Romero Peixoto, ex-diretor do extinto Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), atual Agência Nacional de Mineração (ANM), Evandro cita o ex-deputado, e chama-o de mercenário, “meu amigo, mercenário, mercenário mesmo, é o Badu”. Pouco depois, complementa: “o cara (Badu) pedindo R$ 100 mil e não baixava nem um real”.

De acordo com as investigações, o valor foi cobrado pelo ex-deputado para efetivar autorização de empreendimento no garimpo do Lourenço, que seria a liberação da Mina Salamangone, que era investimento do promotor Moisés Rivaldo, citado no diálogo, e chamado de “mão de vaca” pelos interlocutores: “Mas ele (Moisés Rivaldo) vai arrumar dinheiro pra pagar lá pros caras lá... que tem que pagar, se não pagar, não sai nada”, diz Evandro, e Sebastião concorda: “é, se não pagar, não tem a liberação não”.

A Mina Salamangone foi interditada em 2008 por vários motivos, entre eles, a morte de garimpeiros por soterramento. Os áudios foram interceptados em 24 de novembro, seis dias antes da deflagração da Operação Minamata e cerca de duas semanas após a saída de Romero Peixoto da direção da ANM. Ainda de acordo com as investigações, Thiago da Justa Ribeiro teria sido indicado para o cargo de diretor da agência, pelo seu tio Antônio da Justa Feijão, também tido como um dos chefes da organização. 

Desdobramento

A operação Garimpeiros da Propina é a segunda fase das Operações Minamata e Estrada Real, que investiga esquemas criminosos em minerarias no Amapá. A pedido do MPF, Evandro Oliveira, Sebastião Carneiro e Romero Peixoto foram presos preventivamente em 15 de fevereiro, quando foi deflagrada a operação, mas os três já estão em liberdade.

Permanecem no Instituto de Administração Penitenciária: Antônio da Justa Feijão, Badu Picanço, José Guimarães Cavalcante, João Batista de Azevedo Picanço (irmão de Badu Picanço) e Thiago da Justa Ribeiro. Na última semana, todos tiveram pedidos de liberdade negados.

 Luciana Cordeiro