Durante o discurso aos comerciantes do entreposto, Bolsonaro elogiou a atuação de Araújo na Ceagesp, a quem diz ter dado carta branca. Voltou a dizer que se opõe à privatização do espaço: "Enquanto eu for presidente, esta é a casa de vocês".

"Esse amiguinho vai continuar andando com sua calcinha apertada que não vai ser privatizado aqui", afirmou Bolsonaro.

Acompanharam o presidente os deputados federais Celso Russomanno (Republicanos-SP) e Carla Zambelli (PSL-SP), além do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

A Ceagesp hoje é administrado por uma empresa pública federal vinculada ao Ministério da Economia. O governador João Doria (PSDB) tenta viabilizar um acordo para transferir a Caeagesp para outro local na cidade. A meta do governo estadual era concluir a inauguração até 2024.

Coronel convidou público a vestir verde e amarelo

Araújo pediu a funcionários da Ceagesp, em um convite distribuído por WhatsApp, que comparecessem à visita vestindo verde e amarelo. De acordo com a companhia, era "apenas um convite para que usemos essas cores como representação da Bandeira Nacional e da força que tem a Ceagesp como maior entreposto da América Latina".

Boa parte dos vendedores presentes atendeu à solicitação. Para participar do evento, houve medição de temperatura e controle de entrada - o que não impediu aglomeração e que algumas pessoas aguardassem o presidente sem máscara. Havia faixas de apoio ao presidente e críticas a Doria, dizendo: "Doria = aumento do ICMS".

Ao nomear Araújo, Bolsonaro gravou uma mensagem dizendo que Araújo é "um companheiro, um amigo" e disse que se tratava de uma indicação pessoal. O vídeo foi publicado no canal de YouTube do filho Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, e mostra o policial militar elogiando Bolsonaro, dizendo que "ladrão não vai ter vez" e que não aceitaria corrupção no cargo.

Araújo comandou a Rota entre agosto de 2017 e fevereiro de 2019. Assim que assumiu a chefia da tropa de elite da PM paulista, afirmou em entrevista ao UOL que as abordagens policiais deveriam ser realizadas de maneira diferente na região dos Jardins, bairro de elite, e na periferia.

Nesta terça, o presidente lembrou que a data marca o aniversário da Polícia Militar e disse esperar colocar em pauta o excludente de ilicitude na Câmara, após a eleição da nova presidência da Casa. "Não é permissão pra matar, é direito de não morrer", afirmou.

Depois do discurso, o presidente caminhou pelas dependências da Ceagesp. Disse que, caso houvesse vaia, "faz parte", mas disse que, como regra, tem sido bem recebido por onde vai. "Eu também entendo que sou o chefe supremo das Forças Armadas", afirmou Bolsonaro.

Fonte: UOL