Cotidiano

Aprovado BC autônomo, governo engolirá auxílio mínimo de R$ 300





Começou de verdade o jogo do governo com a sua nova base parlamentar. Deu 1 x 0 para o Centrão com a eleição do deputado Arthur Lira (PP-AL) e do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para o comando do Congresso. O governo empatou em 1 a 1 com a aprovação do projeto de autonomia para o Banco Central. Agora, segundo apurei, o centrão colocará nova bola na rede: a área econômica terá que engolir um auxílio emergencial de no mínimo R$ 300. No mínimo!

Assim será daqui para frente o jogo entre o governo e o Congresso sob o comando do centrão de raiz: "toma gol lá, que deixo a bola entrar aqui."

Às vezes, esse toma lá da cá não é tão ruim assim: vai sair um auxílio emergencial maior do que os R$ 200 que a área econômica estuda aceitar. E mais: segundo os chefões do Congresso acertaram com os líderes, também será mais rápido do que pretende o ministro Paulo Guedes.

Guedes tenta atrelar a aprovação do auxílio à reforma tributária ou a alguma Proposta de Emenda Constitucional de tramitação mais demorada. Ou mesmo à aprovação do Orçamento, que também não é coisa rápida. A base governista só aceitará uma dessas opções caso apareça uma fórmula rápida para qualquer delas. Caso contrário, o auxílio sai antes.

Segundo levantamento divulgado pelo cientista político Leopoldo Vieira, há 20 projetos de auxílio emergencial em tramitação. Apenas 3 estabelecem esse valor de R$ 300. A maioria eleva aos mesmos R$ 600 pagos no início a pandemia. Então o governo terá que dar graças a Deus se ficar nos R$ 300. Mais: pelo menos seis propostas prorrogam o auxílio até dezembro. Deve ficar até maio, no mínimo, preveem os parlamentares.

Vamos falar a verdade: às vezes é só jogando duro com os tecnocratas que os políticos conseguem arrancar uma verbazinha para obras e serviços em suas bases eleitorais.

Nesse caso, nem se trata de "uma verbazinha". O auxílio emergencial vai tirar uma grana grande das contas do governo. Mas esse investimento volta para os cofres públicos na forma de impostos recebidos com a manutenção da economia de alguma forma aquecida.

Sem contar o bem que faz a quem muito necessitará de ajuda real nesses tempos de pandemia.

Então, digamos, é um toma lá dá cá do bem.

O problema é quando esse toma lá dá cá envolve benesses mais, digamos, pessoais para os políticos. Às vezes na forma de Mensalão, às vezes na concessão de carguinhos para apadrinhados e parentes que resultam numa mesada. Digo, num salário para a turma amiga.

Fonte: UOL