Política

Eleições: 37,4% dos seguidores de presidenciáveis nas redes sociais são robôs





 

Segundo o Instituto InternetLab, que realizou a pesquisa, a questão central da investigação é o possível uso de táticas de manipulação da percepção dos cidadãos sobre o processo eleitoral no ambiente digital.

 

Com a aproximação das eleições 2018, o Instituto InternetLab divulgou, nesta semana, um estudo sobre o perfil de seguidores dos pré-candidatos à Presidência da República. A questão central da investigação é o possível uso de táticas de manipulação da percepção dos cidadãos sobre o processo eleitoral no ambiente digital. Baseado nos números da rede social Twitter, o Instituto demonstra que 37,4% dos seguidores de presidenciáveis são robôs.

De acordo com o InternetLab, os robôs, ou, como são conhecidos, os bots, são um tipo específico de programa de computador que realiza tarefas de forma autônoma, a partir de algoritmos. Eles são programados para executar uma série de funções, desde facilitar a navegação na internet até interagir com indivíduos. Um problema surge, todavia, quando os bots são usados para automatizar contas e perfis falsos, de forma não transparente, para que eles se passem por usuários comuns das redes sociais.

Com o objetivo de alavancar conteúdos e indivíduos artificialmente, eles podem ser programados para seguir pessoas, interagir em debates ou publicar e curtir conteúdos de forma orquestrada. No contexto de disputas político-eleitorais, os bots podem ser empregados dessa forma para distorcer a dimensão de movimentos políticos, manipular e radicalizar debates, e criar falsas percepções sobre disputas e consensos nas redes sociais. Eles podem fazer parecer que determinada figura é mais popular do que de fato é ou, ainda, serem utilizados para replicar discursos em série, fazendo parecer que há uma enorme adesão à uma causa quando não há.

A coleta de dados foi feita entre os dia 4 e 28 de junho e os pré-candidatos à presidência da república tiveram seus seguidores analisados. Como resultado, a pesquisa teve os seguintes números: Álvaro Dias (64,3%), Adilson Barroso (47%), Geraldo Alckmin (45,8%), Fernando Collor (40,7%), Jaques Wagner (38,2%), Marina Silva (36,2%), Jair Bolsonaro (33,8%), Ciro Gomes (32,1%), Rodrigo Maia (30,3%), Flávio Rocha (28,8%), Henrique Meirelles (24,1%), Lula (22,1%), Manuela D’Ávila (22%), João Amoêdo (21%), Paulo Rabello (17,5) e Guilherme Boulos (14%)

O pré-candidato Guilherme Boulos apresentou o menor percentual, com um Intervalo de Confiança entre 13.3% e 14.7%, o que representa uma média de aproximadamente 9.185 botsentre seus seguidores. Na outra ponta, encontra-se Álvaro Dias. Ele possui o maior percentual entre todos, com um Intervalo de Confiança entre 63.7% e 65.0%, equivalente a uma média de 262.950 seguidores bots.

O Instituto ressalta que em nenhum caso o percentual chegou a zero ou próximo disso. Essa alta quantidade de botsnos perfis dos pré-candidatos à presidência, todavia, não indica, necessariamente, que houve qualquer tipo de aquisição de seguidores por eles ou pelas empresas de marketing que os auxiliam. O Brasil é um dos países com o maior uso de bots em redes sociais e hospeda o 8º maior número de bots do mundo. Além disso, isso não é algo fundamentalmente novo, afinal já foi identificado a atividade de robôs no Twitter desde na última eleição presidencial em 2014, durante o processo de impeachment e nas eleições municipais de 2016. Descobrir a finalidade e os possíveis controladores de tais perfis exige uma maior investigação.

 Redação