Saúde

Amapá é o estado com o menor crescimento de leitos para internação do SUS





 

Os leitos de internação do SUS são aqueles destinados a quem precisa permanecer num hospital por mais de 24 horas.

 

O Amapá é o segundo estado com menor número de leitos de internação do SUS em hospitais da região norte. Além disso, de 2010 até hoje, o estado foi o último em crescimento de novos leitos, é o que aponta o levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde. Os leitos de internação do SUS são aqueles destinados a quem precisa permanecer num hospital por mais de 24 horas.

Dentre os estados da região norte, o Amapá é o que menos abriu novos leitos do SUS em oito anos, apenas 11,68%, ou seja, foram criados apenas 103 leitos na rede pública de saúde. Outros estados que tiveram saldo positivo na criação de novos leitos foram Rondônia 23,32% (639), Roraima 25,81% (199) e Tocantins 10,89% (231). O estado de Tocantins teve um aumento menor que o Amapá, no entanto, Tocantins tem 2.352 contra 985 leitos no estado do Amapá. Acre, Amazonas e Pará tiveram queda no número de leitos.

Os números apurados pelo CFM mostram, ainda, que em 22 estados e 18 capitais brasileiras perderam leitos nos últimos oito anos. Entre as 18 capitais, os cariocas foram os que mais perderam leitos na rede pública (-4.095), seguidos pelos fortalezenses (-904) e curitibanos (-849). No entanto, nove delas, Belém, Boa Vista, Cuiabá, Macapá, Palmas, Porto Velho, Recife, Salvador e São Luís, conseguiram elevar esse indicador, o que sugere que o grande impacto de queda tenha recaído sobre os municípios interioranos.

Dentre as especialidades mais afetadas no período, em nível nacional, estão psiquiatria, pediatria cirúrgica, obstetrícia e cirurgia geral. Já os leitos destinados à ortopedia e traumatologia foram os únicos que tiveram aumento superior a mil leitos.

Outro dado importante obtido pela pesquisa foi quanto ao crescimento de leitos que não fazem parte do SUS nas redes privadas de saúde. Enquanto os 160 milhões de brasileiros que dependem exclusivamente do SUS perderam 10% dos leitos públicos desde 2010, as redes suplementar e particular aumentaram em 9% o número de unidades no mesmo período. No Amapá, esse crescimento foi de 6,92%.

Os leitos que não fazem parte do SUS são destinados exclusivamente aos que possuem planos de saúde ou conseguem pagar por uma internação com recursos próprios.

Segundo o Ministério da Saúde, a redução do número de leitos hospitalares segue uma “tendência mundial”, que se justifica pelo fortalecimento da atenção ambulatorial ou domiciliar.

Dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que, em 2015, apenas 42,8% do gasto total em saúde no Brasil teve a participação direta do Estado (União, estados e municípios). Levando em consideração países que possuem um sistema universal de saúde parecido com o que existe no Brasil, no Reino Unido e Canadá as despesas públicas representam, respectivamente, 80,4% e 73,5% do orçamento total destinado à saúde. Nessa relação, o Brasil aparece com um dos piores indicadores quando comparado a outros países com sistemas universais.

Segundo Carlos Vital, presidente do CFM, os dados da pesquisa revelam o impacto do mau uso das verbas disponíveis e da má gestão administrativa do Sistema. “Essa conta é a senha para distorções. Enquanto os gestores seguem fechando leitos em todo o País, milhares de brasileiros aguardam na fila do SUS para realizar uma cirurgia eletiva, conforme demonstrou estudo divulgado pelo no fim do ano passado”, criticou o presidente do CFM.

Os dados obtidos pela pesquisa serão encaminhadas para ciência e providências ao Congresso Nacional, Ministério Público Federal (MPF) e Tribunal de Contas da União (TCU).

Redação