Mesmo com os investidores acompanhando com cautela as perspectivas fiscais para o Brasil, o dólar fechou hoje em queda de 2,31% ante o real, cotado a R$ 5,629 na venda. Essa é a maior queda desde o dia 10 de março, quando a moeda americana caiu 2,5%.
No acumulado do mês de março, o dólar teve uma alta de 0,41% ante o real.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
O final do trimestre foi protagonizado por uma política doméstica agitada após mudanças nas Forças Armadas e em vários ministérios, com os investidores acompanhando com cautela as perspectivas fiscais para o Brasil.
Embora avaliem que a decisão de rearranjar os ministérios melhora o clima do governo com o Congresso e traz certa segurança ao chefe do Executivo, essa tranquilidade é momentânea, sutil, e pode sofrer mudanças a depender da conjuntura, disseram parlamentares.
Em nota à Reuters, a Genial Investimentos disse que "a reforma ministerial pode ajudar na relação entre o Legislativo e o Executivo, mas a incerteza política impõe prêmio na parte longa da curva de juros e fragiliza a moeda doméstica", destacando as incertezas representadas pelo Orçamento de 2021.
A lei orçamentária aprovada pelo Congresso na semana passada foi chamada por técnicos do governo e economistas de "contabilidade criativa", com direito a reestimativa irreal de despesas, uma pedalada fiscal e parâmetros econômicos defasados, que demandariam cortes draconianos para evitar o descumprimento das regras fiscais.
Segundo o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, o governo pode vetá-la parcial ou integralmente. Ele afirmou que é dever do Tesouro diagnosticar o problema gerado pelas mudanças no Orçamento de "forma correta" para apontar soluções, e afirmou que essa discussão está em curso. "Será necessária boa articulação política com o Legislativo para executar essas mudanças", disse a Genial Investimentos.
Além das incertezas fiscais persistentes, que há meses vêm pressionando os mercados domésticos, a trama política imprevisível e o recrudescimento da pandemia de covid-19 no Brasil têm sido citados por especialistas como fatores de impulso para o dólar recentemente.
Vários Estados e municípios brasileiros estão sob restrições mais rígidas de combate ao vírus devido a sua forte disseminação, o que levantava temores entre os investidores sobre as perspectivas de uma retomada econômica.
Fonte: UOL com informações da Reuters