Economia

Dólar tem a maior valorização desde setembro; Bolsa segue em baixa





Vindo de quatro quedas consecutivas, o dólar quebrou a tendência nas operações e fechou esta quarta-feira (24) cotado a R$ 5,1052. É a maior valorização diária desde o dia 8 de setembro, sendo reflexo da aversão a risco após a Rússia confirmar a invasão à Ucrânia. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), tem operado em baixa de 0,52% às 17h32, aos 111.428,18 pontos.

O dólar atingiu máxima de R$ 5,165 durante o dia, disparando 3,23%. Ontem (23) a moeda americana fechou em R$ 5,004, com desvalorização de 0,95% —menor valor desde junho de 2021.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Europa também sofre

As Bolsas de Valores da Europa também tiveram forte queda na sessão, com perdas que ultrapassaram os 4% em alguns países. Entre os principais índices, as maiores baixas registradas foram:

  • Dublin (ISEQ), na Irlanda: -4,57%
  • Milão (FTSE MIB), na Itália: -4,14%
  • Frankfurt (DAX), na Alemanha: -3,96%
  • Londres (FTSE 100), na Inglaterra: -3,88%
  • Paris (CAC 40), na França: -3,83%
  • Helsinki (OMX), na Finlândia: -3,81%
  • Madri (MADX), na Espanha: -2,95%
  • Amsterdã (AEX), na Holanda: -2,66%

Ataque da Rússia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi à TV na madrugada desta quinta (horário de Brasília) para dizer que faria uma "operação militar especial" no Donbass, a área de maioria russa no leste da Ucrânia. Seu comando militar, porém, confirmou que "armas de precisão estão degradando a infraestrutura militar, bases aéreas e aviação das Forças Armadas ucranianas".

Em comunicado divulgado horas após os ataques, o Kremlin declarou que a operação militar contra a Ucrânia durará o tempo que for necessário, dependendo de seus "resultados" e de sua "relevância".

Posteriormente, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou em discurso à nação o rompimento das relações diplomáticas com Moscou. Ele também adotou lei marcial em todo o território ucraniano — uma medida que altera as regras de funcionamento de um país, deixando de lado as leis civis e colocando em vigor leis militares.

A Rússia tem mais de 150 mil soldados, tanques e mísseis posicionados ao longo da fronteira ucraniana. O regime de Vladimir Putin — que, inicialmente, negou a intenção de invasão e acusou americanos de "histeria" — reclama de uma eventual adesão de Kiev à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar criada para fazer frente à extinta União Soviética.

Para Putin, a Otan é uma ameaça à segurança da Rússia por sua expansão na região. Por isso, o presidente quer uma declaração formal de que a Ucrânia nunca vai se filiar à aliança.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou a operação militar da Rússia na Ucrânia, que definiu como "não provocada e injustificada". Para o americano, Putin escolheu uma "guerra premeditada" e "que trará uma perda catastrófica". "Os EUA e seus aliados e parceiros responderão de forma unida e decisiva. O mundo responsabilizará a Rússia", disse Biden em comunicado enviado à imprensa.

Este conteúdo foi gerado pelo sistema de produção automatizada de notícias do UOL e revisado pela redação antes de ser publicado.

 

 

Confira outras notícias 

- Brasil está preparado para impactos econômicos da guerra, diz Tesouro

O alto volume de reservas internacionais e as poucas dívidas em dólar tornam o Brasil preparado para enfrentar a volatilidade dos mercados financeiros ao conflito entre Rússia e Ucrânia, disse hoje (24) o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle. Segundo o secretário, ainda é cedo para pensar em leilões extraordinários da dívida pública para segurar o mercado.

No fim da tarde desta quinta-feira, a bolsa caía cerca de 1,5%, depois de recuar mais de 2% durante o dia. O dólar comercial, que ontem (23) tinha fechado em R$ 5, estava sendo vendido a R$ 5,10, depois de atingir R$ 5,15 por volta das 15h.

“É importante lembrar a posição em que o Brasil se encontra. Em termos de dívida pública, estamos em situação muito confortável. A gente tem só 5% da dívida em dívida externa e a participação do estrangeiro [na dívida interna] no Brasil é de pouco mais de 10%. A gente tem 100% da necessidade de financiamento de 2022 em caixa. A gente tem mais de US$ 350 bilhões de reserva internacional. O Brasil está bem estruturado para alguma volatilidade internacional”, afirmou Valle.

Quanto a eventuais leilões do colchão da dívida pública, tipo de medida tomada em momentos de turbulência extrema no mercado financeiro, o secretário comentou que o Tesouro só poderá tomar qualquer decisão depois de aguardar como o conflito vai se desenrolar e se haverá impactos em outros países.

“O Tesouro está com o caixa confortável. A gente acompanha o mercado permanentemente. Estamos atentos e tomaremos as medidas que forem necessárias. Mas, neste momento, acho que está cedo e que estamos bem posicionados”, afirmou Valle.

O secretário deu as explicações ao comentar o resultado primário de janeiro. No mês passado, as contas do governo central tiveram superavit primário recorde de R$ 76,5 bilhões.

 

- Petrobras monitora crise entre Rússia e Ucrânia

O diretor executivo de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Mastella, disse hoje (24), que a companhia está monitorando a evolução da crise entre a Rússia e a Ucrânia que, até o momento, se acha restrita à região. Por isso, analisou não ver impacto na segurança de atendimento aos clientes no Brasil, supridos por refinarias no país e pela importação de outras áreas no mundo. 

Com relação aos preços, entretanto, Mastella enxerga impacto de elevação muito forte na volatilidade dos preços no mercado. “Hoje ocorreu um pico que ainda não se estabilizou”, disse. O mercado todo está observando o que está acontecendo e tentando avaliar as consequências da crise, a partir dos desdobramentos da situação na Ucrânia, disse.

Rodrigo Costa, diretor executivo de Refino e Gás Natural, acompanhou o posicionamento de Mastella. Ele disse que a Petrobras está acompanhando todo o movimento da nova realidade de suprimentos de gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos para Europa, África e Ásia, em razão da crise entre a  Rússia e a Ucrânia, tendo em vista que parcela significativa do gás importado pelo Brasil vem dos Estados Unidos. 

Ele disse, porém, que a companhia não vê risco na movimentação de carga para atender os compromissos contratuais. “O que nós vemos, sim, é um impacto bastante significativo em custos, porque a gente já vê movimentações de precificação de GNL voltando a um patamar de US$ 300 o barril. Patamares extremamente elevados, que trazem uma onerosidade maior ao custo de regaseificação“. 

Ele não vê, contudo, problemas de disponibilidade de carga. Com a recuperação dos reservatórios, Costa acredita que não há necessidade de maior importação para atendimento do mercado termelétrico e não termelétrico no Brasil.

 

- Superávit primário bate recorde e totaliza R$ 76,5 bi em janeiro

Aumento na arrecadação impulsionou resultado positivo

Impulsionadas pelo aumento da arrecadação em janeiro, as contas do Governo Central - Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central - iniciaram 2022 com superávit recorde. No mês passado, o resultado ficou positivo em R$ 76,539 bilhões.

Esse foi o melhor resultado para todos os meses desde o início da série histórica, em 1997. O segundo melhor havia sido registrado em outubro de 2016 (superávit de R$ 52,9 bilhões a preços atuais) e em setembro de 2010 (R$ 51,1 bilhões a preços atuais). Nas duas ocasiões, no entanto, o superávit havia sido inflado por receitas atípicas.

O superávit primário representa a economia de recursos pelo governo desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. O resultado de janeiro veio melhor que o esperado pelas instituições financeiras. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Economia, os analistas de mercado esperavam resultado positivo de R$ 44 bilhões no mês passado.

Em outubro de 2016, ocorreu uma repatriação de recursos mantidos por brasileiros no exterior. Na ocasião, o governo concedeu uma anistia a quem trouxesse dinheiro de volta ao país, sem a acusação de crime de evasão de divisas. Em 2010, o resultado foi impulsionado pela capitalização da Petrobras, durante o processo de cessão onerosa do petróleo na camada pré-sal.

Apesar do superávit em janeiro, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estipula meta de déficit primário de R$ 170,5 bilhões para este ano. O Orçamento Geral da União de 2022 reduziu a estimativa de déficit para R$ 79,3 bilhões, mas o valor levado em conta para o cumprimento das metas fiscais é o da LDO.

Arrecadação atípica

O resultado de janeiro deste ano decorreu do aumento das receitas e da relativa estabilidade das despesas. No mês passado, as receitas líquidas cresceram 30,5% em relação a janeiro do ano passado em valores nominais. Descontada a inflação, o crescimento ficou em 18,2% acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). As despesas totais cresceram 12,9% em valores nominais e 2,2% acima do IPCA na mesma comparação.

No mês passado, dois fatores impulsionaram o crescimento das receitas: as arrecadações atípicas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido decorrentes de lucros maiores que o previsto pelas empresas e o adiamento do pagamento de quotas do Imposto de Renda em 2021, por causa da segunda onda da pandemia de covid-19. Como a medida não se repetiu neste ano, a arrecadação subiu além do previsto.

O crescimento de R$ 8,1 bilhões no pagamento de royalties também ajudou os cofres federais. As receitas subiram 81,9% acima da inflação em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado, impulsionada pela alta no preço internacional do petróleo, que está na maior cotação em oito anos por causa do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Despesas

Do lado das despesas, aumentaram os gastos com despesas obrigatórias com controle de fluxo, que subiram R$ 5,6 bilhões (+53,9%) acima da inflação em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2021. A alta foi impulsionada pelo pagamento do benefício mínimo de R$ 400 do Auxílio Brasil.

Em contrapartida, os gastos com o funcionalismo federal caíram 6,9% descontada a inflação, refletindo o congelamento de salários dos servidores públicos que vigorou entre junho de 2020 e dezembro de 2021. As despesas com a Previdência Social recuaram 1,3%, também considerando a inflação, por causa da reforma aprovada em 2019.

Em relação aos investimentos (obras públicas e compra de equipamentos), o governo federal investiu R$ 742 milhões em janeiro, queda de 21,5% em relação ao mesmo mês de 2021, descontada a inflação pelo IPCA. O recuo ocorre perante uma base fraca de comparação. Em janeiro do ano passado, o Orçamento não tinha sido aprovado, e todos os investimentos eram executados apenas com restos a pagar (verbas autorizadas em anos anteriores).

Fonte: UOL - Agência Brasil