O dólar comercial emendou a segunda queda nesta sexta-feira (27), de 0,49%, cotado a R$ 4,738 — menor valor desde 20 de abril (R$ 4,62). Com isso, a moeda teve a terceira semana seguida de desvalorização (-2,79%). O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), encerrou o dia quase estável, aos 111.941,68 pontos, com leve alta de 0,05%. É o maior nível da Bolsa em mais de um mês, desde 20 de abril (114.343,78 pontos). Na semana, o índice acumulou alta de 3,18%, melhor resultado desde o final de março (3,27%). É a terceira semana seguida de avanços.
O mercado hoje acompanhou o mercado internacional, com a sinalização de que o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) não aumentará os juros de maneira muito agressiva.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
A visão predominante nos mercados é de que o dólar caído porque riscos de uma recessão econômica nos Estados Unidos podem levar o banco central norte-americano a evitar aumentos maiores nos juros. Os receios de recessão crescera após dados da véspera mostrarem queda maior que o esperado no PIB (Produto Interno Bruto) do país no primeiro trimestre.
"Começa a se consolidar nos EUA a visão de que a postura do Federal Reserve deverá ser mais branda do que o mercado esperava, pelo risco de uma recessão", escreveram analistas da Levante Investimentos. "Apesar de os aumentos dos juros no curto prazo estarem praticamente definidos, a trajetória mais longa poderia sofrer alterações."
As indicações mais recentes do Fed são de que adotará ajustes de 0,50 ponto percentual nos custos dos empréstimos em cada uma de suas próximas duas reuniões e depois poderá fazer uma pausa para avaliar os efeitos do aperto na economia.
Isso desenha um cenário bem menos "hawkish", ou duro no combate à alta dos preços, do que alguns operadores temiam. Apenas algumas semanas atrás, havia apostas nos mercados de que o Fed poderia ser forçado a promover aumento de 0,75 ponto percentual nos juros, diante da inflação mais pressionada em quatro décadas nos EUA.
Desde março deste ano, o Federal Reserve já aumentou sua taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual.
Taxas de empréstimo mais altas na maior economia do mundo tendem a beneficiar o dólar, uma vez que atraem recursos para o mercado de renda fixa norte-americano, de forma que a redução de apostas em elevações mais agressivas nos juros explica o recente arrefecimento da divisa dos EUA.
No entanto, estrategistas do Citi alertaram que receios sobre o desempenho econômico do país podem, eventualmente, trabalhar a favor do dólar.
"Os temores de recessão nos EUA estão aumentando. Normalmente, as recessões dos EUA levam a um câmbio de mercados emergentes mais fraco, embora às vezes a força do dólar só comece quando a recessão estiver muito próxima ou até mais tarde", disseram especialistas em relatório desta sexta-feira.
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- Economia dá sinal verde ao Congresso para aprovar auxílio a caminhoneiros, dentro do teto fiscal
Com receio de uma alta do diesel e de uma greve de caminhoneirosautônomos, a equipe econômica do governo federal deu sinal verde ao Congresso Nacional para a aprovação de um voucher para a categoria com custo de R$ 1,5 bilhão.
Em conversas recentes do governo federal com lideranças políticas, que foram relatadas à CNN Brasil, também houve apoio para o pagamento de um auxílio-gasolina para motoristas de táxis e de aplicativos. Integrantes da equipe econômica têm dito que os benefícios terão apoio se ficarem dentro do teto fiscal.
No Congresso, há propostas em análise que preveem o pagamento de um vale de R$ 100 a R$ 300, por mês, para taxistas, mototaxistas e motoristas de aplicativos.
Sobre o valor para caminhoneiros, ainda há discussão, mas o governo federal chegou a falar no final do ano passado em um voucher de até R$ 400.
Em contraponto a outras temáticas econômicas, a possibilidade de conceder o benefício para motoristas é hoje consenso entre as equipes política e econômica do governo federal.
A leitura do cenário atual feita por assessores do governo é de que uma elevação do diesel durante a campanha eleitoral pode fomentar movimentos grevistas, causando prejuízos à economia brasileira.
O pagamento de um auxílio aos caminhoneiros tem sido encarado como um “seguro barato” para proteger a atividade econômica no país, apesar de haver o reconhecimento de que a medida seria apenas um alívio aos caminhoneiros autônomos, sem cobrir na totalidade a inflação sobre o combustível.
O sinal verde foi dado após integrantes da Petrobras terem informado ao governo federal o risco de escassez de diesel no terceiro trimestre, o que pode comprometer o transporte da safra de verão, a mais importante do agronegócio brasileiro.
Com o risco de escassez, é possível que a empresa estatal faça um novo repasse de preços, elevando o valor do diesel na bomba, o que pode fomentar movimentos grevistas. A mesma apreensão ocorre sobre o gás natural após a Bolívia ter anunciado a diminuição em 30% na exportação do produto ao mercado brasileiro.
No início da semana, o governo federal avaliava uma alteração na política de preços da empresa estatal com a criação de uma trava de três meses para congelamento dos preços dos combustíveis.
Com o risco de escassez do diesel, contudo, a proposta passou a ser reavaliada, já que o diagnóstico feito por auxiliares palacianos é de que um congelamento pode aumentar o risco de desabastecimento do combustível.
Fonte: UOL - CNN Brasil - Reuters