Economia

Dólar cai para R$ 5,19 em dia de ajustes no mercado





Em um dia de ajuste no mercado doméstico, o dólar contrariou o mercado externo e caiu para abaixo de R$ 5,20. A bolsa de valores caiu pela segunda sessão seguida e perdeu os 100 mil pontos.

O dólar comercial encerrou esta quarta-feira (29) vendido a R$ 5,193, com recuo de R$ 0,073 (-1,39%). A cotação operou em baixa durante toda a sessão, mas a queda se intensificou durante a tarde, com a moeda encerrando no nível mínimo do dia.

Com o desempenho de hoje, a divisa acumula alta de 9,26% em junho. Em 2022, o dólar recua 6,87%. O real descolou-se das moedas internacionais. Hoje, o dólar subiu perante as principais moedas do planeta.

No mercado de ações, o dia foi mais pessimista. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 99.622 pontos, com recuo de 0,96%. A queda foi puxada por ações de petroleiras, mineradoras e grandes bancos, que tinham subido nos últimos dias.

Diferentemente dos últimos dias, as bolsas norte-americanas não tiveram tendência definida, alternando altas e baixas. O índice Dow Jones, das empresas industriais, subiu 0,27%. Os demais índices ficaram perto da estabilidade. O Nasdaq, das empresas de tecnologia, caiu 0,03%. O S&P 500, das 500 maiores empresas, recuou 0,07%.

Em relação ao dólar, as movimentações de fim de mês influenciaram as negociações. Após a forte alta de ontem, quando a divisa atingiu o maior valor desde o início de fevereiro, os investidores resolveram vender dólares para embolsar os lucros dos últimos dias.

 

- Ipea revisa inflação para 2022 com aumento de 6,5% para 6,6%

Uma revisão do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) elevou levemente o índice que mede a inflação de 6,5% para 6,6% em 2022. A análise foi feita pelo Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que manteve em 6,3% a previsão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

A revisão leva em conta o fato de a inflação brasileira, como ocorre em vários outros países, vir sendo impactada pela aceleração dos preços das principais commodities, que são os produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional, “refletindo os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre a produção e comercialização de petróleo, gás e cereais, além do persistente descasamento entre a oferta e a demanda mundial de insumos industriais”, diz o documento divulgado hoje (29).

A análise considera também os danos registrados em diversas lavouras temporárias, causados pelos eventos climáticos, no início de 2022, e a retomada do setor de serviços, no período pós-pandemia de covid-19. Com essa pressão, a inflação brasileira, medida pelo IPCA, já chega a 4,8% entre janeiro e maio deste ano e, nos últimos 12 meses, acumula alta de 11,7%.

O documento informa que além de uma revisão maior dos alimentos no domicílio e dos bens livres, cujas previsões avançaram de 9,1% e 5,4% para 12,3% e 9,1%, respectivamente, a inflação estimada para os serviços livres também subiu, passando de 5,5% para 6,8%. No sentido contrário, a inflação estimada para os preços monitorados caiu de 6,9% para 1,1%.

Cenário mais favorável

Os pesquisadores destacam, entretanto, que “apesar desse contexto marcado por uma inflação corrente elevada e pela perspectiva de que pontos de pressão inflacionária, como petróleo, bens industriais e serviços, ainda se mostrem resilientes à queda, o cenário inflacionário projetado para os próximos meses vem se tornando mais favorável”. A expectativa é de acomodação no preço das commodities agrícolas e há estimativa de melhora na projeção da safra brasileira em 2022. Além disso, a implementação da Lei Complementar 194/2022 deve contribuir para uma alta bem menos acentuada dos preços administrados este ano, destaca o Ipea.

A pesquisa observa ainda que apesar de a projeção para o INPC ter se mantido em 6,3%, este ano, ocorreu mudança de composição, com expectativa de alta mais acentuada dos preços livres, refletindo pressão maior dos preços dos alimentos, dos bens industriais e dos serviços livres, cujas taxas de variação estimadas passaram de 9,3%, 5,2% e 4,8%, para 12,6%, 8,9% e 6,6%, respectivamente. Por outro lado, a inflação esperada dos preços monitorados teve redução de 6,6%, na projeção anterior, para menos 0,9%, na nova revisão.

2023

Em relação às expectativas para o próximo ano, tanto o IPCA como o INPC foram revistos para cima, com a alta projetada passando de 3,6% para 4,7%, em ambos os indicadores. Segundo os pesquisadores do Ipea, essa revisão “está associada aos possíveis repasses originados da maior inflação dos preços livres este ano e à expectativa de um comportamento menos favorável dos preços monitorados no próximo ano”.

 

Confira outras noticias 

- Governo Central tem segundo maior déficit para meses de maio

Resultado primário ficou negativo em R$ 39,2 bilhões

A antecipação do décimo terceiro para os aposentados e os gastos com o Auxílio Brasil fizeram as contas públicas registrar o segundo maior resultado negativo para meses de maio.

No mês passado, o Governo Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – registrou déficit primário de R$ 39,213 bilhões. Esse é o segundo maior déficit para o mês desde o início da série histórica, em 1997, só perdendo para maio de 2020, no início da pandemia de covid-19.

O resultado veio pior que o esperado pelas instituições financeiras. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Economia, os analistas de mercado esperavam resultado positivo de R$ 23,1 bilhões em maio.

Em relação a maio do ano passado, o déficit primário cresceu 68,1%, descontada a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Graças aos superávits obtidos em janeiro e abril, o Governo Central acumula resultado positivo de R$ 39,213 bilhões nos cinco primeiros meses de 2022, o melhor resultado para o período desde maio de 2012.

O resultado primário representa a diferença entre as receitas e os gastos, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. Apesar do superávit acumulado no ano, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estipula meta de déficit primário de R$ 170,5 bilhões para este ano.

No fim de maio, o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas reduziu a estimativa de déficit para R$ 65,5 bilhões, mas o valor levado em conta para o cumprimento das metas fiscais é o da LDO.

Arrecadação atípica

O déficit de maio ocorreu porque as despesas cresceram em ritmo maior que as receitas. No mês passado, as receitas líquidas cresceram 8,1% em relação a maio do ano passado em valores nominais. Descontada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no entanto, houve queda de 3,3%. As despesas totais cresceram 20,6% em valores nominais e 7,9% na mesma comparação, após descontar a inflação.

A queda na receita líquida pode ser explicada pela arrecadação federal recorde em abril, que elevou as transferências da União para estados e municípios em maio. Ao desconsiderar os repasses a governos locais, a receita bruta subiu 18% em valores nominais e 5,6% descontada a inflação em maio, na comparação com o mesmo mês de 2021.

Além da transferência a estados e municípios, as contas públicas começaram a sentir os efeitos das desonerações concedidas pelo governo. A arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) caiu R$ 1,8 bilhão em maio (-30,6% descontada a inflação) em relação ao mesmo mês do ano passado. Desde fevereiro, o governo reduziu o IPI para estimular as indústrias.

Em contrapartida, a elevação do lucro de empresas de energia e de combustíveis contribuiu para impulsionar a arrecadação do Imposto de Renda em R$ 3,36 bilhões (+7,4% acima da inflação) em maio. Esses fatores até agora compensam a queda de arrecadação em outros setores.

A alta do petróleo no mercado internacional fez as receitas com royalties crescer R$ 1,176 bilhão (+23,3%) acima da inflação no mês passado na comparação com maio de 2021. Atualmente, a cotação do barril internacional está em torno de US$ 115 por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Despesas

Do lado das despesas, o principal fator que contribuiu para o aumento dos gastos em maio foi a antecipação do décimo terceiro de aposentados e pensionistas, que elevou os gastos com a Previdência Social em R$ 20,7 bilhões (+30,3%) acima da inflação no mês passado. No ano passado, a primeira parcela do décimo terceiro tinha sido paga em maio e junho. Neste ano, o pagamento ocorreu em abril e maio.

Também aumentaram os gastos com despesas obrigatórias com controle de fluxo, que subiram R$ 6,39 bilhões (+49,6%) acima da inflação em maio na comparação com o mesmo mês de 2021. No acumulado do ano, o aumento chega a R$ 26,41 bilhões (+40,7%) acima do IPCA. A alta foi impulsionada pelo pagamento do benefício mínimo de R$ 400 do Auxílio Brasil.

Em contrapartida, os gastos com o funcionalismo federal caíram 8,2% no acumulado do ano descontada a inflação. A queda reflete o congelamento de salários dos servidores públicos que vigorou entre junho de 2020 e dezembro de 2021 e a falta de reajustes em 2022, apesar de diversas categorias estarem em greve.

Em relação aos investimentos (obras públicas e compra de equipamentos), o governo federal investiu R$ 13,718 bilhões nos cinco primeiros meses do ano, alta de 42,1% em relação ao mesmo período de 2021, descontada a inflação pelo IPCA. A alta ocorre perante uma base fraca de comparação. No ano passado, o Orçamento foi sancionado apenas no fim de abril.

 

- Guedes permitiu novos benefícios com limite de custo, diz Tesouro

Serão R$ 55,4 bilhões de gastos com os auxílios e desoneração; receitas extraordinárias compensarão, segundo Paulo Valle

O secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, disse que o ministro Paulo Guedes (Economia) deu aval para os novos benefícios que estão em votação no Congresso Nacional, desde que tenham prazo e limite de custo. Segundo ele, as medidas não comprometerão a trajetória fiscal do país.

A PEC dos Combustíveis que deve ir a votação no Senado nesta 4ª feira (29.jun.2022) libera R$ 38,75 bilhões em gastos fora do teto e reconhece estado de emergência para autorizar o governo a criar e aumentar programas sociais em ano eleitoral.

Eis os 5 pontos do relatório apresentado nesta 4ª (29.jun) pelo relator da PEC (proposta de emenda à Constituição), Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), em entrevista a jornalistas, e seu impacto fiscal:

  • Acréscimo de R$ 200 emergenciais ao Auxílio Brasil e zeragem da fila de espera de 1,66 milhão de famílias – R$ 26 bilhões;
  • Elevação do vale-gás para o equivalente em dinheiro a um botijão (R$ 120) por bimestre para 5,86 milhões de famílias – R$ 1,05 bilhão;
  • Voucher de R$ 1.000 para caminhoneiros autônomos – R$ 5,4 bilhões;
  • Subsídio à gratuidade para idosos no transporte coletivo – R$ 2,5 bilhões;
  • Compensação a Estados para garantir competitividade tributária do etanol hidratado em relação à gasolina – R$ 3,8 bilhões.

“A diretriz do ministro Paulo Guedes foi a seguinte: ok, nós vamos ter despesas extraordinárias, lembrando, em linha com o que vários países vêm adotando recentemente, mas têm que ter um limite de prazo e de custo”, disse. As declarações foram feitas durante entrevista a jornalistas nesta 4ª feira (29.jun.2022). Assista

O prazo seria até o fim de 2022 e o custo total de renúncias de R$ 55,5 bilhões. Segundo Paulo Valle, o preço do petróleo tem pressionado e criado uma “demanda na sociedade” desde o início do ano. Em março, a União optou pela desoneração do diesel: a alíquota do PIS/Cofins foi zerada até o fim de 2022.

“O que a gente viu agora recentemente foi uma pressão maior da sociedade, representada pelo Congresso, de tomar algumas medidas adicionais”, disse o secretário do Tesouro.

Paulo Valle afirmou que, desde o relatório bimestral de maio, o governo registrou receitas extraordinárias com a privatização da Eletrobras (R$ 26,6 bilhões) e haverá o pagamento de R$ 10 bilhões com dividendos da Petrobras e de R$ 18,8 bilhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Somados, são R$ 55,4 bilhões a mais do que o governo estava esperando de receita.

Naquele mês, o governo revisou para baixo a projeção de rombo nas contas públicas de 2022, de R$ 66,9 bilhões para R$ 65,5 bilhões.

O ministro Paulo Guedes disse que as despesas precisam ser limitadas ao valor de receitas extraordinárias. “Só esses 3 já equivalem a R$ 55,4 bilhões. A PEC que foi publicada hoje é um gasto na PEC de R$ 38,7 bi, mais a desoneração da gasolina R$ 16,8 bilhões, que dão os R$ 55,5 bilhões”, afirmou Paulo Valle.

Ele disse que os valores são equivalentes e não mudam a situação das contas públicas registradas em maio. “Tendo receitas extraordinárias que financiam as despesas extraordinárias, a gente voltou para o ponto de maio. A trajetória fiscal de maio se mantêm exatamente aquela”, declarou. Ele ressaltou que a arrecadação do governo ainda está forte.



Fonte: Agência Brasil - Reuters - Poder360