O dólar subia 1,41%, cotado a R$ 5,309, por volta das 16h00 desta sexta-feira (1º), refletindo um reforço dos temores por parte dos investidores quanto ao risco fiscal no Brasil após a aprovação da PEC dos Combustíveis no Senado.
No mesmo horário, o Ibovespa avançava 0,5%, aos 99.030 pontos. O índice reverteu a maior parte das perdas da manhã, puxado por segmentos como bancos e petroleiras, beneficiados por fatores específicos de cada setor, como petróleo em alta e expectativa de juros maiores com desancoragem de expectativas inflacionárias. Entretanto, a combinação dos cenários doméstico e externo desfavoráveis faz setores como varejo, saúde e mineradoras, pesando negativamente.
A PEC dos Combustíveis busca reduzir o impacto da alta nos preços dos combustíveis para a população. Para isso, aumenta o valor de benefícios sociais e cria novos auxílios. O gasto estimado é de R$ 41,25 bilhões, e o texto prevê o reconhecimento do estado de emergência em 2022 no país para justificar as novas despesas.
O movimento não agrade o mercado por ser mais um desrespeito ao teto de gastos, e leva a uma retirada de investimentos estrangeiros, fazendo o realdesvalorizar em relação ao dólar.
Além da deterioração do cenário doméstico, o exterior segue pesando negativamente. Os investidores apostam cada vez mais em uma recessão econômica global puxada pelos Estados Unidos conforme os países sobem juros para combater a inflação, o que aumenta a aversão a riscos e tira investimentos de mercados considerados arriscados, caso do Brasil.
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.
Na quinta-feira (30), o dólar teve alta de 0,77%, a R$ 5,231, com avanço mensal de 10,03% e queda semestral de 6,14%. Já o Ibovespa recuou 1,08%, aos 98.541,95 pontos, e caiu 11,46% em junho, a maior queda percentual desde março de 2020.
Os investidores ainda mantém uma aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada, e até uma recessão, devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 15 de junho. A autarquia elevou os juros em 0,75 ponto percentual, na maior alta desde 1994, e deixou uma porta aberta para um aumento na mesma magnitude em julho.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Ao mesmo tempo, a China tem relaxado medidas para combater a Covid-19, mas há temores que novas restrições prejudiquem a segunda maior economia do mundo, e o risco fiscal no Brasil voltou a ganhar força com uma expansão de gastos pelo governo.
Com isso, a combinação de um cenário doméstico debilitado, com o retorno de riscos fiscais e temores sobre interferências na Petrobras, e a perspectiva no exterior de fortes apertos monetários voltaram a prejudicar o mercado brasileiro.
Fonte: CNN Brasil com informações da Reuters