O Ibovespa fechou em alta de 2,04%, aos 100.729,72 pontos, nesta quinta-feira (7), favorecido pela redução na aversão a riscos por parte dos investidores e pela alta nas ações ligadas a commodities, como o minério de ferro, que seguem a valorização nos preços dos produtos. Nesta tarde, o índice chegou aos 101 mil pontos.
Já o dólar caiu 1,45%, a R$ 5,344. O real teve leve recuperação em um dia de fraqueza da moeda norte-americana no exterior.
Os investidores digeriram a ata da última reunião do Federal Reserve. O texto sinalizou que a próxima reunião deve ter uma alta de 0,5 p.p. ou 0,75 p.p., dependendo dos dados inflacionários, mas o tom foi lido como menos agressivo que o esperado pelo mercado, reduzindo em parte o pessimismo global, já que não mencionou um risco de recessão no país.
Já no âmbito doméstico, o mercado ficou atento à tramitação da PEC dos Benefícios, aprovada no Senado e que agora é analisada na Câmara. O texto criou um risco fiscal, já que tem gastos estimados em cerca de R$ 41 bilhões e prevê decretar um estado de emergência para justificar despesas fora do teto e ampliar benefícios sociais.
A medida não foi bem recebida por investidores, e leva a uma retirada de investimentos devido à possibilidade de descontrole de gastos.
Na quarta-feira (6), o dólar teve valorização 0,63%, a R$ 5,423. Já Ibovespa encerrou com alta de 0,43%, aos 98.718,98 pontos.
Os contratos futuros de minério de ferro na Bolsa de Dalian se recuperaram de uma venda (sell-off) na sessão anterior, subindo 5% nesta quinta-feira com a queda do dólar.
Porém, ainda persistem no mercado as preocupações com uma recessão global e novas restrições da Covid-19 na China.
As ações asiáticas registraram ganhos graduais nesta quinta-feira, com os investidores lidando com os riscos de uma recessão e uma possível pausa nos aumentos das taxas de juros, enquanto o euro era negociado na mínima de dois anos e o petróleo começava a recuperar as perdas da noite para o dia.
O contrato de minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange terminou em alta de 3,9%, a 756,50 iuanes (US$ 112,82) a tonelada. O contrato para agosto na Bolsa de Cingapura ganhou 1,7%, a US$ 113,50 a tonelada.
Os investidores ainda mantêm uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A autarquia já chegou a descartar altas de 0,75 ponto percentual nos juros, ou um risco de levar a economia do país a uma recessão, mas sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Ao mesmo tempo, o mercado acompanha os dados sobre a economia do país para entender o quão agressivo o Fed poderá ser no processo.
A confirmação da contração da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre, por exemplo, reforçou a visão de que a autarquia não deveria ser tão agressiva na alta de juros quanto o previsto. Já a inflação de maio sinalizou um quadro mais negativo, reforçando apostas de juros terminais maiores.
Por outro lado, com o fim do lockdown na cidade chinesa de Xangai e alívio nas restrições na capital Pequim, a expectativa era que a demanda chinesa retorne aos níveis anteriores, o que voltou a favorecer exportadores de commodities e aliviou uma parte das pressões sobre o real, mas novas restrições foram anunciadas, revertendo o cenário.
O Ibovespa e o real encontraram espaço para valorização entre o fim de maio e o começo de junho, mas a combinação de um cenário doméstico pior, com o retorno de um risco fiscal, e a perspectiva no exterior de fortes apertos monetários voltaram a prejudicar o mercado brasileiro.
Veja os principais destaques do pregão desta quinta-feira:
Maiores altas
Maiores baixas
Confira outras noticias
- Atividade econômica recua 0,44% em abril, segundo Banco Central
Indicador considerado como prévia do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos no país), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) recuou 0,44% em abril na comparação com o mês anterior. Em março, o indicador registrou alta de 1,09%.
A comparação entre março e abril é dessazonalizada. Esse critério desconsidera diferenças de feriados e de oscilações da atividade econômica, típicas de determinadas épocas do ano.
Apesar da queda mensal, o IBC-Br subiu 2,23% em relação a abril do ano passado. Em 12 meses, o IBC-Br acumula alta de 3,46%. Na média móvel trimestral, indicador usado para captar tendências, o IBC-Br teve alta de 0,45% de fevereiro a abril, em relação ao período de janeiro a março.
Por causa da greve dos servidores do Banco Central (BC), o IBC-Br ficou dois meses sem ser publicado. Com o fim do movimento, na terça-feira (5), a estatística foi normalizada. O IBC-Br é divulgado com defasagem de pouco mais de dois meses. Dessa forma, o indicador mais atualizado é o de abril.
Apesar de ser considerado uma prévia da atividade econômica, o IBC-Br tem metodologia diferente dos números oficiais do PIB calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). O Banco Central baseia-se em pesquisas setoriais (comércio, indústria, serviços) divulgada pelo IBGE para atualizar o IBC-Br a cada mês. O PIB é divulgado a cada três meses, considerando dados de produção, de renda e de consumo para toda a economia.
- Poupança tem retirada recorde de R$ 50,49 bi no primeiro semestre
A aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros está batendo recorde de retiradas em 2022. Nos seis primeiros meses do ano, os brasileiros sacaram R$ 50,49 bilhões a mais do que depositaram na caderneta de poupança, informou hoje (7) o Banco Central (BC). O volume é o mais alto desde o início da série histórica, em 1995.
Por causa da greve dos servidores do BC, a divulgação do relatório estava paralisada por quase três meses. Com o fim do movimento, na terça-feira, a apresentação de estatísticas está sendo gradualmente retomada.
Apenas em junho, os brasileiros sacaram R$ 3,76 bilhões a mais do que depositaram na poupança. A retirada líquida, diferença entre saques e depósitos, é a maior registrada para o mês desde 2015. O BC também divulgou os dados de abril e de maio. Em abril, a caderneta registrou retirada líquida de R$ 9,88 bilhões, o maior volume da série histórica. Em maio, a aplicação reagiu e teve captação líquida (depósitos menos saques) de R$ 3,51 bilhões, o maior valor desde 2020.
Em 2020, a poupança registrou captação líquida recorde de R$ 166,31 bilhões. Contribuiu para o resultado a instabilidade no mercado de títulos públicos no início da pandemia de covid-19 e o pagamento do auxílio emergencial, que foi depositado em contas poupança digitais da Caixa Econômica Federal.
No ano passado, a poupança tinha registrado retirada líquida de R$ 35,5 bilhões. A aplicação foi pressionada pelo fim do auxílio emergencial, pelos rendimentos baixos e pelo endividamento maior dos brasileiros. A retirada líquida só não foi maior que a registrada em 2015 (R$ 53,57 bilhões) e em 2016 (R$ 40,7 bilhões). Naqueles anos, a forte crise econômica levou os brasileiros a sacarem recursos da aplicação.
Até recentemente, a poupança rendia 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia). Desde dezembro do ano passado, a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial (TR) mais 6,17% ao ano, porque a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano. Atualmente, os juros básicos estão em 13,25% ao ano.
O aumento dos juros, no entanto, foi insuficiente para fazer a poupança render mais que a inflação, provocando a fuga de alguns investidores. Nos 12 meses terminados em junho, a aplicação rendeu 5,75%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15), que funciona como prévia da inflação oficial, atingiu 12,04%. O IPCA cheio de junho será divulgado amanhã (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: CNN Brasil - Reuters - Agência Brasil