Economia

Ibovespa fecha acima de 101 mil pontos após Fed subir juros nos EUA; dólar cai a R$ 5,25





dólar terminou em queda de 1,92%, a R$ 5,249 – menor valor desde 30 de junho -, nesta quarta-feira (27), após a divulgação da decisão de juros pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve.

A moeda norte-americana também encerrou abaixo da média móvel de 200 dias pela primeira vez desde o final do mês passado. Enquanto o real teve o segundo melhor desempenho entre as principais moedas globais nesta sessão.

Já o Ibovespa fechou em alta de 1,67%, aos 101.437,96 pontos, acompanhando a alta de ações nos Estados Unidos e o desempenho positivo dos papéis ligados ao minério de ferro e ao petróleo, que subiram com a valorização das commodities.

Esse foi o maior patamar do principal índice da B3 desde 15 de junho, quando encerrou aos 102.807 pontos.

Neste pregão também, o Banco Central realizou um leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de setembro de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.

Na terça-feira (26), o dólar teve queda de 0,38%, a R$ 5,351, no menor valor desde 8 de julho. Já o Ibovespa recuou 0,50%, aos 99.771,69 pontos.

Fed

O banco central dos Estados Unidos elevou a taxa de juros do país em 0,75 ponto percentual. Com isso, ela passa do intervalo de 1,5% a 1,75% ao ano para 2,25% a 2,5%. O movimento da autarquia reflete um esforço para combater a maior inflação nos Estados Unidos em mais de 40 anos.

O foco do mercado também está nas sinalizações da autarquia sobre os próximos passos do ciclo de alta enquanto o país enfrenta a maior inflação em mais de 40 anos. Os investidores estão atentos à possibilidade dos Estados Unidos entrarem em recessão devido aos juros altos.

De acordo com a autarquia, novas altas de juros no país são “apropriadas” e que está preparada para ajustar a política monetária conforme for necessário para levar a inflação de volta à meta de 2%.

Minério de ferro

minério de ferro atingiu uma nova máxima de duas semanas na bolsa de Dalian nesta quarta-feira, depois que dados mostraram que os lucros de empresas industriais na China se recuperaram no mês passado, embora problemas no setor imobiliário do país tenham mantido fracos os ganhos do ingrediente siderúrgico na bolsa de Cingapura.

O contrato de referência de minério, para entrega em setembro, na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações em alta de 2,4%, a 744,50 iuanes (US$ 110,11) a tonelada. No início da sessão, o minério atingiu seu nível mais alto desde 11 de julho, a 756 iuanes.

Na Bolsa de Singapura, o minério de ferro mais negociado para setembro subiu 0,3%, a US$ 112,45 a tonelada, após uma alta de 14% nas últimas três sessões, indicando a diminuição do entusiasmo com as notícias de um fundo de resgate para desenvolvedores imobiliários chineses.

Sentimento global

Os investidores ainda mantêm uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.

A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada nesta quarta-feira. A última foi de 0,75 ponto percentual, em maio – a maior desde 1994.

Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

Por outro lado, novas restrições em cidades da China foram anunciadas no início de julho, revertendo um cenário de otimismo sobre uma retomada da economia do país após meses de lockdown em Xangai e Pequim. O quadro reforça temores de uma desaceleração econômica chinesa e consequente queda na demanda por commodities.

No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.

Com a combinação de ambientes interno e externo adversos, a retirada de investimentos prejudica o Ibovespa e favorece o dólar em relação ao real.

Sobe e desce da B3

Veja os principais destaques do pregão desta quarta-feira:

Maiores altas

  • Gol (GOLL4) +10,93%;
  • Pão de Açúcar (PCAR3) +8,37%;
  • Carrefour (CRFB3) +7,28%;
  • Yduqs (YDUQ3) +7,20%;
  • Locaweb (LWSA3) +6,78%

Maiores baixas

  • Telefônica (VIVT3) -3,21%;
  • Tim (TIMS3) -1,59%;
  • Santander (SANB11) -0,46%;
  • PetroRio (PRIO3) -0,21%;
  • Gerdau (GGBR4) -0,12%

 

- Dívida pública federal avança 2,51% em junho, para R$ 5,8 bilhões

Índice de liquidez chega ao melhor nível desde março; cenário de pressão monetária nos EUA e aumento do sentimento de aversão a riscos influenciaram resultado, diz Tesouro Nacional 

A Dívida Pública Federal no Brasil teve alta de 2,51% em termos nominais no mês junho, totalizando um estoque de R$ 5,8 bilhões. Em maio, esse valor era de R$ 5,70 bilhões. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (27), pela secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Economia.

Segundo o documento, “o mês de junho foi marcado pelo aumento da aversão ao risco, devido à expectativa de continuidade no aperto monetário nos Estados Unidos e pressões inflacionárias em nível global.”

A DPF, que inclui o endividamento interno e externo do governo federal, é a emissão de títulos públicos pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do governo federal, que arrecada menos do que gasta.

Segundo o Tesouro, a alta no indicador ocorreu devido ao aumento de emissões de títulos, que chegou a R$ 67,33 bilhões. O custo médio da DPF também apresentou alta, influenciada pelo avanço de juros, e chegou a 10,9% ao ano no último mês, frente o custo de 10,58% a.a. registrados no mês anterior. Em dezembro de 2021, o custo da dívida pública era de 8,91%.

Liquidez do colchão subiu

Ainda segundo o Tesouro, a reserva de liquidez da DPF aumentou 10,23% em termos nominais, passando de R$ 1,108 bilhão em maio para R$ 1,221 bilhão em junho. Além da emissão líquida de R$ 67,3 bilhões, o recebimento de R$ 26,2 bilhões em dividendos também entra como um dos principais fatores para a alta.

O índice de liquidez atingiu o melhor nível desde março, o que, segundo o Tesouro, garante o pagamento dos próximos 9,75 meses de vencimentos de títulos. A autoridade destaca que os meses de agosto, janeiro de 2023 e maio de 2023 vão concentrar vencimentos estimados em R$ 717,36 bilhões.

A folga apresentada na reserva do governo afasta a União do risco de ter de refinanciar sua dívida.

“O Índice de Liquidez passou de 9,47 meses em maio para 9,75 meses em junho. Tais valores permanecem bem acima do limite prudencial de 3 meses para a Reserva de Liquidez, que em junho/22 equivale a R$ 556 bilhões”, diz o documento.

O Tesouro ainda avalia que o Resultado Operacional do Banco Central referente a 2021, no valor de R$ 73 bilhões, a desvinculação de R$ 47 bilhões em recursos de fundos públicos e os R$ 19 bilhões em dividendos adicionais do BNDES já recebidos foram fatores que contribuíram favoravelmente para o saldo da reserva da dívida.

Com o total de R$ 139 bilhões, os três eventos superam o efeito financeiro da redução nas emissões devido à volatilidade recente dos mercados. Assim, a pasta destaca não ver razão para mudanças na estratégia de financiamento da DPF por conta das atuais condições do mercado financeiro.

Fonte: CNN Brasil -  Reuters