O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) —que mede a inflação oficialcdo país, registrou queda de 0,68% em julho, após alta de 0,67% no mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (9). O resultado foi influenciado, principalmente, pela queda nos preços dos combustíveis, em particular da gasolina e do etanol, e da energia elétrica, diz o instituto.
O resultado veio acima da expectativa do mercado, de queda de 0,65%. No ano, a inflação acumulada é de 4,77% e, nos últimos 12 meses, de 10,07%.
Essa é a primeira queda mensal nos preços registrada desde maio de 2020 (-0,38%), quando a economia sofria com os impactos iniciais da pandemia de Covid-19. A queda de julho também é a maior da série histórica, iniciada em 1980. Em 42 anos de IPCA, 14 foram negativos.
O índice vinha registrando desaceleração desde abril deste ano —primeiro levado pela queda na energia elétrica, com a entrada da bandeira verde na conta de luz —, e posteriormente, pela queda nos preços dos combustíveis.
O IBGE destaca que os preços da gasolina caíram 15,48% e os do etanol, 11,38% no mês. O impacto individual da gasolina nos preços de julho foi o mais intenso dos 377 subitens que compõem o IPCA, mostra o estudo (-1,04 p.p).Também foi registrada queda no preço do gás veicular, com -5,67%.
O estudo destaca que, em julho, a Petrobras anunciou uma redução de 20 centavos no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras. Além disso, a Lei Complementar 194/22, sancionada no final de junho, reduziu o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações.
“Essa redução afetou não só o grupo de transportes (-4,51%), mas também o de habitação (-1,05%), por conta da energia elétrica (-5,78%). Foram esses dois grupos, os únicos com variação negativa do índice, que puxaram o resultado para baixo”, diz o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
O pesquisador também destaca que além da redução da alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica, outro fator que influenciou o recuo do grupo habitação foi a aprovação, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), das Revisões Tarifárias Extraordinárias de dez distribuidoras espalhadas pelo país, o que acarretou redução nas tarifas a partir de 13 de julho.
Outra contribuição relevante para o mês veio do grupo vestuário, que teve desaceleração de 1,67% para 0,58%, após apresentar a maior variação positiva entre os grupos pesquisados nos meses de maio e junho. A queda forte no preço do algodão –uma das principais matérias-primas da indústria têxtil, no final de junho–, foi destacada como maior responsável por esse movimento.
Nesse grupo, vale ressaltar a desaceleração nos preços de roupas masculinas, que foi de 2,19% em junho para 0,65% em julho, e nos preços das roupas femininas, que foram de 2% para 0,41%.
O grupo saúde e cuidados pessoais também mostrou ritmo de desaceleração (0,49%) devido à variação inferior dos valores dos planos de saúde (1,13%), na comparação com o mês de junho (2,99%), e à queda de 0,23% dos itens de higiene pessoal, frente à alta de 0,55% em junho, diz o IBGE
Do lado das altas, o destaque foi o setor de alimentação e bebidas, que teve a maior variação (1,30%) e impacto positivo (0,28 p.p.) no índice do mês. “O resultado foi puxado pelo leite longa vida que subiu mais de 25% e pelos derivados do leite como queijo (5,28%) e manteiga (5,75%), por exemplo”, diz o estudo.
Essa alta do produto se deve, principalmente, a dois fatores: primeiro porque estamos no período de entressafra, que vai mais ou menos de março até setembro, outubro, ou seja, um período em que as pastagens estão mais secas e isso reduz a oferta de leite no mercado e o fato de os custos da produção estarem muito altos”, comenta o gerente da pesquisa.
A alta do leite fez com que alimentação no domicílio acelerasse de 0,63% em junho para 1,47% em julho.
Outro destaque foram as frutas, com alta de 4,40% e impacto de 0,04 p.p. no IPCA de julho. No lado das quedas, os maiores recuos de preços vieram do tomate (-23,68%), da batata-inglesa (-16,62%) e da cenoura (-15,34%), que contribuíram conjuntamente com -0,12 p.p.
-Inflação para famílias de renda mais baixa cai 0,60%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com rendimentos até cinco salários mínimos, caiu 0,60% em julho. É a menor variação verificada desde o início da série histórica em abril de 1979. Em julho de 2021, a taxa apontou variação de 1,02%. No ano, o indicador acumula alta de 4,98% e, nos últimos 12 meses, de 10,12%. Este percentual representa um recuo em relação ao mesmo período imediatamente anterior, quando atingiu 11,92%.
Os produtos alimentícios subiram de 0,78% em junho para 1,31% em julho. Os não alimentícios saíram de 0,57% para queda de 1,21%. Os números foram divulgados hoje (9), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O INPC mostrou ainda que todas as áreas tiveram queda em julho, com exceção de São Paulo, onde subiu 0,38%. O avanço na área foi provocado pela alta na energia elétrica (7,52%) e no preço do leite longa vida (21,95%). Já o menor resultado ficou com Goiânia, que teve queda de 1,81%, influenciada pelo recuo de 21,57% nos preços da gasolina e de 14,92% na energia elétrica.
Segundo o IBGE, para calcular o índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 30 de junho a 28 de julho de 2022, que é a referência, com os preços vigentes entre 28 de maio e 29 de junho de 2022, considerados a base.
Desde 1979 que o INPC é calculado pelo IBGE. O indicador se refere às famílias com rendimento monetário de um a cinco salários mínimos, sendo o chefe assalariado. O INPC alcança dez regiões metropolitanas do país, além de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil