O Ibovespa encerrou em queda de 0,89%, aos 110.500,53 pontos, nesta segunda-feira (22), acompanhando a tendência negativa nas bolsas dos EUA, à medida que o mercado aguarda por discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, nesta semana durante evento anual em Jackson Hole.
Vale e Itaú Unibanco pressionaram o índice. Do outro lado, Petrobras se recuperou acompanhando a melhora do petróleo. Americanas disparou mais de 20% com anúncio de Sergio Rial para presidente-executivo.
Esse foi o menor patamar desde 11 de agosto (109.718 pontos). Á época, o índice foi prejudicado por um movimento de ajuste e realização de lucrosapós uma sequência de sete pregões de valorização, e seguiu também um dia negativo nas bolsas do exterior.
O dólar também fechou rondando a estabilidade, com leve queda de 0,09%, cotado a R$ 5,164. A moeda norte-americana reverteu o avanço da maior parte da sessão, com o real beneficiado por um fluxo estrangeiro para países exportadores de commodities e de taxas mais altas de juros, que funcionam como um amortecedor a pressões cambiais.
O gestor de um fundo em São Paulo chamou atenção para entradas de recursos estrangeiros. Mais recentemente, é a conta financeira – pela qual passam empréstimos externos, remessas de lucros e dividendos e investimentos em portfólio – que sustenta o fluxo cambial no azul.
Na sexta-feira, o dólar caiu 0,06%, a R$ 5,168, acumulando alta de 1,86% na semana. Já o Ibovespa desvalorizou 2,04%, aos 111.496,21 pontos, com perda semanal de 0,7%.
Os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Singapura subiram nesta segunda-feira, depois que a China cortou as taxas de empréstimo de referência para apoiar sua economia. Mas a recuperação dos preços deve durar pouco, já que as perspectivas de demanda permanecem nebulosas.
A China cortou sua taxa de empréstimo de referência e reduziu a referência de hipoteca, somando-se às medidas de flexibilização da semana passada, enquanto se esforça para reviver uma economia prejudicada por uma crise imobiliária e um ressurgimento de casos de Covid-19.
Na Bolsa de Singapura, o contrato de minério para setembro subiu 1,1%, para US$ 101,90 a tonelada.
O minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange chegou a subir 2,6%, para 698 iuanes (US$ 102,21) a tonelada, antes de diminuir a alta e encerrar as negociações com ganho de 1,5%, uma vez que as perspectivas de demanda permaneceram sombrias.
Após uma sessão volátil, os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta segunda-feira, em meio a temores renovados de que uma desaceleração econômica global prejudique a demanda pela commodity. Do lado da oferta, segue no radar o avanço das discussões para reavivar o acordo nuclear com o Irã.
O petróleo WTI para outubro, contrato mais líquido, fechou em queda de 0,09% (US$ 0,08), a US$ 90,36 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). Já o Brent, na Intercontinental Exchange (ICE), para o mesmo mês caiu 0,25% (US$ 0,24), a US$ 96,48 o barril.
O óleo passou a cair mais de 3%, após sinais de avanços em conversas para a retomada do acordo nuclear de potências econômicas com o Irã. Os países signatários do acordo com o Irã sobre política nuclear podem realizar uma reunião “esta semana” para reviver esse entendimento, disse na o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell. De acordo com ele, as partes do acordo haviam programado uma reunião em Viena no final da semana passada, mas não foi possível. É possível que ocorra nesta semana.
Por outro lado, o Irã confirmou que ainda não recebeu uma resposta dos Estados Unidos, culpando Washington por sua inação. “O que importa até agora é a procrastinação do lado americano em oferecer uma resposta”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Nasser Kanani a repórteres nesta segunda.
No último mês, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou a taxa de juros do país em 0,75 ponto percentual. Com isso, ela passa do intervalo de 1,5% a 1,75% ao ano para 2,25% a 2,5%. A elevação é a quarta em um ciclo de alta de juros que começou em março de 2022.
Quando ao resto do ano, os dirigentes do Fed determinarão as próximas altas de juros nos Estados Unidos de acordo com os dados que ainda serão divulgados sobre a economia do país, informou a ata da última reunião de política monetária da autarquia.
De acordo com o texto, parte dos dirigentes defendeu que os juros precisarão ficar em um patamar “suficientemente restritivo” por “algum tempo” de modo a controlar a inflação.
Ainda segundo os dirigentes, será necessário mais tempo que o esperado para que as pressões inflacionárias aliviem, com a expectativa de intensificação a partir da desaceleração na demanda entre os norte-americanos.
A ata não indicou qual será o valor da próxima elevação de juros, na reunião do Fed de setembro.
Na semana anterior, dados sobre o mercado de trabalho norte-americano e declarações de dirigentes do Federal Reserve deram fôlego a apostas de uma terceira elevação seguida de 0,75 ponto percentual nos juros. O movimento torna o dólar mais atraente para investidores, mas reforça temores de umarecessão no país, com potencial de contaminação global. O foco agora é nos dados de inflação que serão divulgados nesta semana.
O mau-humor do mercado reflete também as preocupações com a crise de fornecimento de gás natural para a Europa, impactada com a guerra na Ucrânia. A Rússia sinalizou que o preço de exportação mais que dobrará neste ano, e realizou cortes de fornecimento.
A forte aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, aliviou nos últimos dias, refletindo a expectativa de um ciclo de alta de juros menos agressivo nos Estados Unidos.
O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que pode realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Os investidores monitora ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, mas com dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, que impacta a demanda do país por commodities.
No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.
O Ibovespa e o real foram prejudicados pelo cenário, mas um aparente otimismo maior no mercado vem permitindo uma recuperação.
Veja os principais destaques do pregão desta segunda-feira:
Maiores altas
Maiores baixas
- Euro fica abaixo do valor do dólar pela 1ª vez em 20 anos
O euro caiu abaixo do limite de paridade com o dólar hoje, pela primeira vez em 20 anos. A moeda perdeu 0,96% (por volta das 15h30 no horário de Brasilia e 17h30 em Paris) e teve valor abaixo de US$ 1, a US$ 0,9941. Essa é a menor cotação desde 2002, quando a moeda europeia foi implantada.
O euro sofre pressão pela crise energética que ameaça mergulhar a Europa em uma forte recessão. Em julho, a moeda chegou a valer o mesmo que o dólar, também pela primeira vez.
A força do dólar encarece as importações, principalmente de matérias-primas, como o petróleo, que são cotados em moeda americana, acentuando uma inflação que já é devastadora para consumidores e empresas.
"A Europa está se preparando para outro fechamento do gasoduto Nord Stream 1 no final deste mês", afirmou à AFP o analista Craig Erlam, da corretora Oanda.
A Gazprom, gigante russa do gás, alertou que as entregas de gás serão interrompidas para "manutenção" do gasoduto de 31 de agosto a 2 de setembro, sob o risco de reacender os temores de uma escassez do produto na Europa, onde a Rússia é acusada de chantagem energética.
Como resultado, o preço do gás europeu voltou a disparar e atingiu 295 por megawatt hora (MWh) nesta segunda-feira, aproximando-se de máximos históricos alcançados nos primeiros dias da invasão da Ucrânia pela Rússia.
A semana pode ser dolorosa para o euro, temem os analistas. No momento, a moeda se recuperou depois de ter flertado com o limite de paridade em 2022, mas "os maus indicadores do PMI (índice de gerentes de compra, que mede a atividade econômica de um país) desta terça-feira (23) podem ser suficientes para ancorar o euro abaixo de US$ 1", alerta Kit Juckes, do banco Société Générale.
Do outro lado do Atlântico, apesar de um ligeiro enfraquecimento da inflação norte-americana em julho, o Federal Reserve garante que continuará a apertar sua política monetária. "Uma nova oportunidade para o Fed convencer o mercado será o simpósio de Jackson Hole" no final da semana, comenta Ulrich Leuchtmann, analista do Commerzbank.
Nessa reunião de representantes de bancos centrais, o chefe do Fed, Jerome Powell, falará na sexta-feira (26). Enquanto a economia americana é menos afetada do que a Europa pela guerra na Ucrânia, o Fed tem mais margem de manobra do que os bancos centrais do Velho Continente.
O que define o valor de uma moeda, na prática, é a oferta e a demanda. Embora exista a teoria de Fischer, que calcula o preço justo de uma moeda a partir do diferencial da taxa de juros e da inflação, a maior quantidade de dólar no mercado puxa o valor do câmbio americano para baixo.
"Pode parecer uma resposta simples, mas não há escapatória. Os Estados Unidos têm uma quantidade de moeda muito grande no mercado, o que aumenta sua liquidez e deixa a moeda mais barata", explicou ao UOL Daniel Abrahão, sócio da iHUB Investimentos, em entrevista em março.
O dólar, por se tratar de uma moeda usada como padrão em contratos internacionais, acaba tendo muito mais oferta no mercado que o euro. Além disso, o câmbio americano é usado como reserva internacional em bancos centrais de todo o mundo.
De acordo com levantamento do FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgado em maio de 2021, o dólar representa 59% das reservas internacionais de outros países. O euro, desde sua criação, tem flutuado em torno de 20%.
Com isso, a libra esterlina também voltou às baixas cotações em 2022. "Tem sido um ano ruim para a libra, que está caindo em relação ao euro, enquanto o Banco da Inglaterra elevou suas taxas em todas as reuniões" desde o final de 2021, lembram analistas da OFX.
Apesar desses aumentos, a inflação britânica excede 10% em um ano e é a mais alta no G7, devido à guerra na Ucrânia, à pandemia, mas também ao Brexit, que aperta o mercado de trabalho e perturba ainda mais as cadeias de suprimentos do Reino Unido.
A US$ 1,1764 por libra, a moeda britânica está em seu nível mais baixo desde o início de 2020 e os primeiros meses da pandemia. Antes disso, a libra esterlina não caía abaixo de US$ 1,18 desde 1985.
- Bancos dos EUA pagarão mais de US$ 1 bilhão por mau uso do WhatsApp
Gigantes do setor bancário como JPMorgan e Bank of America enfrentam coletivamente mais de US$ 1 bilhão em multas regulatórias porque seus funcionários usaram ferramentas não aprovadas, como e-mail e WhatsApp.
A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) começou a investigar no ano passado as práticas de manutenção de registros dos bancos ligadas ao uso de dispositivos pessoais e a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) também está examinando a questão, anunciaram as instituições.
A corretora do JPMorgan foi multada em US$ 200 milhões no ano passado por SEC e CFTC por falhas generalizadas na preservação das comunicações da equipe em dispositivos móveis pessoais, aplicativos de mensagens e e-mails. O JPMorgan admitiu que sua conduta violou as leis de valores mobiliários.
O Morgan Stanley concordou provisoriamente em pagar US$ 125 milhões à SEC e US$ 75 milhões à CFTC para encerrar as investigações. A empresa já reservou US$ 200 milhões para pagar a multa.
O Bank of America destinou cerca de US$ 200 milhões para litígios ligados a mensagens eletrônicas não autorizadas. O banco disse em julho que estava em negociações com os órgãos.
O Citi está sendo investigado por comunicação em canais não aprovados usados, divulgou a empresa em fevereiro. O banco fez reservas para lidar com o assunto, disse o diretor financeiro Mark Mason em julho, sem especificar um valor.
O Goldman Sachs está em "discussões avançadas" com os órgãos para resolver as investigações, disse em documento regulatório.
O banco britânico Barclays disse que chegou a um acordo em princípio para pagar US$ 200 milhões aos reguladores dos Estados Unidos.
O Credit Suisse disse em julho que fez uma provisão para litígios de US$ 200 milhões principalmente ligada às regras de manutenção de registros.
O Deutsche Bank anunciou no final de julho que reservou € 165 milhões em provisões adicionais para uma possível aplicação regulatória, como parte das investigações.
O UBS disse que os reguladores dos EUA estão conduzindo investigações sobre o banco e outras instituições financeiras relacionadas a comunicações comerciais.
Fonte: CNN Brasil - UOL - Agência Brasil