Economia

Dólar cai a R$ 5,08





Ibovespa teve queda de 1,09%, aos 112.298,86 pontos, nesta sexta-feira (26), acompanhando o desempenho negativo das bolsas no exterior após o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, considerado mais duro no combate à inflação.

Já o dólar desvalorizou 0,62%, a R$ 5,079, mantendo uma tendência de queda após o índice PCE trazer uma deflação nos Estados Unidos em julho, ajudando apostas de um ciclo de alta de juros menos agressivo, benéfico para moedas como o real.

Além disso, o quadro doméstico brasileiro mais favorável, com perspectiva de fim do ciclo de alta de juros e queda da inflação, tornou o real mais atraente, assim como o desempenho positivo de moedas ligadas a países produtores de commodities nesta sessão, em especial os latinoamericanos.

Na quinta-feira (25), o dólar subiu 0,01%, a R$ 5,111. Já o Ibovespa teve alta de 0,56%, aos 113.531,72 pontos.

Na semana, a moeda norte-americana caiu 1,73% e, no acumulado deste mês, o dólar recuou 1,81%. Por outro lado, o principal índice da B3 registrou ganhos de 0,73% na somatória dos últimos cinco dias.

Fed

Em suas falas, Powell destacou que a alta de juros de setembro dependerá dos dados sobre a economia, mas que os números de julho não são suficientes sozinhos para indicar uma queda da inflação nos Estados Unidos. Ele reforçou que a política monetária do país precisará ser restritiva por mais tempo para reduzir os preços.

Os comentários de Powell foram considerados duros em relação à inflação, reforçando apostas em uma elevação de juros de 0,75 ponto percentual em setembro, que seira a terceira consecutiva nessa magnitude. O cenário é benéfico para o dólar, mas ruins para as bolsas em todo o mundo.

A divisão atual no mercado gira em torno da próxima reunião de política monetária, em setembro. Para alguns, o banco central será menos agressivo, com alta de 0,5 ponto percentual, para impactar menos a economia do país. Outros apontam que a economia ainda está aquecida, em especial o mercado de trabalho, permitindo uma elevação mais agressiva, de 0,75 p.p.

Os dirigentes do Fed já indicaram que as próximas elevações de juros serão feitas dependendo dos dados que forem divulgados entre cada reunião, com isso reforçando o peso de indicadores e de discursos no comportamento e apostas do mercado.

Sentimento global

A aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, tem variado de intensidade dependendo das expectativas sobre o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.

O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que poderia realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.

Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

Os investidores monitoram ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, enquanto enfrenta dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, que impacta a demanda do país por commodities.

No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.

Mesmo assim, o Ibovespa e o real encontraram espaço para recuperação com uma melhora de humor do mercado, ainda podendo ser prejudicados caso haja uma retomada do pessimismo.

Sobe e desce da B3

Veja os principais destaques do pregão desta sexta-feira:

Maiores altas

  • Alpargatas (APLA4) +7,18%;
  • Pão de Açúcar (PCAR3) +3,02%;
  • Cielo (CIEL3) +2,25%;
  • Petrobras (PETR4) +1,08%;
  • Petrobras (PETR3) +1%

Maiores baixas

  • Grupo Natura (NTCO3) -6,73%;
  • Usiminas (USIM6) -6,67%;
  • CSN (CSNA3) -5,95%;
  • Totvs (TOTS3) -4,66%;
  • Azul (AZUL4) -4,55%

 

- Contas externas tiveram déficit de US$ 3,5 bilhões em maio

Reservas internacionais estão em US$ 346,4 bilhões, diz BC

As contas externas brasileiras apresentaram déficit de US$ 3,5 bilhões em maio de 2022. No mesmo mês do ano passado, o resultado havia sido superávit de US$ 2,5 bilhões. Os números resultam das compras e vendas de mercadorias, serviços e transferências de renda entre o Brasil e outros países.

De acordo com as estatísticas do setor externo, divulgadas hoje (26) pelo Banco Central, na comparação interanual, houve “redução de US$ 3,9 bilhões no saldo da balança comercial de bens e aumentos de US$ 743 milhões e de US$ 1,4 bilhão nos déficits em serviços e em renda primária, respectivamente”.

Com relação às transações correntes observadas nos 12 meses encerrados em maio, o resultado foi deficitário em US$ 32,9 bilhões, o que corresponde a 1,89% do Produto Interno Bruto (PIB, que é a soma de todas riquezas produzidas no país). No mês anterior, o valor estava em US$ 26,8 bilhões (1,57% do PIB); e em maio de 2021 estava em US$ 19,1 bilhões (1,3% do PIB).

Segundo a autoridade monetária, a balança comercial de bens foi superavitária no mês de maio de 2022, em US$ 3,4 bilhões, o que representa saldo positivo de US$ 7,4 bilhões na comparação com maio de 2021.

Tendo, ainda, como recorte, a balança relativa a bens, foi registrado um total de US$ 30 bilhões em exportações; e US$ 26,6 bilhões em importações – “incrementos de 13,8% e de 39,8% em comparação a maio de 2021, respectivamente”, informou o BC.

Serviços, viagens, transporte

A conta de serviços apresentou déficit de US$ 2,4 bilhões no referido mês, valor 45,5% maior do que o observado em maio do ano passado. Viagens internacionais registraram despesas líquidas de US$ 718 milhões em maio de 2022, ante aos US$ 139 registrados no mesmo mês de 2021.

“Na mesma base comparativa, e seguindo tendência dos meses recentes, os fluxos brutos de receitas de viagens expandiram 91,9%, totalizando US$ 373 milhões, e as despesas de viagens cresceram 227,3%, somando US$ 1,1 bilhão”, dizem as estatísticas.

Segundo o BC, as despesas líquidas de transportes somaram US$ 821 milhões em maio de 2022, ante US$ 307 milhões em maio de 2021, o que representa aumento de 167,6%. Aluguel de equipamentos registrou despesas líquidas de US$ 602 milhões.

Ainda com relação aos números relativos a maio de 2022, o déficit na conta de renda primária ficou em US$ 4,9 bilhões, valor 41,2% maior do que o obtido em maio de 2021.

Lucros e dividendos

Entre maio de 2021 e maio de 2022, as despesas líquidas de lucros e dividendos aumentaram de US$ 2 bilhões para US$ 4,2 bilhões “impulsionadas pelo aumento de US$ 1,9 bilhão das despesas brutas”, diz o levantamento.

“As despesas líquidas com juros somaram US$ 711 milhões em maio de 2022, ante US$ 1,5 bilhão em maio de 2021”, acrescentou ao informar que a redução de despesas brutas de juros “concentrou-se em operações de empresas de mesmo grupo econômico”.

De acordo com as estatísticas do setor externo, os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 4,5 bilhões em maio de 2022, ante US$ 2,2 bilhões em maio de 2021.

“Houve ingressos líquidos de US$ 6,2 bilhões em participação no capital e saídas líquidas de US$ 1,8 bilhão em operações intercompanhia. Nos doze meses encerrados em maio de 2022, o IDP totalizou US$ 60 bilhões (3,45% do PIB), ante US$ 57,8 bilhões (3,38% do PIB) no mês anterior e US$ 47,3 bilhões (3,22% do PIB) em maio de 2021”, detalha.

Com relação aos investimentos em carteira no mercado doméstico, o levantamento identificou um total de US$ 3,9 bilhões em saídas líquidas em maio de 2022, sendo US$ 3,2 bilhões em saídas via ações e fundos de investimento; e de US$ 702 milhões em títulos de dívida. “Nos doze meses encerrados em maio de 2022, os investimentos em carteira no mercado doméstico somaram ingressos líquidos de US$ 5 bilhões”, complementou.

Reservas internacionais

As reservas internacionais tiveram aumento de US$ 1,3 bilhão na comparação com o mês anterior, totalizando US$ 346,4 bilhões em maio de 2022.

Segundo o BC, o resultado se deve principalmente às variações por preços e à receita obtida com juros, “que contribuíram para elevar o estoque em US$ 463 milhões e US$ 501 milhões, respectivamente”.

 

- Vendas do Tesouro Direto atingem maior nível em mais de três anos

As vendas de títulos públicos a pessoas físicas pela internet somaram R$ 4,01 bilhões em julho, divulgou hoje (26) o Tesouro Nacional. O volume é o segundo maior da história para um mês, perdendo apenas para maio de 2019 (R$ 5,86 bilhões).

Os títulos mais procurados pelos investidores foram os corrigidos pela Selic (juros básicos da economia), cuja participação nas vendas atingiu 49,4%. Os títulos vinculados à inflação (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA) corresponderam a 37,7% do total, enquanto os prefixados, com juros definidos no momento da emissão, foram 12,9%.

A expectativa de que a taxa Selic pare de subir diminuiu o interesse dos investidores por esse tipo de papel. Em junho, as vendas desses títulos estavam em 55,3%. Em contrapartida, as vendas de papéis prefixados, que representavam 31,8% em junho, tiveram forte alta.

Desde março de 2021, o Banco Central (BC) tem elevado a Selic. A taxa, que estava em 2% ao ano, no menor nível da história, saltou para 13,75% ao ano de lá para cá. A última ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que as elevações estão próximas de acabar.

O estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 96,45 bilhões no fim de julho, aumento de 2,5% em relação ao mês anterior (R$ 94,07 bilhões) e de 42,1% em relação a julho do ano passado (R$ 67,89 bilhões). Essa alta ocorreu porque as vendas superaram os resgates em R$ 1,74 bilhão no mês passado.

Investidores

Em relação ao número de investidores, 535.983 novos participantes se cadastraram no programa no mês passado. O número total de investidores atingiu 20.028.345. Nos últimos 12 meses, o número de investidores acumula alta de 67,6%. O total de investidores ativos (com operações em aberto) chegou a 2.039.876, aumento de 27,7% em 12 meses.

A utilização do Tesouro Direto por pequenos investidores pode ser observada pelo considerável número de vendas de até R$ 5 mil, que correspondeu a 82,3% do total de 648.492 operações de vendas ocorridas em julho. Só as aplicações de até R$ 1 mil representaram 59,1%. O valor médio por operação foi de R$ 6.178,38.

Os investidores estão preferindo papéis de curto prazo. As vendas de títulos com prazo entre 1 e 5 anos representaram 71,9% e aquelas com prazo entre 5 e 10 anos, apenas 3,5% do total. Os papéis de mais de dez anos de prazo representaram 24,6% das vendas.

O balanço completo do Tesouro Direto está disponível na página do Tesouro Transparente.

Captação de recursos

O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 para popularizar esse tipo de aplicação e permitir que pessoas físicas pudessem adquirir títulos públicos diretamente do Tesouro Nacional, via internet, sem intermediação de agentes financeiros.

O aplicador só precisa pagar uma taxa semestral para a B3, a bolsa de valores brasileira, que tem a custódia dos títulos. Mais informações podem ser obtidas no site do Tesouro Direto.

A venda de títulos é uma das formas que o governo tem de captar recursos para pagar dívidas e honrar compromissos. Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver o valor com um adicional que pode variar de acordo com a Selic, índices de inflação, câmbio ou uma taxa definida antecipadamente no caso dos papéis pré-fixados.

Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil