Em dia de feriado nos Estados Unidos, o dólar caiu pela segunda vez seguida. A bolsa de valores subiu pela terceira sessão consecutiva, beneficiada pela recuperação das commodities (bens primários com cotação internacional).
O dólar comercial encerrou esta segunda-feira (5) vendido a R$ 5,154, com queda de R$ 0,031 (-0,59%). A cotação abriu próxima da estabilidade e caiu durante toda a sessão, até encerrar próxima das mínimas do dia. A divisa está no nível mais baixo desde a última terça-feira (30), quando tinha fechado em R$ 5,11.
A queda mais expressiva de hoje, no entanto, ocorreu com o euro. A moeda fechou a R$ 5,118, com recuo de R$ 0,04 (-0,83%), prejudicada pelo anúncio da Rússia de que o fornecimento de gás para o resto do continente só será retomado se as sanções econômicas impostas ao país acabarem. A notícia fez o euro ser cotado abaixo de US$ 0,99 pela primeira vez em duas décadas, no pior desempenho contra a moeda norte-americana.
No mercado de ações, o dia foi marcado pela recuperação. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 112.203 pontos, com alta de 1,21%. O indicador foi beneficiado pela recuperação das commodities, que beneficiou ações de mineradoras, e pela perspectiva de que os juros no Brasil vão parar de subir, o que impulsionou papéis de empresas varejistas.
Com o feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, o mercado financeiro operou sem o principal referencial externo. No entanto, notícias de estímulos econômicos na China impulsionaram as commodities, beneficiando exportadores de produtos primários, como o Brasil.
Nesta semana, os investidores aguardam o resultado da reunião do Banco Central Europeu, que deve elevar os juros pela segunda vez consecutiva na próxima quinta-feira (8). A alta deverá fazer o euro recuperar parte das perdas recentes perante o dólar.
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- Endividamento e inadimplência crescem em agosto, diz CNC
O endividamento das famílias com carnês e cartões de lojas de varejo e a inadimplência das famílias avançaram em agosto. O endividamento alcançou 19,4%, percentual que representa alta de 0,5 ponto percentual (p.p) se comparado ao mês anterior e de 1,2 p.p. em relação com agosto do ano passado. Já a inadimplência alcançou 29,6% do total de famílias no país, sendo o maior patamar desde o começo da série histórica em 2010.
Os resultados foram divulgados hoje (5) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela entidade, o volume de endividados com estes meios de compras vem crescendo desde maio deste ano.
O levantamento mostrou ainda que o aumento do indicador pode ser explicado pela procura por crédito direto no varejo das famílias de menor renda. Nos últimos quatro meses, o endividamento nos carnês para esta parcela da população cresceu 1,8 p.p. e chegou a 19,8%.
Conforme a CNC, a alta da contratação de dívidas foi mais expressiva para as famílias com rendimentos até 10 salários mínimos (1,1 p.p), do que entre as famílias de maior renda (0,9 p.p.).
A economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira, afirmou que a melhora no mercado de trabalho e as políticas de transferência de renda mais robustas têm favorecido os rendimentos das famílias nas faixas mais baixas, mas elas enfrentam dificuldades. “A inflação em nível ainda elevado desafia o poder de compra desses consumidores. O crédito tem sido uma forma importante para eles sustentarem o consumo”, disse.
No ano, a alta no endividamento direto em lojas do varejo é de 0,7 p.p. entre as famílias com até 10 salários de rendimento mensal. Já nas famílias consideradas mais ricas, cresceu 3 p.p.. A Peic também apontou, que no mesmo período, o público masculino está mais endividado nos carnês (19,5%) do que o feminino (18,8%). “A proporção de homens que contrataram crédito direto operado pelo varejo cresceu 2,3 p.p. em um ano; esse número caiu 1,1 p.p. entre as mulheres”, acrescentou a CNC.
No último quadrimestre, a maior proporção do endividamento em carnês do varejo ocorreu junto com a redução de endividados no cartão de crédito (de 3,2% p.p.). As duas modalidades têm forte associação ao consumo no comércio varejista.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o movimento é provocado pela busca de compras com crédito mais barato “As famílias estão buscando alternativas de crédito mais baratas por conta da elevação dos juros, e o cartão de crédito foi o tipo de dívida com a segunda maior alta dos juros médios em um ano até junho, 17 pontos percentuais, segundo dados do Banco Central”, observou.
Ainda em agosto, o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa chegou a 79% do total dos lares no Brasil. “O crescimento da proporção de endividados acelerou na passagem mensal, com aumento de 1 ponto percentual. Em relação a agosto do ano passado, a proporção de endividados apontou alta de 6,1 p.p.”, informou a entidade.
A proporção de mulheres e homens endividados é maior em agosto, com avanço mensal mais expressivo para os homens (1 p.p.). No entanto, segundo a economista da CNC responsável pela Peic, no período de julho a agosto houve elevação no endividamento das mulheres. “Entre o público feminino, o volume de mulheres endividadas aumentou 0,5 p.p. entre julho e agosto; no intervalo de um ano, no entanto, as mulheres contrataram mais dívidas do que os homens, uma vez que a alta do endividamento foi maior para elas”, apontou.
Pelo segundo mês consecutivo, subiu o volume de consumidores que atrasaram o pagamento de contas de consumo ou de dívidas. A segunda alta seguida, que em agosto atingiu 29,6% do total de famílias no país, ocorreu depois da inadimplência se manter moderada entre abril e junho, com o reflexo das medidas de injeção de renda extra, como os saques do FGTS e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS.
No mês, a proporção de famílias com atraso em contas ou dívidas cresceu 0,6 p.p., enquanto em um ano subiu 4 pontos percentuais. Entre os inadimplentes, 10,8% relataram não ter condições de pagar contas já atrasadas, e, por isso, vão continuar na inadimplência.
“A alta do volume de famílias com contas atrasadas deu-se nas duas faixas de renda pesquisadas, mas foi maior entre as famílias de menor renda. Isso mostra os desafios que esses consumidores seguem enfrentando na gestão mensal de seus orçamentos”, disse a economista.
Fonte: Agência Brasil