O Ibovespa fechou em queda de 0,68%, aos 108.376,35 pontos, nesta terça-feira (27), ao menor nível de fechamento desde 5 de agosto.
Essa foi a terceira sessão consecutiva de queda do principal índice da bolsa, contaminado pelo clima ainda receoso em Wall Street e na Europa dadas as preocupações de desaceleração econômica, enquanto localmente a proximidade das eleições gera cautela dos investidores.
O dólar à vista fechou com variação negativa de 0,04%, a R$ 5,377, parando para respirar depois de disparar 5,15% no acumulado dos dois últimos pregões.
A moeda norte-americana teve pouca alteração frente ao real, pausando um rali recente com algum alívio externo e dados de inflação domésticos melhores do que o esperado, mas encerrou o pregão acima das mínimas intradiárias, já que persistiram temores de que um aperto monetário muito intenso nas principais economias desencadeie uma recessão global.
Na mínima do dia, atingida pela manhã, o dólar havia caído 1,53%, a R$ 5,297.
As bolsas nos Estados Unidos e na Europa subiram forte pela manhã, na tentativa de recuperar terreno após quedas recentes consecutivas por receio de desaceleração econômica.
No entanto, voltaram a perder força, o que levou o índice pan-europeu STOXX 600 a fechar estável, praticamente nas mínimas da sessão. Já o S&P 500, em Nova York, fechou em queda de 0,21%, a 3.647,30 pontos, registrando seu menor fechamento em dois anos, conforme formuladores de política monetária do banco central dos Estados Unidos demonstraram apetite por mais aumentos na taxa de juros, mesmo com o risco de levar a economia dos EUA a uma desaceleração.
O Dow Jones caiu 0,43%, a 29.134,99 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite avançou 0,25%, a 10.829,50 pontos.
Localmente, onde mercado segue na expectativa pelas eleições presidenciais no domingo, uma deflação maior que a esperada em setembro trouxe algum ânimo adicional pela manhã, que também teve divulgação de ata do Copom.
- Confiança do comércio varejista cai 2,6% em setembro
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), divulgado hoje (27) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caiu 2,6% de agosto para setembro, alcançando 125,5 pontos. O resultado está 2,7 pontos abaixo do nível registrado antes da pandemia da covid-19. Em comparação a setembro do ano passado, entretanto, a confiança dos varejistas aumentou 5,2%, refletindo, principalmente, a retomada da circulação dos consumidores.
A economista Izis Ferreira, da CNC, disse que a avaliação das condições atuais do empresário do comércio, com queda de 7,1%, contribuiu para a queda da confiança do comerciante em setembro, influenciada pela piora na percepção sobre o desempenho do setor, de redução de 8,1%.
De acordo com a economista, as últimas leituras da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram queda no volume transacionado de mercadorias, “e isso tem levado a uma piora na avaliação dos comerciantes em relação ao desempenho atual do setor do comércio”.
Ela disse que também as expectativas gerais para o curto prazo tiveram ligeira queda na passagem mensal (-0,2%). As expectativas para o setor, em setembro, caíram 0,5%. Para a própria empresa, as expectativas mostraram redução de 0,6%.
Porém, em relação ao desempenho da economia nos próximos meses, o Icec aponta que os comerciantes estão um pouco mais otimistas (0,4%). Para isso, contribuíram a geração de vagas no mercado de trabalho, a inflação mais contida e a turbinada nos programas de transferência de renda. “A expectativa, então, é que a atividade econômica no Brasil cresça este ano acima do esperado”, disse Izis.
Ainda em relação às expectativas, a economista da CNC observou que na comparação com os meses de setembro anteriores, principalmente em anos de eleições gerais, o nível atual das expectativas é maior. “Isso mostra que por mais que tenhamos riscos e incertezas associados ao momento que estamos vivendo, eles não foram suficientes para diminuir as expectativas abaixo do nível de meses anteriores”.
Ela ressalta que, na última década, apenas em setembro de 2019 as perspectivas para o curto prazo superaram o nível atual.
“O comerciante está conseguindo uma melhora da rotatividade dos produtos nas prateleiras e isso tem se refletido em uma maior intenção de investir em estoques, por mais que o volume de vendas das últimas leituras do IBGE tenha apontado queda”, disse .
Na avaliação de Izis Ferreira, o comerciante está mais cauteloso em relação aos investimentos e pretende ampliar o volume de produtos nas prateleiras, já antecipando o movimento sazonal esperado para a segunda metade do ano. O aumento observado na intenção de investimentos em estoques foi de 1,2%, em setembro, após 2 meses de retração.
Em relação a setembro de 2021, a intenção de investir nos estoques cresceu 4,4%, com a diminuição da proporção de comerciantes que consideram os estoques acima do adequado. Em setembro de 2022, 24,4% dos varejistas acreditavam ter mais mercadorias do que deveriam, contra 25,1% há 12 meses.
Izis Ferreira informou que desde junho de 2022, a intenção de investir em estoques do comércio vem crescendo mais entre as empresas de médio e grande porte ou aquelas com mais de 50 funcionários.
- Vendas do Tesouro Direto superam resgates em R$ 1,4 bilhão em agosto
As vendas de títulos do Tesouro Direto superaram os resgates em R$ 1,4 bilhão em agosto deste ano. Segundo dados divulgados hoje (27) pelo Tesouro Nacional, as vendas do programa atingiram R$ 3,835 bilhões no mês passado. Já os resgates totalizaram R$ 2,434 bilhões, sendo R$ 2,245 bilhões relativos a recompras de títulos públicos e R$ 189,1 milhões, a vencimentos, quando o prazo do título acaba e o governo precisa reembolsar o investidor com juros.
Os títulos mais procurados pelos investidores foram aqueles corrigidos pela taxa básica de juros, a Selic, que corresponderam a 63,2% do total. Os títulos vinculados à inflação tiveram participação de 24,2% nas vendas, enquanto os prefixados, com juros definidos no momento da emissão, de 12,7%.
O estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 98,23 bilhões no fim de agosto, com aumento de 1,8% em relação ao mês anterior (R$ 96,45 bilhões) e de 40,7% em relação a agosto do ano passado (R$ 69,83 bilhões).
Quanto ao número de investidores, 637.554 novos participantes se cadastraram no programa no mês passado. O número de investidores atingiu 20.665.899, alta de 65,8% nos últimos 12 meses. O total de investidores ativos (com operações em aberto) chegou a 2.069.559, aumento de 26,6% em 12 meses. No mês, o acréscimo foi de 29.683 novos investidores ativos.
A procura do Tesouro Direto por pequenos investidores pode ser observada pelo considerável número de vendas até R$ 5 mil, que correspondeu a 82,5% do total de 606.878 operações de vendas ocorridas em agosto. Só as aplicações de até R$ 1 mil representaram 61,2%. O valor médio por operação foi de R$ 6.319,57.
Os investidores estão preferindo papéis de médio prazo. As vendas de títulos com prazo de um a cinco anos representaram 78,7% e aquelas com prazo de cinco a dez anos, 5,9% do total. Os papéis de mais de dez anos de prazo chegaram a 15,3% das vendas.
O balanço completo do Tesouro Direto está disponível na página do Tesouro Nacional na internet.
O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 para popularizar esse tipo de aplicação e permitir que pessoas físicas adquirissem títulos públicos diretamente do Tesouro Nacional, pela internet, sem intermediação de agentes financeiros. O aplicador só precisa pagar uma taxa para a corretora responsável pela custódia dos títulos.
A venda de títulos é uma das formas que o governo tem de captar recursos para pagar dívidas e honrar compromissos. Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver o valor com um adicional que pode variar de acordo com a Selic, os índices de inflação, o câmbio ou uma taxa definida antecipadamente no caso dos papéis prefixados.
Fonte: CNN Brasil - Agência Brasil