Economia

Ibovespa e dólar caem à espera de decisões sobre juros no Brasil e nos EUA





Tensões geopolíticas também seguem no radar

O Ibovespa caía nos primeiros negócios em meio à falta de uma tendência clara no cenário externo, enquanto o noticiário corporativo destacava anúncio do Magazine Luiza de um aumento de capital privado de R$ 1,25 bilhão.

Por volta das 10:20, o Ibovespa caía 0,33%, a 128.544,96 pontos.

Após abrir em alta, o dólar também caía conforme investidores aguardavam as decisões de política monetária de Brasil e Estados Unidos desta semana, de olho ainda nas tensões geopolíticas.

A moeda norte-americana caía 0,15%, a R$ 4,9094 na venda.

O foco de investidores estava totalmente voltado para a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), que se encerrará na quarta-feira (31).

Apesar da ampla expectativa de manutenção dos juros nesta semana, o mercado está atento a possíveis sinalizações do banco central norte-americano sobre quando começará a cortar os custos dos empréstimos.

Recentemente, muitos operadores do mercado de juros futuros dos EUA – que até o final do ano passado concentravam a maioria das apostas num primeiro corte em março – adiaram para maio a previsão para o início do afrouxamento monetário do Fed.

Por outro lado, os últimos dados econômicos pintaram um quadro de controle da inflação, com o índice de preços PCE vindo em linha com as expectativas; e um cenário de resiliência da economia, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) superando as previsões no quarto trimestre.

“Essas boas notícias, entretanto, tornam o trabalho mais difícil para o banco central americano. Dada a força da economia dos Estados Unidos e a resiliência do mercado de trabalho, acreditamos que [o chair do Fed] Jerome Powell deve argumentar contra as apostas do mercado de uma flexibilização iminente da política monetária”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado do Ebury Bank.

“Considerando que os mercados ainda estão precificando uma chance de 50% de um primeiro corte em março, esperaríamos que a alta do dólar continuasse se os membros do banco contrariarem as perspectivas de tal movimento.”

Enquanto isso, no Brasil, o Banco Central também divulgará o resultado de sua reunião de política monetária na quarta-feira, com visão praticamente consensual de nova redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, a 11,25%.

“Esperamos que a reação a esse anúncio seja pequena, já que o espaço para surpresas é limitado e pelo fato de que todos os holofotes vão estar direcionados ao banco central dos Estados Unidos”, disse Moutinho.

O último pregão marcou a 1ª semana do ano em que o Ibovespa fechou em alta, com avanço de 1,04% no período, aos 128.967 pontos. Já o dólar fechou na sexta-feira (26) cotado a R$ 4,911 reais na venda, em baixa de 0,24%

 

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- Haddad: déficit resultou de quitação de precatórios do governo passado

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o déficit nas contas públicas em 2023 resultou do pagamento de precatórios atrasados, deixados pelo governo anterior. No ano passado, o resultado ficou negativo em R$ 230,54 bilhões, só perdendo para 2020, quando o déficit atingiu R$ 743,25 bilhões por causa da pandemia de covid-19. O déficit primário representa o resultado negativo das contas do governo sem os juros da dívida pública.

 

"Esse resultado é expressão de uma decisão que o governo tomou de pagar o calote que foi dado, tanto em precatórios quanto nos governadores em relação ao ICMS sobre combustíveis. Desses R$ 230 bilhões, praticamente metade é pagamento de dívida do governo anterior, que poderia ser prorrogada para 2027 e que nós achamos que não era justo com quem quer que fosse o presidente na ocasião", afirmou o ministro em entrevista na noite desta segunda-feira (29). 

 

A quitação dos precatórios ocorreu após um acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o Tesouro Nacional, sem o pagamento dos precatórios, as contas do Governo Central - Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central - teriam fechado o ano passado com resultado negativo de R$ 138,1 bilhões, equivalente a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos no país). Sem o socorro financeiro de cerca de R$ 20 bilhões para estados e municípios, o déficit teria caído para R$ 117,2 bilhões, 1,1% do PIB.

 

Apenas em dezembro, o déficit primário somou R$ 116,15 bilhões, impulsionado pela quitação dos precatórios em atraso. Dívidas do governo com sentença judicial definitiva, os precatórios foram parcelados ou adiados após uma emenda constitucional em 2021. No ano passado, o governo quis quitar a dívida para evitar um passivo de R$ 250 bilhões no fim de 2026.

 

O déficit de dezembro foi o maior já registrado para o mês desde o início da série histórica, em 1997. Sem os precatórios, informou o Tesouro, o resultado negativo ficaria em R$ 23,8 bilhões. Esse valor ficaria abaixo da estimativa das instituições financeiras. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Fazenda, os analistas de mercado esperavam resultado negativo de R$ 35,5 bilhões, sem considerar o pagamento de precatórios.

 

 Apesar da quitação dos precatórios, o déficit ficou dentro da meta de R$ 231,5 bilhões para o Governo Central estabelecida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano passado.

 

Haddad acrescentou que o governo priorizou no primeiro ano "passar a régua neste legado tenebroso de desorganização das contas públicas". 

 

Fonte: CNN