Economia

Dólar fecha semana com queda de 0,77%, acima de R$ 6; bolsa cai





Preocupações dos investidores com a trajetória das contas públicas do país continua sendo o principal foco no mercado de câmbio

O dólar fechou nesta sexta-feira (13) em alta frente ao real, à medida que os investidores esperavam por novas notícias sobre a tramitação do pacote fiscal do governo no Congresso e permaneciam cautelosos em uma sessão de agenda relativamente esvaziada.

A moeda norte-americana à vista encerrou o dia com ganhos de 0,28%, a R$ 6,0295 na venda. Na semana, o dólar apresentou perda de 0,77%.

Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 0,78%, a 125.053,17 pontos, por volta das 17h.

Na última quinta-feira (12), a divisa encerrou o dia em alta de 0,90%, cotado a R$ 6,0128.

O Banco Central (BC) vendeu na tarde de hoje um valor total de US$ 845 milhões em leilão do dólar à vista, conforme destacou a autarquia em comunicado.

Segundo o BC, foram aceitas nove propostas e a venda foi realizada com uma taxa de corte de R$ 6,02 por dólar. O objetivo é ofertar a moeda e manter a estabilidade do mercado financeiro.

Cenário Nacional

As preocupações do mercado com a trajetória das contas públicas do país continua sendo o principal foco no mercado de câmbio e as atenções dos investidores devem se voltar para o Congresso, à espera do avanço das medidas de contenção de gastos propostas pelo governo.

“O mercado está em relativo compasso de espera, de olho na articulação política do governo para votação do pacote fiscal antes do recesso”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital. “Em síntese: compasso de espera e volatilidade”, acrescentou.

Na frente de dados, o Banco Central informou que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,1% em outubro na comparação com o mês anterior.

A expectativa em pesquisa da Reuters para o resultado do mês era de uma queda de 0,2%.

“O IBC-Br não vai mudar muito as percepções dos investidores, porém, essa ideia de que a economia e o mercado de trabalho estão mais aquecidos foi um dos pontos que vem sendo constantemente citado pelo Banco Central, que compõe um cenário de riscos inflacionários”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

A baixa variação desta sessão contrastava com a forte volatilidade presente nas negociações de quinta-feira, quando a moeda norte-americana oscilou quase R$ 0,18 entre a máxima e a mínima do dia, com o mercado reagindo à decisão do Copom e a temores pela trajetória das contas públicas.

A decisão do Copom de acelerar o ritmo de aperto monetário ao elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, e indicar mais duas altas do mesmo tamanho provocou forte queda do dólar nas primeiras horas da sessão, em meio à perspectiva de maior diferencial de juros entre o Brasil e seus pares.

Durante a tarde, no entanto, a moeda norte-americana recuperou as perdas, à medida que o mercado atrelava as preocupações com o cenário fiscal ao estado de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e operava diante da forte queda na bolsa brasileira, que tirava liquidez do mercado.

Na semana, o dólar está a caminho de uma perda, após renovar a máxima histórica na segunda-feira, recuando 0,81% ante à cotação de fechamento da semana anterior.

Na curva de juros brasileira, as taxas futuras seguem em forte alta, particularmente no longo prazo, refletindo as preocupações do mercado com o cenário fiscal.

No cenário externo

Os agentes financeiros se posicionam para a última reunião do Federal Reserve no ano na próxima semana.

As expectativas têm se consolidado em torno de um corte de 0,25 ponto percentual pelo Fed em 18 de dezembro, após os mercados digerirem dados nesta semana que vieram dentro do esperado para a inflação ao consumidor dos Estados Unidos e evidenciaram uma desaceleração gradual do mercado de trabalho.

“Fed é naturalmente o maior driver (da próxima semana), mas acho que como já está precificado, não deve impactar câmbio”, apontou Bergallo.

 

Confira outras notícias

-  BC vende US$ 845 mi das reservas internacionais para segurar dólar

Pela primeira vez desde agosto, o Banco Central (BC) vendeu dólares das reservas internacionais, sem comprar o dinheiro de volta, para segurar a alta da moeda norte-americana. A autoridade monetária leiloou na tarde desta sexta-feira (13) US$ 845 milhões para fazer cair a cotação.

O leilão à vista ocorreu pouco antes das 15h. A última venda de dólares do tipo ocorreu em 30 de agosto, quando a autoridade monetária vendeu US$ 1,5 bilhão. Atualmente, o BC tem US$ 363,6 bilhões em reservas internacionais.

Na quinta-feira (12), o BC tinha leiloado US$ 4 bilhões das reservas internacionais. No entanto, havia vendido o dinheiro na modalidade leilão de linha, com o compromisso de comprar de volta uma parte em fevereiro e outra em abril e reincorporar os recursos às reservas externas.

Após a intervenção desta sexta-feira, a cotação desacelerou e caiu para R$ 6,02. Antes da operação, o dólar comercial estava sendo vendido a R$ 6,07.

Nesta sexta-feira, a moeda norte-americana abriu em queda, chegando a ser vendida a R$ 5,99 nos primeiros minutos de negociação. No entanto, o dólar reverteu o movimento ainda durante a manhã, passando a operar em alta.

 

Fonte: CNN - Agência Brasil