Economia

Dólar sobe em dia ruim para divisas emergentes, mas recua 2,13% na semana





O dólar encerrou a sessão desta sexta-feira em alta moderada em relação ao real e próximo ao nível psicológico de R$ 5,80, em dia marcado por desvalorização de divisas emergentes e de países exportadores de commodities, como o rand sul-africano, o peso colombiano e o dólar canadense. De outro lado, o dólar perdeu força em relação a pares, em especial o euro, após resultado aquém do esperado do relatório de emprego (payroll) nos EUA sugerir espaço para cortes de juros pelo Federal Reserve já no primeiro semestre. 

Operadores afirmam que dados mais fracos da China, com queda mais forte que a esperada das importações, e a incerteza em relação aos efeitos da política protecionista de Donald Trump podem ter detonado um movimento de ajustes e realização de lucros em divisas emergentes, após o rali das últimas semanas. 

Por aqui, pesou também contra real o resultado abaixo do esperado do PIB no quatro trimestre, que diminui a atratividade do país para investimentos e sugere menos espaço para mais altas da taxa Selic. O PIB cresceu 0,2% no quatro trimestre em relação ao terceiro, aquém da mediana de Projeções Broadcast, de 0,4%. A expansão em 2024 foi de 3,4%. 

"O resultado do PIB reforçou o cenário de desaceleração da economia, o que provocou um recuo dos juros futuros, favorecendo também a alta da moeda americana em relação ao real", afirma a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli. 

Com máxima a R$ 5,8002 na última hora de negócios, o dólar terminou o dia cotado a R$ 5,7902, em alta de 0,53%, emendando o segundo pregão de valorização. Apesar disso, a moeda termina a semana mais curta, em razão do Carnaval, com perdas de 2,13%, uma vez que havia fechado na última sexta-feira em R$ 5,9163. 

"Os dados da China deixaram o mercado com um pé atrás. E o PIB pior que o esperado também aumenta o risco de o governo tentar adotar mais medidas populistas para estimular o consumo, o que piora o quadro fiscal", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. 

Analistas ouvidos pelo Broadcast ontem e hoje afirmam que as medidas de isenção de impostos de importação sobre alimentos terão pouco efeito no controle da inflação e podem trazer perda de receita. Cálculos da Warren Investimentos estimam queda de até R$ 1 bilhão por ano na arrecadação. 

"O Brasil começa a mostrar dificuldade de crescimento com ainda muita pressão inflacionária. E temos essas medidas meio desesperadas do governo que podem atrapalhar o fiscal. O nosso cenário não é bom e a tendência é o dólar para cima, mais perto de R$ 5,95", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. 

Do lado das contas externas, a balança comercial apresentou déficit de US$ 323,7 milhões em fevereiro, surpreendendo analistas. A mediana de Projeções Broadcast era de superávit de US$ 1,97 bilhão. No ano, o saldo da balança ainda é positivo em US$ 1,934 bilhão.

Representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) observou que a compra de uma plataforma de petróleo puxou o saldo comercial para o campo negativo. Sem essa operação específica, a balança teria fechado fevereiro com superávit de US$ 2,6 bilhões. 

Lá fora, o índice DXY - que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis moedas - caiu mais uma vez e rompeu o piso dos 104,000 pontos, com mínima aos 103,458 pontos, graças sobretudo à nova rodada de fortalecimento do euro.

O payroll em fevereiro mostrou criação de 151 mil vagas, abaixo da mediana de Projeções Broadcast (160 mil). A taxa de desemprego subiu de 4% para 4,1%, ao passo que o salário médio por hora aumentou 0,28%, enquanto analistas esperavam alta de 0,3%. 

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterou hoje à tarde que a política monetária está bem posicionada para lidar com incertezas geradas pelas políticas de Trump, mas alertou que a taxa básica pode permanecer restritiva por mais tempo caso a economia permaneça aquecida e a inflação, elevada. Monitoramento do CME Grupo mostra que o mercado se divide entre maio e junho como mês mais provável para retomada de corte de juros pelo Fed.

 

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-  Brasil é o sétimo em ranking de crescimento econômico com 40 países

PIB brasileiro expandiu 3,4% em 2024

Brasil ocupa a sétima posição no ranking de 40 países que apresentaram dados de crescimento econômico referente a 2024. A listagem é elaborada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conhecida como clube dos países ricos, por reunir nações com as economias mais avançadas do mundo.

Em 2024, a economia brasileira cresceu 3,4%, conforme divulgou nesta sexta-feira (7) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Países

A OCDE tem 38 países, e o Brasil não está entre os membros efetivos, mas iniciou processo de adesão.

A organização lista informações sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB – conjunto de bens e serviços produzidos no país) de 39 países, entre eles os não membros Brasil, China, Índia, Indonésia, Arábia Saudita e África do Sul. A Agência Brasil acrescentou o dado da Rússia, que cresceu 4,1% em 2024.

Chile, Grécia, Luxemburgo e Nova Zelândia fazem parte da OCDE, mas não foram listados pois ainda não terem divulgado dados relativos a 2024.

Comparação

País mais populoso do mundo, com mais de 1,4 bilhão de habitantes, a Índia lidera o ranking de crescimento, com taxa anual de 6,7%. Em seguida aparecem China e Indonésia, ambos com expansão de 5%.

O primeiro país das Américas a figurar no ranking é a Costa Rica, que cresceu 4,3% em 2024. Os Estados Unidos, maior economia do mundo, têm a 11ª maior alta (2,8%).

O salto do PIB do Brasil foi superior à média dos países da OCDE, da União Europeia e do Grupo dos 7 (G7, países mais industrializados do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido).

Já entre os primeiros países a formarem o Brics (grupo de nações emergentes: Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), o Brasil fica na frente apenas da África do Sul.

Cinco países apresentam queda no PIB, incluindo a Alemanha (-0,2%), maior economia da Europa.

Confira o ranking:

1) Índia: 6,7% 

2) Indonésia: 5% 

3) China: 5% 

4) Costa Rica: 4,3% 

5) Rússia: 4,1% 

6) Dinamarca: 3,6% 

7) Brasil: 3,4% 

8) Espanha: 3,2% 

9) Turquia: 3,2% 

10) Polônia: 2,9% 

11) Estados Unidos: 2,8% 

12) Lituânia: 2,7% 

13) Noruega: 2,1% 

14) Eslováquia: 2% 

15) Coreia: 2% 

16) Portugal: 1,9% 

17) Colômbia: 1,7% 

18) Eslovênia: 1,6% 

19) Canadá: 1,5% 

20) México: 1,5% 

21) Suíça: 1,3% 

22) Arábia Saudita: 1,3% 

23) França: 1,2% 

24) República Tcheca: 1,1% 

25) Austrália: 1,1% 

26) Bélgica: 1% 

27) Suécia: 1% 

28) Países Baixos: 0,9% 

29) Reino Unido: 0,9% 

30) Itália: 0,7% 

31) África do Sul: 0,6% 

32) Hungria: 0,5% 

33) Islândia: 0,5% 

34) Israel: 0,1% 

35) Japão: 0,1% 

36) Finlândia: -0,2% 

37) Alemanha: -0,2% 

38) Estônia: -0,3% 

39) Letônia: -0,4% 

40) Áustria: -1,2% 

Comparação com grupo de países:

Brasil: 3,4%

G7: 1,7%

OCDE: 1,7%

União Europeia (27 países): 1%

Zona do Euro (20 países): 0,9%

 

Fonte: Agência Brasil - UOL