Cotidiano

Ética ou corrupção: a mudança está na mão do povo





 

Nos últimos anos, escândalos de corrupção se tornaram o principal cenário do país. No Amapá, dezenas de operações mostram que a corrupção anda ligada à política.

Redação

Apesar de não haver convergências entre as práticas políticas e os princípios morais, é notório que a sociedade está cansada de tantas notícias envolvendo escândalos de corrupção e posturas não condizentes com nossos representantes políticos. Para algumas pessoas há uma incompatibilidade inelutável entre ética e política e ambas devem ser consideradas em domínios opostos.

Nos últimos anos, o Brasil se tornou um dos maiores, ou o maior país, envolvido em escândalos de corrupção de políticos, cujo foram eleitos para representar e lutar pelos direitos da sociedade. Entretanto, a prática é diferente da teoria e o que percebe-se é um jogo político com interesses individuais, onde a maioria dos representantes faz parte.

O Amapá, apesar de ser um estado pequeno, não impede que ele vire repercussão nacional quando se trata de corrupção envolvendo políticos. Dezenas de operações realizadas para inibir a prática só mostram que alguns políticos não possuem ética e acabam ferindo valores primordiais e, assim, prejudicando a sociedade amapaense.

Nos últimos anos, desvio e lavagem de dinheiro, obras superfaturadas e empresas ‘fantasmas’ foram os principais assuntos que envolveram alguns representantes do Amapá. Alguns deles, inclusive, disputam as eleições deste ano.

Apesar de cansados, os amapaenses ainda têm o poder de reverter essa situação, tendo em suas mãos o poder de escolher quem irá representar o estado, seja no cenário local ou nacional.

Mesmo com a escolha, a missão não é uma tarefa fácil como explica a professora de Direito Tributário, Karla Borges. “Quando uma sociedade está pautada em valores morais éticos e as suas ações se voltam para a coletividade em detrimento dos interesses individuais, cria-se de imediato uma verdadeira estratégia de prevenção a atos de corrupção. Trabalhar o problema na raiz traz resultados mais eficazes do que esperar acontecer a tragédia para agir. Combater é muito mais fácil do que prevenir”.

Entretanto, a professora frisa que não basta combater a corrupção na política, se a sociedade, em pequenos gestos, comete o mesmo ato.

“Como avaliar concretamente o cidadão que repugna os atos de corrução mas age no seu dia a dia com condutas amorais? Como exigir do outro aquilo que não se exige de si mesmo? O funcionário público que não cumpre as suas obrigações está incorrendo numa falha disciplinar ou ética? E quando ele aceita uma propina, é apenas um desvio ético? ”, questiona karla.

Para mudar esse quadro secular, acima de tudo, é necessária uma mobilização social que vá muito além da expulsão de certos atores da vida pública e da aprovação de mudanças legais pontuais em matéria de direito penal e administrativo; uma mobilização capaz de exigir um redirecionamento cultural e ético da classe política, uma reforma moral das agremiações partidárias e a criação de mecanismos institucionais que permitam uma renovação efetiva e constante dos quadros legislativos.

Esse é o desafio que a sociedade hoje tem pela frente — mobilizar-se para tentar pôr fim a uma “corrupção sistêmica” que prostitui a vida pública, corrói a legitimidade da representação popular e dissemina o desprezo da coletividade com relação a todos os agentes públicos, sem distinção, com todos os riscos que isso possa representar para o regime democrático e para o Estado de Direito, em termos de aragem de campo fértil para vocações autoritárias.